LOREN SALVATTORE
Certo. Talvez tenha sido uma ideia péssima, mas, eu não ia mais voltar atrás.
Sentindo o motor do Mercedes rugir enquanto eu acelerava, eu apertava o volante com mais força que o necessário, desviando meu olhar para a rua vazia a minha frente e para o retrovisor, Leonardo estava logo atrás de mim.
Eu não estava tentando fugir, eu só queria... espairecer, colocar toda a frustração acumulada para fora, mas Leonardo não precisava saber disso.
Depois de uma última olhada no retrovisor, eu pisei fundo no acelerador, eu não conhecia as ruas bem como em Caserta, mas para meu alívio, estava tudo deserto, já que a mansão Salvattore era afastada da cidade, então os únicos carros os quais eu precisava me preocupar eram o meu e o do meu marido, logo atrás de mim.
Eu aumentei a velocidade, o som do motor me enchendo de adrenalina pura.
Fazia tanto tempo que eu não corria, era como me sentir em casa novamente. Por um instante senti saudades do Porshe vermelho de Mário, que me apossei logo que aprendi a dirigir.
Talvez se dessa vez eu não ficasse eternamente proibida de sair de casa, eu poderia aproveitar a pequena coleção que Leonardo tinha na garagem.
Isso se ele deixasse...
Uma curva surgiu de repente, me fazendo diminuir a velocidade, o que fez Leonardo se aproximar um pouco mais, mas não por muito tempo. O carro de Leonardo estava logo atrás, mas eu ainda estava no comando.
Uma pequena fuga para o shopping me fez receber um oral, o que será que ele faria agora que eu estava supostamente tentando fugir dele?
Perdida nos meus pensamentos maliciosos, eu apenas notei que Leonardo estava perto demais quando já era tarde, seu carro estava quase se igualando ao meu, mas eu não deixaria ele me alcançar tão fácil. Torcendo para não causar nenhum dano grave demais a ele, eu virei o volante o suficiente para bater minha traseira na lateral do seu carro, ele derrapou na pista e eu acelerei o mais rápido que consegui, uma crise de risos se misturando com o rugido do motor e o som do vento que entrava pelas janelas e bagunçava meu cabelo.
Minha brincadeira parece ter surtido efeito. Leonardo se recuperou rápido e acelerou com força novamente, mas dessa vez eu não consegui para-lo, seu carro passou pelo meu rapidamente e ele girou seu carro na pista, me impedindo de prosseguir.
Arfei, freando bruscamente enquanto Leonardo saia do próprio carro e vinha em minha direção. Meu coração estava acelerado, eu podia ouvir meus batimentos descompassados. Mesmo de longe eu podia sentir o quanto ele estava puto.
Antes que eu pudesse pensar em algo, ele abriu a minha porta e agarrou meu braço, me puxando para fora em um solavanco que me fez tropeçar nos meus próprios pés.
— Você enlouqueceu, porra? - ele rosnou, segurando meus braços com força. — O que deu na sua cabeça pra começar a agir como uma adolescente rebelde fodida?
— Leo e-
— Não me venha com "Leo" - ele estava furioso, de um jeito que eu nunca tinha visto antes. — Você não tem noção do quanto isso foi perigoso?
— Eu sei dirigir... - toda a diversão havia sumido dos meus sentidos, a adrenalina estava acabando e agora, eu só me sentia minúscula enquanto Leo brigava comigo. — Eu-
— Você o que Loren? Você acha isso divertido, por acaso? - ele me sacudiu, me fazendo tropeçar e quase cair.
— Leonardo, você está me machucando!
— Você sabe o que acabou de fazer? Sabe o que eu posso fazer com você por ter tentado fugir, porra? A Camorra me da carta branca pra te punir se eles pelo menos sonharem com essa sua brincadeirinha? Acha mesmo que ser a prima do Capo pode te livrar de tudo?!
— Eu não estava tentando fugir! - eu gritei, o interrompendo.
— Não minta pra mim, Loren - Uma das mãos de Leonardo subiu até o meu pescoço, segurando com força o suficiente para quase me deixar sem ar. — Eu tento controlar meu temperamento diariamente pra não te assustar ou te machucar, mas parece que você faz de propósito. Primeiro, você decide sair sem avisar e depois, sai dirigindo como uma completa descontrolada.
— Bom, se você agisse como meu marido, eu não precisaria fazer nenhuma dessas coisas!
Leonardo congelou por um instante, mas então, seu aperto em meu pescoço se tornou mais forte.
— Nem você sabe o que está pedindo - Leonardo praticamente rosnou. Ele focou os olhos escuros no meus e mesmo que eu quisesse desviar o olhar, eu não fiz. Estava na hora de parar de abaixar a cabeça.
— Você está me machucando, Leonardo - eu agarrei seu pulso com minhas mãos, sentindo medo dele de verdade pela primeira desde que o conheci.
— Talvez isso te faça entender como as coisas funcionam no mundo real - ele não me soltou, e eu estava ficando cada vez mais sem ar.
— Não me venha com metáforas... - reclamei — Eu só estou cansada de ser ignorada, Leonardo. Porque é tão difícil pra você entender?
— Isso é o melhor que eu posso fazer por você - então, ele me soltou de uma vez. — Entre no carro e vamos pra casa. - ele ordenou, mas eu não me movi — Porra, Loren. Entre na droga do carro. - ele passou as mãos pelos cabelos e sem me dar chance de revidar, Leonardo se curvou e passou as mãos pelas as minhas pernas, me erguendo do chão em um movimento rápido e me jogando por cima do ombro.
Eu estava sentada no banco do passageiro do seu carro antes que pudesse raciocinar. Leonardo entrou no lado do motorista e travou a porta. Cruzei os braços irritada.
— Se pra você é tão ruim ter que lidar comigo, me mande de volta para Caserta- resmunguei — Eu sobrevivi a uma devolução, uma a mais não me matar.
— Já chega, Loren - Leonardo disse sério — Você passou de todos limites por hoje.
— Não me trate como se eu fosse uma criança, eu não sou uma.
— Incrível, porque você passou o dia inteiro agindo como uma.
— Você não pareceu se importar com isso mais cedo no seu escritório.
— Mais uma palavra e eu-
— O que? Vai me deixar de castigo?
Leonardo não me respondeu. Ele dirigiu em silêncio até em casa. Ele desceu do carro primeiro e abriu a porta pra mim, me puxando para fora do veiculo pelo antebraço.
— Eu posso andar sozinha.
— Cale a boca - a voz de Leonardo soou ameaçadora e eu o olhei chateada, mas deixei que ele me arrastasse para dentro.
— Senhor... - Afonso tentou nos interceptar, mas Leonardo passou por ele, ainda me segurando.
Subimos as escadas e chegamos ao quarto, quando Leonardo finalmente me soltou. Eu estava prestes a ir para o banheiro, quando um tintilhar me fez olhar por cima do ombro apenas para ver Leonardo tirando o cinto e começando a abrir os botões da blusa.
— O que você está fazendo? - perguntei o vendo caminhar em minha direção.
— Resolvendo o seu problema.
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LOREN
Romance- Um Spin-off de "SIRENA" Loren Colucci era a noiva de Mário Monteiro desde a adolescência, mas nenhum dos dois desejava a união. Loren não suportava a ideia de se casar com o menino que viu crescer e com ele não era muito diferente, se existisse a...