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Depois do confronto com os funcionários, o restante do dia foi mais tranquilo para Sofia. A tensão que antes parecia sufocá-la havia diminuído, mas o episódio com Marina e Leon não saía da sua cabeça. Era a primeira vez em muito tempo que alguém se posicionava por ela, e isso mexia mais do que gostaria de admitir.

Enquanto revisava relatórios na mesa, ainda tentando manter o foco, sua mente vagava para o olhar de Leon. Por que ele se importa tanto? Havia algo nos olhos dele que a fazia sentir que estava segura, o que era confuso e desconcertante. Será que ele realmente se importa comigo? Ou é só o chefe protegendo seus funcionários?

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Do outro lado da empresa, Leon estava em sua sala, mas não conseguia se concentrar no que precisava fazer. Enquanto olhava para a tela do computador, a imagem de Sofia não saía da sua cabeça. Ela está escondendo alguma coisa. Ele tinha certeza disso. Não era apenas o fato de não usar o elevador – havia algo mais profundo ali, algo que ele queria entender. E, por mais que tentasse, não conseguia ignorar a vontade crescente de se aproximar dela.

A reunião com Marina e Alice havia terminado há pouco, e ele ainda refletia sobre como a irmã havia lidado com os cochichos na empresa. Marina sempre fora protetora e justa, mas vê-la defendendo Sofia com tanta convicção mexera com ele de uma forma inesperada.

— Você está gostando dela, não está? — Marina havia provocado ao final da reunião, com um sorriso travesso.

Leon apenas riu e desviou o olhar, sem responder. No fundo, sabia que Marina estava certa, mas não estava pronto para admitir. Gostar de Sofia era complicado. Ela era sua funcionária, e a última coisa que ele queria era misturar sentimentos com o trabalho. Mas quanto mais tentava evitar, mais se via atraído por ela.

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O expediente chegou ao fim, e Sofia decidiu ficar um pouco mais para adiantar algumas tarefas. A empresa estava silenciosa, a maior parte dos funcionários já havia ido embora, o que lhe trouxe um pouco de paz. Quando finalmente desligou o computador e arrumou suas coisas, olhou pela janela e viu que a noite estava clara.

Pegou a bolsa e se preparou para sair, mas, ao chegar na porta do prédio, deu de cara com Leon. Ele parecia ter acabado de sair também, ainda com a gravata folgada e o paletó nos braços.

— Achei que já tinha ido — ele comentou, com um sorriso discreto.

— Só estava terminando algumas coisas — Sofia respondeu, sem jeito.

Os dois ficaram em silêncio por alguns instantes, e então Leon fez uma sugestão que a pegou de surpresa.

— Quer uma carona? Está tarde.

Sofia hesitou. A ideia de ficar mais tempo com ele era ao mesmo tempo tentadora e desconfortável. Mas, antes que pudesse responder, Leon acrescentou:

— Ou, se preferir, podemos correr um pouco. Vi que você gosta de correr à noite.

Sofia sorriu, sentindo o peso da tensão se dissipar um pouco.
— Correr parece uma boa ideia.

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Poucos minutos depois, os dois estavam correndo pelas ruas tranquilas da cidade. O ar fresco da noite e o som ritmado dos passos criavam um ambiente confortável, quase íntimo. Era estranho como o silêncio entre eles não parecia pesado, mas acolhedor.

— Você corre há muito tempo? — Leon perguntou, quebrando o silêncio.

— Desde que saí de casa — Sofia respondeu, sem pensar muito. — Correr me ajuda a limpar a mente.

Leon assentiu, entendendo perfeitamente o que ela queria dizer.
— Também sinto isso. Às vezes, é a única coisa que me mantém são.

Enquanto corriam lado a lado, Sofia percebeu que, ao contrário do que imaginava, Leon não era apenas um chefe rígido e distante. Ele era alguém que também carregava seus próprios pesos, e, de alguma forma, estar ao lado dele fazia com que os dela parecessem um pouco mais leves.

Ao fim da corrida, ambos pararam em uma praça para recuperar o fôlego. Leon olhou para ela com um brilho no olhar que Sofia não soube interpretar.

— Obrigado por me acompanhar — ele disse, sincero. — Foi uma das melhores corridas que já tive.

Sofia sorriu, sentindo uma conexão silenciosa entre eles. Talvez, apenas talvez, Leon não fosse apenas seu chefe. E talvez, apesar de toda a confusão em sua mente, ela não precisasse lutar tanto contra os sentimentos que começavam a crescer em seu coração.

Mas até quando seria seguro deixar essas barreiras caírem?

Mas até quando seria seguro deixar essas barreiras caírem?

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