O despertador tocou às 5h30 como sempre, mas Leon Castelli já estava acordado. A insônia era uma velha conhecida, resultado de anos tentando lidar com as pressões do trabalho e do próprio perfeccionismo. Ele levantou da cama, espreguiçando os braços fortes e foi direto para o banheiro. Depois de um banho rápido e gelado para espantar o cansaço, vestiu seu terno escuro e ajeitou de leve os cabelos castanhos, que permaneciam teimosamente bagunçados, como de costume.
Enquanto tomava seu café preto e revisava e-mails no celular, pensava na rotina daquele dia. Relatórios importantes precisavam ser entregues até o fim da tarde, e ele tinha várias reuniões agendadas. A Bellmont Corporation exigia excelência, e Leon sabia que ele próprio era o principal responsável por manter essa expectativa - mesmo que isso significasse ser um chefe difícil e distante.
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Ao chegar na empresa, Leon foi direto para sua sala no 12º andar. O elevador era sempre seu primeiro destino; ele não perdia tempo com as escadas. Quando as portas se fecharam, ele ficou em silêncio, a mente já focada nas tarefas à frente. Ao sair no andar da diretoria, cumprimentou funcionários com acenos rápidos, mas sem muita conversa. Para Leon, tempo era precioso demais para perder em formalidades desnecessárias.
Assim que se sentou à mesa, abriu a agenda e começou a trabalhar. Seu escritório era organizado, com pilhas de documentos bem alinhadas e o notebook sempre aberto. Durante as próximas horas, ele participou de videoconferências, respondeu e-mails e revisou contratos. Leon era eficiente e meticuloso - exatamente como esperavam que ele fosse.
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No meio da manhã, entre uma tarefa e outra, seu olhar se desviou para o corredor. Sofia estava na mesa dela, trabalhando concentrada. Algo nela o intrigava desde o dia da entrevista. Não era apenas o fato de ser competente e determinada - havia algo nos gestos e no olhar dela que ele não conseguia decifrar completamente. E, apesar de tentar manter distância, ele percebia que ela mexia com ele de um jeito que nenhuma outra funcionária jamais havia feito.
Enquanto analisava um relatório, um detalhe específico voltou à sua mente: desde que Sofia começara a trabalhar, ele nunca a tinha visto sair ou entrar no elevador. Isso não passaria despercebido por alguém tão atento quanto ele.
A curiosidade começou a incomodá-lo. Ela evitava o elevador de propósito? E se sim, por quê? A maioria das pessoas preferia a comodidade de subir doze andares em poucos segundos, mas Sofia, aparentemente, não.
Na hora do almoço, ele observou discretamente enquanto alguns funcionários se dirigiam ao elevador para sair do prédio. Sofia, como esperado, tomou outro caminho: a escada.
Leon franziu o cenho, intrigado. Escadas todos os dias? Ele conhecia pessoas obstinadas e saudáveis que gostavam de se exercitar, mas havia algo estranho na forma como Sofia agia. Parecia mais que ela estava evitando o elevador, e não simplesmente optando pelas escadas por hábito.
Quando ela retornou do almoço, levemente ofegante, mas sorridente, ele a observou de longe, com os braços cruzados. Aquilo estava claro para ele agora: Sofia tinha algum motivo para evitar o elevador, e Leon estava determinado a descobrir o que era.
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De volta ao seu escritório, Leon tentava se concentrar em suas tarefas, mas sua mente continuava retornando à questão. Ele odiava não entender algo, principalmente em relação a uma pessoa que começava a ganhar importância silenciosamente em seu cotidiano.
Será que é medo? - pensou, recostando-se na cadeira. Fazia sentido. Talvez ela tivesse algum trauma, mas por que esconderia isso? E por que, de alguma forma, esse detalhe despertava sua preocupação?
Leon suspirou, irritado consigo mesmo por se importar tanto. Mas era inegável: Sofia havia despertado algo dentro dele, e ele sabia que, mais cedo ou mais tarde, teria que enfrentar essa curiosidade - assim como teria que encarar a presença cada vez mais marcante dela em sua vida.
Com essa ideia em mente, Leon decidiu que não perguntaria diretamente sobre o elevador... ainda. Mas ele ficaria atento. Afinal, era sempre melhor entender as pessoas ao seu redor. E, no fundo, ele sabia que descobriria mais sobre Sofia - não apenas sobre seu medo do elevador, mas sobre quem ela realmente era.
E isso o preocupava mais do que ele gostaria de admitir.
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Amores de Conveniência
FanfictionSofia, desesperada por um emprego, é contratada na empresa de Leon Castelli, um chefe arrogante, porém de bom coração. Desde a entrevista, Leon sente algo diferente por ela e, para evitar se envolver, mantém distância. Quando precisa visitar a famíl...