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Quando chegamos ao camping, estamos encharcados e... já é tarde demais. Babi havia lutado bravamente para salvar a minha barraca do dilúvio, mas o olhar dela dizia tudo: missão fracassada. Na mão, ela segurava apenas minha mochila, enquanto uns três metros adiante, era possível ver os restos mortais do que tinha sido minha moradia temporária: alguns arames encurvados e o tecido da minha barraca atravessado pelos galhos de uma árvore.

Olho para o Cadu, que ainda segura minha mão. Ele suspira e seu olhar cai sobre mim como um lamento. Ele sabe o que aquilo significa. Eu não teria onde dormir. Estava oficialmente sem teto no camping. Era isso.

― Aquilo é... ― Comecei, sem ter certeza se que queria saber a resposta.

― Sua barraca. ― Babi se aproxima, com uma expressão que mescla uma dose de culpa e decepção ― Não chegamos a tempo. Desculpe, amiga. Só conseguimos salvar as suas roupas e o travesseiro que, bom.... está bem aqui. Só que... muito molhado.

Ela estica as mãos e me entrega a mochila e o travesseiro enquanto observo todo aquele cenário de olhos arregalados. Não era só a minha barraca que havia sido atingida pelo temporal. É possível ver barracas de outros campistas destruídas em vários lugares do camping. Júlio, agachado, parece estar tentando em vão desentortar um dos ganchos da sua. Vítor torce ferozmente o que parece ser uma camiseta transformada em esponja.

As garotas foram as que deram mais sorte, pois tinham montado suas barracas próximas a uma tenda de lona e, portanto, estavam salvas. Mas... noto um detalhe estranho: a barraca de Cadu estava intacta. Perfeita, até.

Olho para ele novamente e percebo que seus olhos estavam, provavelmente, acompanhado os meus esse tempo todo.

― A sua barraca está... inteirinha! ― levo as mãos à boca ― Você é realmente muito bom em montar barracas indestrutíveis. Parabéns!

Um meio sorriso se forma na lateral da sua boca e ele se volta para mim.

― Eu disse que ia trazer os equipamentos certos. ― Ele aponta com a cabeça para os cantos da sua barraca. ― Firmei bem aquelas bases, enterrei os ganchos bem fundo e coloquei pedras firmes sobre eles.

Ele faz uma pausa e, então, seus olhos se estreitam sobre os meus.

― Nada é capaz de desmontar algo construído sobre bases sólidas.

Nada é capaz de desmontar algo construído sobre bases sólidas.

Ok. Ele está falando da barraca, claro. Não sobre... a gente.

Mesmo assim, repito mentalmente aquela frase e, por algum motivo, sinto meu estômago se revirar. Não deve mesmo ser sobre a gente. Afinal, nós nem tínhamos uma "base sólida" ou algo assim. Não que estivéssemos construindo nada juntos, certo? Certo.

Engulo em seco, e ele me lança um olhar profundo, como se estivesse esperando que eu dissesse algo. Então inicia sua proposta:

― Tá. Vamos ser práticos. Você precisa de um lugar para dormir esta noite. E eu...

Olho desesperadamente para Babi, interrompendo a frase de Cadu e a sua possível oferta, aquela que eu já sabia bem qual era.

― Babi, será que eu posso...

― Claro! Eu já ia te dizer que a gente poderia dividir a minha barraca! ― Babi sorri, mas sua expressão logo muda para um misto de dúvida. ― Apesar de que...

Também suspeitei sobre o que viria a seguir. Ela tinha trazido uma barraca para apenas duas pessoas, mas a sua mala era tão grande que era exatamente isso: a segunda pessoa. Sim, ela havia feito questão de embalar roupa suficiente para uma expedição ao Ártico, com o objetivo óbvio de impressionar a Samantha.

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⏰ Última atualização: Nov 17 ⏰

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