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23 de Maio, segunda-feira.
13:40pm.
P.O.V Emily.

São Paulo | Hospital.

Três dias.

Fazia três dias que meu pai continuava com o mesmo quadro de saúde.

Nos últimos três dias, seus exames não apresentavam melhora alguma.

Eu não conseguia mais comer, beber, e se quer parar de chorar. Eu estava um caos. Destruída.

Estava afastada do trabalho. O pessoal foi totalmente compreensivo comigo.

Richard estava ao meu lado todos esses dias. Tinha horas que ficávamos sentados nos dois no corredor, abraçados, sem falar nada, apenas deixando que a tristeza se fizesse presente.

Cada segundo que passava e que meu pai continuava do mesmo jeito, desacordado, era como mais um tiro em meu peito.

O medo começava a fazer morada em mim. Meu pai tinha até sexta somente para começar a reagir os exames, se não, quando os médicos viessem pedir para desligar os aparelhos, eu não sei como iria sobreviver depois disso.

Minha mãe estava devastada também. Quando contei a ela a notícia na sexta, nós duas choramos juntas. Eu sei que na cabeça dela também tinha passado um filme.

Um filme de todos nossos momentos juntos, nós três, nossa família. As brincadeiras de domingo, os almoços, os passeios, as viagens.

Tudo agora parecia tão distante, como se estivesse a um fio de desaparecer, caso meu pai não acordasse mais.

Isso me doía. Doía muito.

A torcida alviverde tinha também prestado várias homenagens sobre mim e meu pai. Já que senhor José era membro ativo da Mancha Verde há anos.

E também a mim, como profissional e agora, namorada de Richard.

Todos nas redes sociais prestavam apoio a nós. Eu recebia milhares de mensagens todos os dias, e me emocionava cada vez mais com a grande corrente de oração que estávamos tendo para a recuperação do meu pai.

Senhor José ficaria muito feliz quando acordasse e visse o tanto de gente que estava esperando sua recuperação.

Chega a hora da visita da tarde. Richard se aproxima de mim, junto com minha mãe, eles estavam almoçando no restaurante que tinha no andar de cima do hospital.

Haviam insistido muito para que eu fosse, mas eu não conseguia. Sei que precisava comer, ficar forte, mas não tinha forças para sair de perto do quarto do meu pai.

Eu tinha em mim a esperança de que a qualquer momento seu Zé iria me chamar. Isso tinha que acontecer.

- Vamos entrar? - Ele me pede com carinho, pegando em minha mão.

Minha mãe me dá um olhar triste, entendendo a minha dor também.

Eu concordo e me levanto junto de Richard, enquanto entramos no quarto.

Lá estava ele, o meu amor, deitado na cama, quietinho.

Como todos esses dias, o único barulho da sala era o bip dos malditos aparelhos.

Eu já não tinha mais lágrimas. Chorei tanto nesses últimos dias, que parece que meu corpo estava desidratado.

Me sento ao seu lado, como tinha feito em todas as visitas.

Richard fica em pé, ao meu lado.

- Hoje o Palmeiras vai jogar pai, e sua foto vai ser mostrada em campo. Todos farão uma oração pelo senhor antes da partida iniciar... - Eu conto ao meu pai, como se ele realmente pudesse me ouvir. - Todos aqui fora estão esperando você voltar pra nós, pai. - Essa última frase sai em um sussurro.

• DESTINO • | Richard Rios Onde histórias criam vida. Descubra agora