83 • Eu estou aqui

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Já passa das seis e meia da tarde, todos os presentes e decorações estão arrumados na sala do trono. No entanto, não há festa, não há convidados, apenas a reunião familiar preocupada com o paradeiro de Aruna. Assim que se levantou de sua quase morte, Aylin foi atrás de seu paradeiro no meio de toda a ilha para trazê-la de volta ao normal antes que algo pior acontecesse. Mas nada, não houve nenhum sinal da menina durante todo o tempo e sua mãe está cogitando a ideia de uma caçada intensiva.

Cavalgando por toda ilha chamando por Aruna, ele sente as suas esperanças saírem correndo junto com a sua vontade de continuar vivo. O que a menina fez para salvar sua vida, foi mais arriscado do que pular na frente de um golpe certeiro de uma espada amaldiçoado. As lágrimas em seus olhos demonstram todo o seu medo enquanto se sente a pior criatura do mundo.

Aylin — Por que você foi fazer isso, Aru? Onde foi que você se enfiou dessa vez? — Tentando sentir o cheiro dela no vento, ele novamente se concentra tentando buscar por algo que seja minimamente coerente para achá-la. — Só uma fagulha, uma coisa simples. — Como um raio a oeste, Aylin sente aquela coisa o atingir como se estivesse lá. Sem pensar, ele avança com seu cavalo em uma velocidade absurda quase ultrapassando as barreiras. — Me diga que é você, Aru... — No meio de diversas folhas ela se encontra deitada sem suas roupas, aparentemente consciente para escutar o cavalo de Aylin se aproximar rapidamente. — O que você veio fazer aqui? Não deveria estar aqui sozinha. — Ele desce de seu cavalo e se ajoelha diante dela esperando alguma reação.

Aruna — Eu apenas vim até aqui e fiquei por aqui, não tem porque eu voltar, já cumpri o que tinha que ser feito. Foi por isso que te evitei todo esse tempo, a morte está sempre andando ao meu lado e eu sei que já viu ela tão perto que sentiu medo. Não sou uma pessoa comum e nunca vou ser.

Aylin — O que quis dizer com isso?

Aruna — Estou dizendo que escolhi morrer no seu lugar. Disseram que essa coisa mata pessoas como você. Pois bem, eu sou como você e tirei essa coisa de quem você, fazendo isso, sou eu quem vai morrer.

Aylin — Você não vai morrer, não tem como isso acontecer. Eu vi o que você é capaz de fazer, você estava lá quando tudo era um caos, você estava lá para ser o pilar da sua irmã, se lembra disso?

Aruna — Eu realmente estava lá por todo esse tempo, ou eu simplesmente fui a última chance de manter minha irmã viva até agora? Eu não vou aguentar por muito tempo e eu quero que diga a minha mãe que sou grata por todas as coisas que ela fez, todas elas. Diga aos meus pais que cuidem dela por mi8m, porque eu nãos serei capaz disso se eu deixar de existir. — A dor no peito de Aylin cresce a medida que suas mãos sentem o corpo de Aruna se esfriar. — Não chore por mim, não vale a pena gastar suas lágrimas por alguém que não teria tanto tempo de vida.

Aylin — Por favor, não faça isso comigo... Não quebre meu coração dessa maneira.

Aruna — Eu te amei... Como eu te amei e não tive coragem suficiente para dizer quanto tive tempo. — Com suas últimas fagulhas de força, ela vira seu rosto para Aylin mostrando uma face cadavérica, olhos fundos, sem seus braços e seus cabelos caindo a cada instante como pétalas de rosas que desfalecem no final do dia. — Adeus, Aylin. — Seu corpo se desfaz em seus braços, se torna uma poeira manchada, um vislumbre do que um dia foi. Assustado com o que vê, ele apenas se senta no chão em silêncio, suas lágrimas se secam, mas a dor ainda está ali.

