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Leon chegou à empresa com o humor arruinado e o arrependimento pesando em seus ombros. Mal havia dormido, remoendo a mentira impulsiva que contou à mãe. Assim que entrou no prédio, atravessou o saguão sem falar com ninguém, incluindo Sofia. Ele a viu de relance, mas desviou o olhar. Ela não pode saber. Preciso manter distância.

A manhã passou como um borrão de tarefas e reuniões intermináveis. Leon estava mais introspectivo do que o normal, respondendo com monossílabos e evitando interações que não fossem essenciais. Sofia percebeu o comportamento estranho dele, mas optou por não perguntar nada.

No fim do expediente, Leon enviou uma mensagem para Rafael, seu melhor amigo de longa data:
— Preciso falar com você. Jantar hoje?

Rafael não demorou a responder:
— Claro. Vamos resolver essa bomba.

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Algumas horas depois, os dois estavam em um restaurante discreto, sentados a uma mesa no canto. Rafael, com seu jeito descontraído e sorriso fácil, sempre sabia como quebrar o gelo.

— Certo, qual foi a burrada dessa vez? — Rafael perguntou, enquanto servia cerveja para os dois.

Leon soltou um suspiro exasperado e explicou:
— Minha mãe me ligou hoje, pedindo para eu passar as férias com a família. E, claro, meu pai não perdeu a chance de me zoar por não ter namorada.

Rafael deu uma risada curta.
— Isso não é novidade. Seu pai faz isso desde que a gente era moleque.

Leon balançou a cabeça, frustrado.
— Pois é, mas dessa vez eu perdi a paciência e... inventei que estou namorando.

Rafael ergueu as sobrancelhas, claramente se divertindo.
— Então agora você vai ter que aparecer com uma namorada imaginária na casa dos seus pais? Boa sorte.

— Não ajuda, Rafa. Eles esperam que eu leve essa “namorada” nas férias.

Rafael tomou um gole da cerveja e olhou para o amigo com um sorriso esperto.
— Não é tão complicado assim. É só chamar alguém para fingir que está com você por alguns dias.

Leon soltou um riso irônico.
— E quem, exatamente, aceitaria uma coisa dessas?

Rafael se inclinou para frente, divertido.
— Sofia.

Leon ficou em silêncio, o coração acelerando ao ouvir o nome dela. Sofia? A ideia parecia absurda, mas ao mesmo tempo fazia sentido. Ela era a única pessoa em quem ele poderia pensar que talvez concordasse com a proposta.

— Você está maluco — Leon disse, tentando afastar o pensamento.

— Ah, para, Leon! Ela parece ser legal e, pelo que você disse, vocês já se dão bem. Pode ser a solução perfeita.

Leon esfregou o rosto, lutando com seus próprios pensamentos. O problema não era só a mentira. Era o que ele vinha sentindo por Sofia nos últimos dias. Aproximar-se dela poderia complicar tudo ainda mais.

— E se as coisas saírem do controle? — Leon perguntou, hesitante.

Rafael deu de ombros, divertido.
— A vida é cheia de riscos, meu amigo. Talvez esse seja um risco que você deva correr.

Leon ficou em silêncio, encarando o copo de cerveja como se a resposta estivesse ali. Ele sabia que precisaria tomar uma decisão logo. As férias estavam se aproximando, e encarar seus pais sem cumprir a promessa seria insuportável.

Agora, restava apenas descobrir se Sofia aceitaria entrar nessa mentira com ele – e torcer para que tudo desse certo.

Agora, restava apenas descobrir se Sofia aceitaria entrar nessa mentira com ele – e torcer para que tudo desse certo

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