— O q-quê? - eu engasguei. Talvez eu estivesse delirando, ouvindo coisas. Eu nem tinha bebido muito, mas ainda era uma possibilidade e-
— Se eu continuar, eu vou machucar você - a voz de Leonardo estava rouca e abafada, ele parecia estar respirando com dificuldade.
Já temos sangue.
A dor no meio das minhas pernas não era maior que a vergonha e a mágoa que me atravessaram brutalmente.
— Se era sangue que queria não precisava desse teatro - eu disse entre dentes, as lágrimas que desciam agora eram de pura amargura.
— Você está entendendo errado. - Leonardo disse após respirar fundo — Se eu continuar, vai doer ainda mais. Você está chorando. Está com dor. Está tensa. Se eu forçar mais, eu vou te machucar pra caralho, mic. Me escuta.
— Apenas faça! - pedi soluçando, ignorando que ele tinha razão. — Qual a dificuldade? Termine o que começou! - eu estava chorando descontroladamente agora, enfiando minhas unhas com força nos braços de Leonardo.
A ardência aumentou e a sensação de preenchimento doloroso sumiu. Leonardo se afastou, engolindo seco.
O que eu fiz de errado?
— Você me acha tão indesejável assim? - sussurrei entre as lágrimas, sem conseguir me mover, embora eu quisesse sair correndo para o mais longe dele possível.
Leonardo respirou fundo e avançou na minha direção novamente, ele agarrou meus pulsos com força os colocando acima da minha cabeça.
— Você é a única que deve me achar indesejável, mic. - Leonardo deslizou a ponta do nariz pelo meu pescoço, me fazendo arrepiar, eu tentei me afastar, mas ele não deixou, segurando meus pulsos com ainda mais força. — Você não faz ideia das atrocidades que eu quero fazer com você...
— Então faça...! - berrei. Faça, por favor.
— Você está chorando. - Leonardo me soltou de uma vez, se afastando de mim — Você está sangrando. - ela desviou o olhar — Foi um dia longo pra nós dois. Você devia descansar. Amanhã partiremos para Pisa.
— Você vai me deixar aqui? - eu ainda estava deitada e exposta na mesma posição que ele me deixou.
— Preciso levar isso para o conselho. Estão esperando. - ele sussurrou e eu entendi o recado.
Sentindo minhas pernas fracas e prestes a vomitar, eu me levantei e cambaleei nua até o banheiro, não querendo vê-lo tirar o lençol manchado de sangue e leva-lo embora.
Enchi a banheira larga e funda com água quase fervendo e entrei. O lugar estava silencioso e eu me recusei a fazer barulho enquanto as lágrimas rolavam por meu rosto e caiam na água.
Primeiro, eu fui trocada, depois, abandonada na minha noite de núpcias. Qual era o problema comigo?!
Eu sempre me esforcei, sempre fiz tudo certo, sempre fui boazinha e compreensiva, mas, ninguém parecia se importar!
Nem meu noivo de infância, e muito menos o meu marido... que eu um único dia, me negou e me envergonhou mais do que qualquer outra pessoa.
Eu tentei ignorar as sensações que ele havia me causado com todos os beijos e carícias antes de me largar sozinha, mas um formigamento no pé da minha barriga deixou claro que eu ia demorar muito a esquecer da sua boca me chupando e me lambendo como se eu fosse a coisa mais... deliciosa do mundo.
Eu queria que ele continuasse.
Não sei por quanto tempo fiquei na banheira, mas quando eu sai a água já estava fria. Me enrolei em um roupão e fui para o quarto ainda vazio.

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LOREN
RomanceLoren Colucci era a noiva de Mário Monteiro desde a adolescência, mas nenhum dos dois desejava a união. Loren não suportava a ideia de se casar com o menino que viu crescer e com ele não era muito diferente, se existisse algum tipo de sentimento bo...