Pablo viu seu rosto, suas bochechas brancas estavam avermelhadas e tinham rastros de suas lágrimas. Tabata virou seu rosto para Pablo, Tabata com seu rosto marcado pelas lágrimas e Pablo com sua expressão triste e sem graça, os dois se encaravam sem dizer nada. Os dois sentiam sentimentos estranhos, sentiam vergonha, melancolia, pena... Eles se encararam por tanto tempo que aqueles sentimentos acabaram indo embora e os dois começaram a se sentir relaxados. Tabata olhou para frente, vendo a luz dourada alaranjada iluminando a porta do camarim e criando as sombras de sua cabeça junto da de Pablo no chão. Ela virou seu corpo para trás colocando um de seus braços no encosto e uma de suas pernas em cima do sofá enquanto segurava a garrafa de água com sua outra mão que estava em cima de sua perna no sofá, ela começou a admirar a bela paisagem do fim de tarde. Pablo admirava a feição de Tabata, a luz colorida que adentrava pela janela deixava sua pele corada, olhos iluminados como os de uma criança e contrastavam com seus cabelos negros. Pablo também se virou para trás para ver o que Tabata tanto admirava. Do lado de fora da janela de vidro do camarim de Pablo se via um pedaço de um grande prédio acompanhado por outros prédios na parte baixa da cidade e um céu que misturava os últimos raios de sol dourado alaranjados com seu azul cintilante. Os prédios na parte baixa da cidade estavam iluminados enquanto a luz do sol mal tocava eles, era uma visão linda do fim da tarde. Os dois ficaram lá, parados, quietos, escutando o abafado som de fundo das pessoas conversando fora do camarim enquanto admiravam a bela vista do pôr do sol. Pablo virou seu rosto olhando novamente Tabata, Tabata continuou olhando a paisagem, Pablo olhou para a mão de Tabata que segurava a garrafa pousada em cima de sua perna, ele olhou para o anel dourado com uma pequena pedra brilhante nele, um diamante. Pablo sentiu sua garganta seca, ele desviou seu olhar da aliança para os olhos distraídos de Tabata, levou sua mão até a garrafa e ao pegá-la tocou na mão de Tabata. Tabata virou o rosto mudando sua atenção da paisagem do lado de fora do camarim para Pablo que estava ao seu lado, ele a encarava sem piscar seus olhos. Pablo levou a garrafa até sua boca, encostou seus lábios na garrafa, inclinou sua cabeça para trás e bebeu um pouco de água. Tabata olhou para a garganta de Pablo que fazia movimentos enquanto ele engolia a água. Pablo abaixou sua cabeça ao terminar de beber e tirou a garrafa de seus lábios. Ele olhou para os olhos de Tabata que o encarava, ele desviou seus olhos dos olhos de Tabata para seus lábios, Tabata tinha a boca entreaberta e seus lábios rosados faziam a garganta de Pablo secar novamente, ele ergueu a garrafa novamente em direção a Tabata oferecendo-a água. Tabata olhou para a garrafa e novamente para Pablo, ela não queria mais água, mas entendeu qual era a intenção de Pablo com aquele gesto. Tabata não pegou a garrafa da mão de Pablo, ela inclinou seu corpo e levou seus lábios até a garrafa, Pablo desviava seu olhar dos olhos de Tabata para seus lábios, para seus olhos novamente, e para seus lábios novamente, ele não sabia onde ficar sua atenção. Ela tocou a garrafa com seus lábios e Pablo levantou a garrafa para que Tabata pudesse beber. Tabata fechou os olhos por um momento enquanto a água enchia sua boca, Pablo abaixou a garrafa a distanciando dos lábios de Tabata, os dois se encaravam, ele levou a garrafa de volta a seus lábios e bebeu o resto de água deixando a garrafa vazia. Pablo olhou para a garrafa vazia e respirou fundo. Ele virou sua cabeça para trás para olhar a paisagem novamente. Agora era Tabata quem olhava admirada para Pablo enquanto os raios de sol iluminavam seu rosto. Ele virou seu rosto e retornou a olhar para Tabata.
PABLO: Sabe... Eu me lembro de muito tempo atrás, quando eu era criança ainda. - Pablo falou sorrindo com a lembrança do que iria relatar. - Eu devia ter uns onze ou doze anos, eu tava na praia de shorts verde com dinosaurinhos nele junto da minha família. Meu pai, mãe, irmão, tias, primos, tava todo mundo lá, e eu tava tomando um suco. - Tabata estava em silêncio enquanto ouvia a história que Pablo contava. - Sabe aqueles sucos que eles fazem e colocam naquelas garrafinhas meio esbranquiçadas, com tampa laranja ?! Meu pai tinha me comprado um suco desses, acho que de morango não lembro direito. Ai do nada chegou uma menina mais alta do que eu de cabelo loiro meio ondulado numa maria chiquinha, uma menina linda, linda. Ela tava de biquíni amarelo e um óculos rosa da Hello Kitty. Ela chegou perto de mim e me falou que se eu desse o meu suco pra ela, ela me dava um beijo. Eu olhei pro meu suco, olhei pra ela e sem nem pensar eu entreguei o suco pra ela... - Pablo parou a história e olhou para Tabata esperando ela falar algo para continuar.
TABATA: E ela te beijou ?
PABLO: Não, aquela pilantra pegou meu suco e saiu correndo.
TABATA: O quê ?! Não acredito.
Os dois começaram a rir.PABLO: É serio. Mas eu nem chorei, eu sempre fui uma criança muito tímida, eu só fiquei calado de cabeça baixa no meu canto.
Falou Pablo dando um riso tímido com seus lábios fechados enquanto Tabata sorria olhando para ele.
TABATA: Nossa, Pablo. - Tabata e Pablo se olhavam com sorrisos tímidos. - Às vezes você é uma graça. - Pablo abriu o sorriso. - Já outras vezes você é uma desgraça. - Pablo fechou a cara, franziu os lábios e levantou uma sobrancelha.
PABLO: Sem necessidade isso né. Sem necessidade.
Tabata se levantou do sofá.
TABATA: Então é isso... Eu preciso ir.
Pablo levou sua mão até o pulso de Tabata e falou com uma voz manhosa.
PABLO: Não, porque você quer ir agora ?
Tabata virou seu rosto e falou para Pablo:
TABATA: Eu tenho que ir pra casa.
Pablo soltou o pulso de Tabata e deitou seu braco no encosto do sofá.
PABLO: Tá bom, pode ir então. - Tabata deu alguns passos em direção à porta. - Só toma cuidado pra esse pessoal todo aí fora não te ver. - Falou Pablo, sabendo que Tabata não iria correr o risco de ser vista saindo do camarim dele e se forçando a passar o resto da tarde com ele ali dentro.CONTINUA >>>
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Lisa: Uma fanfic sobre Pablo Marçal e Tabata Amaral
RomancePablo Marçal e Tabata Amaral eram políticos rivais na corrida pela prefeitura da maior capital da América do Sul, São Paulo. Por mais que publicamente eles estivessem com papéis rivais, na área pessoal eles tinham outra dinâmica.