Capítulo 35 - O Pior Pesadelo de Sofia
Sofia estava sobrecarregada naquele dia. Após a viagem e com o trabalho acumulado, precisava resolver tudo com urgência para compensar o tempo fora. Em meio à correria, percebeu que as escadas estavam lotadas de pessoas descendo com caixas para uma mudança interna, atrasando ainda mais seu caminho. Sem tempo para perder, respirou fundo, tomando uma decisão que temia profundamente.
- Vai ser rápido... só preciso subir dois andares - murmurou para si mesma, tentando se convencer a entrar no elevador.
Assim que as portas se fecharam, ela apertou o botão, nervosa. O elevador começou a subir, mas de repente, deu um tranco e parou. As luzes piscaram, mergulhando o ambiente em escuridão por alguns segundos antes de estabilizarem novamente. Seu coração começou a bater mais rápido; um pânico quase incontrolável tomou conta de seu corpo. Tentando lutar contra o medo avassalador que crescia dentro de si, Sofia apertou repetidamente todos os botões, as mãos tremendo.
- Não... por favor, não... - murmurou, a voz quebrada, o ar escapando de seus pulmões em soluços enquanto as lágrimas começavam a escorrer. - Alguém... alguém, por favor, me tire daqui...
Com o passar do tempo, o desespero se intensificava. Ela começou a se encolher no canto do elevador, os traumas da infância retornando com força esmagadora. Incapaz de controlar a torrente de lembranças, as palavras escaparam de seus lábios em murmúrios infantis, desesperados:
- Papai... por favor... eu... eu não fiz nada de errado... - sussurrava com o rosto entre as mãos, apertando os olhos com força. - Por favor... não me bata... eu prometo que vou ser uma boa menina...
As lágrimas desciam incontroláveis enquanto ela revivia a dor e o medo das noites em que se escondia no elevador para escapar do pai violento.
No andar mais alto, Leon estava concentrado em seu trabalho quando ouviu alguém mencionar, em um cochicho preocupado, que uma funcionária estava presa no elevador. Quando o nome de Sofia surgiu, ele largou tudo e se levantou, o coração disparado. Marchou pelos corredores da empresa com um misto de desespero e raiva.
- Como deixaram isso acontecer? - esbravejou, quase gritando. Encarou o responsável pela segurança, que estava monitorando as câmeras do elevador.
- Quero ver Sofia, agora - exigiu, a voz firme e cheia de raiva. O funcionário tentou argumentar.
- Senhor Leon, a equipe de manutenção já está a caminho, logo estará tudo sob controle.
- Você não entende! Eu quero ver como ela está! - Leon praticamente gritou, o olhar intenso e ameaçador.
Sem escolha, o funcionário abriu a tela. Quando os olhos de Leon focaram na imagem, seu coração apertou. Sofia estava encolhida no canto do elevador, como uma criança assustada, murmurando entre lágrimas. Ele leu seus lábios, captando fragmentos aterradores.
- Por favor... papai... eu não fiz nada de errado... - sussurrava, abraçando a si mesma, como se quisesse desaparecer.
Leon ficou paralisado, sentindo a profundidade do trauma que Sofia carregava. Sem pensar duas vezes, ele correu até o elevador, determinado a tirá-la dali o mais rápido possível.
Finalmente, depois de alguns minutos, as portas se abriram. Leon foi o primeiro a entrar e se ajoelhou ao lado dela. Sofia ainda estava encostada na parede, com o corpo encolhido, olhos fechados e lágrimas escorrendo pelo rosto. Ela continuava murmurando, sem perceber que estava livre.
- Papai... por favor... eu não fiz nada... eu não fiz nada errado... - repetia, as palavras carregadas de dor e medo.
Leon se aproximou lentamente, colocando a mão no ombro dela com cuidado.
- Sofia... sou eu, Leon. Você está segura agora - disse, com uma voz suave e preocupada.
Ela abriu os olhos lentamente, ainda confusa, o olhar perdido e assustado. Ao reconhecer Leon, hesitou, como se não acreditasse.
- L-Leon? - sua voz saiu frágil, com o tom de quem ainda não sabe se está realmente segura.
Ele assentiu, apertando seu ombro com firmeza, tentando lhe passar segurança.
- Estou aqui. Ninguém vai te machucar, Sofia. Eu estou com você, agora e sempre - afirmou, a voz carregada de compaixão.
- Não... não me machuca, por favor... - murmurou, ainda em pânico. - Por favor, papai, eu não fiz nada errado... - disse com um fio de voz.
Leon a abraçou, tentando acalmá-la.
- Eu jamais deixaria isso acontecer, Sofia. Você está segura agora.
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Amores de Conveniência
Hayran KurguSofia, desesperada por um emprego, é contratada na empresa de Leon Castelli, um chefe arrogante, porém de bom coração. Desde a entrevista, Leon sente algo diferente por ela e, para evitar se envolver, mantém distância. Quando precisa visitar a famíl...