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Uma força incomum desperta a atenção de Sn no meio da sala do trono enquanto anda de um lado para o outro, uma dor aguda em seu peito que parece rasgar sua pele para tentar arrancar seu coração. É como estar sentindo falta de algo importante, mas com a diferença de saber do que se trata, de saber quem é que está faltando. Seus joelhos vão contra o chão com toda força, sua mão vai até o seu peito onde ela se agarra com toda a força e um gripo de dor sai, disparando o nome de Aruna aos quatro cantos. A sua outra versão sente o mesmo sentimento amargo de algo que se partiu e se foi. Ela estava aliviada por Aruna não ter morrido no mesmo instante em que tomou o veneno para si, mas ela estava tão enganada, que toda a sua razão foi desmanchada por um gripo vindo de Aylin, um grito que corta seu coração em mil pedaços.

Sn — A minha filha não... Isso tudo é culpa sua, você trouxe seus problemas para nós, você veio até aqui com um acordo de paz e no final me tira a minha amada filha. Eu te amaldiçoo com todas as minhas forças e eu quero que saia da minha casa, da minha ilha, da minha terra e nunca mais volte. Leve embora tudo que seja referente a você, — A rainha se levanta e golpeia a outra com uma adaga em seu pescoço. Nessas horas Sn'S já teria reagido, mas sabe que a culpa é totalmente sua e não há nada que possa fazer.

Sn'S — Eu sinto muito... Eu sinto muito... Não era esse tipo de coisa que eu queria, não era isso que deveria acontecer aqui. Me perdoe Sn, me perdoe por ter sido egoísta, eu não desejava isso para nenhum de vocês. — Sua imponência se quebra e Sn'S que Levi'S conheceu anos atrás, a verdadeira mulher antes do caos, desaba em lágrimas sôfregas, sentindo um nó em sua garganta, uma dor em todo o seu ser vivo.

Edward — Por que eu não sinto mais a menina Aruna? — Aparecendo como um vislumbre, Edward também sentiu o desaparecimento da menina, não só na morte, mas também a sua alma. Na ordem certa das coisas, ela nunca deveria ter existido e agora parece que tudo está de volta aos trilhos, mas a realidade é que ela se tornou parte de tudo isso no instante em que sua mãe havia nascido na ilha.

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Hestow finalmente está em terra, seus olhos se mantêm marejados como se estivesse guardando sentimentos para alguém que nunca viu em sua vida. Também há uma dor em seu peito e por mais que ele não compreenda o motivo de se sentir assim, está demonstrando seu total respeito a uma simples criança, coisa que nunca havia feito em todos os seus longos anos de vida.

Gasphar — Está sentindo isso? É a hora certa de atacar, pai. — Gasphar em sua forma original canta todas as vitórias do mundo, mas não era isso que seu pai desejava para começar a sua guerra. O seu plano era atingir sua maior inimiga e apenas ela, jamais seu filho, jamais a filha de alguém que foi colocada em um problema que não lhe pertence.

Hestow — Você tem noção do que fez? Enfrentou algo que não teremos mais controle. Eu disse para atingir a Sn de forma literal, não usar seu filho como alvo, não usar uma menina que não tem nada a ver como alvo. Você deveria ter dito que nessa ilha há três criaturas que eu não poderei ter controle algum e uma delas acabou de perder a coisa que mais amava. Gasphar, desde quando eu ordenei que fosse um desperdício de matéria para todos nós?

Gasphar — É somente a filha de uma mulher que ganhou poderes recentemente!

Hestow — Uma mulher que ludibriou a morte tantas vezes, nunca será só uma mulher que ganhou poderes recentemente e sua filha nunca será só uma filha.

Gasphar — Não seja coração mole.

Hestow — Não estou sendo, mas se prepare para lidar com um verdadeiro demônio!

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Nasty Desires - O Poder Em Nossas Mãos | Levi + Erwin + SnOnde histórias criam vida. Descubra agora