Destiny - Vmin

67. Impontencia

Pablo caminhava à frente, os passos rápidos e decididos, mas seu interior era um turbilhão de pensamentos. Ele odiava a sensação que surgia toda vez que estava perto de Taehyung. O mestiço era incrivelmente poderoso — um potencial quase assustador — e ao mesmo tempo, sabia tão pouco sobre magia. Essa combinação de imenso poder e falta de controle fazia com que Pablo constantemente sentisse que estava andando sobre uma corda bamba.

Mais do que isso, a paixão de Taehyung por Jimin era um gatilho em potencial para um desastre. Com isso situações como essa o deixavam estressado. Pois, apesar de todo o conhecimento que possuía, Pablo sabia que, se Taehyung perdesse o controle de sua magia ou de suas emoções, ele próprio não teria poder suficiente para detê-lo. Era uma percepção que corroía sua calma, um lembrete constante de suas próprias limitações.

Suspirando, ele balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos negativos. Essa situação atual estava longe de ser divertida e ele detestava estar nesse papel. Mas sabia que, se decidisse ignorar tudo e focar apenas em seus próprios interesses, o caos se instalaria rapidamente. Ele havia escolhido subir à superfície, se envolver com esses dois e agora estava lidando com as consequências.

Mas não era apenas eles que o fazia se sentir dessa forma. Miguel também fazia parte desse círculo confuso que havia formado na superfície. Apesar da rivalidade constante entre eles — que muitas vezes mais parecia uma disputa infantil por atenção ou reconhecimento —, Pablo também se preocupava com Miguel. O humano era corajoso e tinha um senso de dever que Pablo respeitava, mesmo que raramente admitisse.

Esses três tinham bagunçado completamente sua vida. Antes, seu círculo social era pequeno e bem delimitado: conversava apenas com alguns jovens nobres do reino submarino e suas irmãs. Mas desde que subira à superfície e começara a interagir com Taehyung, Jimin, Miguel e até Liliana e sua familia, tudo mudara. Ele havia se apegado mais do que esperava e isso era algo que o incomodava profundamente. Sem querer, Pablo havia se tornado um pouco mais empático.

Esse novo lado dele tinha um custo. A responsabilidade emocional que vinha com essas novas amizades era pesada. Era difícil digerir o quanto se importava e o que isso significava para quem ele era. Ser próximo de alguém como Taehyung significava estar constantemente alerta e se preocupar com Jimin era ainda pior, pois o humano parecia ser um ímã para problemas já Miguel e Liliana traziam um equilibrio e leveza.

"Eu não pedi para me importar tanto assim", pensou, irritado consigo mesmo. Mas, ao mesmo tempo, não podia ignorar que havia algo gratificante em estar envolvido com eles. Eles o desafiavam, o faziam enxergar além de si mesmo.

Enquanto essas reflexões passavam por sua mente, ele diminuiu o ritmo, virando-se levemente para verificar se Taehyung ainda o seguia. O mestiço estava ali, o semblante carregado de ansiedade e culpa, mas determinado a aprender. Pablo suspirou de novo, mas desta vez, havia algo mais suave em sua expressão. Pensou que Miguel não estaria presente dessa vez, mas Pablo sabia que, se estivesse, provavelmente estaria tentando acalmar a situação e isso deixou mais leve.

"Esses três vão acabar comigo", pensou, mas não pôde evitar o pequeno sorriso que surgiu em seus lábios. Apesar das rivalidades e do estresse, ele sabia que, de alguma forma, esses laços valiam a pena. Sem mais hesitação, continuou guiando Taehyung até um local isolado, onde começaria a ensinar o que sabia sobre magia de cura. 

Sem que os dois soubessem, entretanto, uma presença os observava de longe. Alguém havia os seguido desde o palácio, movendo-se nas sombras para não ser notado. A figura misteriosa parecia mais interessada nos movimentos de Pablo do que nos de Taehyung. Felizmente, antes que o treinamento começasse, a presença se retirou, retornando ao castelo.

Quando finalmente retornaram ao castelo, já era noite. Os dois estavam visivelmente exaustos. Taehyung suava, mas parecia mais confiante, orgulhoso de ter dado os primeiros passos no controle de sua magia de cura. Pablo, por sua vez, estava mais calmo, aliviado por saber que não precisaria carregar sozinho a responsabilidade pela saúde de Jimin. Agora, poderia voltar sua atenção à sua investigação — um enigma que, apesar de seu peso e seriedade, havia se tornado sua maior diversão desde que subira à superfície.