Após o dia cheio no shopping, a família de Leon voltou para casa, onde uma lareira acesa aquecia o ambiente. Todos se reuniram para o jantar e, como de costume, as conversas e risadas ecoavam pelo salão. Sofia se sentia bem-vinda, mas, por dentro, ainda sentia uma pontada de estranheza com tanta harmonia e afeto. Depois do jantar, enquanto os familiares se despediam para ir dormir, Leon sugeriu uma caminhada rápida do lado de fora.
— Quer dar uma volta na neve? — ele perguntou, olhando para Sofia com um sorriso leve.
— Só nós dois?Sofia hesitou, mas acabou sorrindo.
— Por que não? Acho que um ar fresco vai ser ótimo.Eles pegaram seus casacos e saíram para o quintal coberto de neve. O frio cortante da noite fazia suas respirações se transformarem em pequenas nuvens brancas, e o silêncio da paisagem fazia tudo parecer mágico. Caminharam por alguns minutos, apreciando a tranquilidade.
— Então, o que achou do dia de hoje? — Leon perguntou, quebrando o silêncio.
Sofia sorriu, encolhendo os ombros.
— Foi incrível. Sua família é muito… acolhedora. Eu nunca estive em um lugar assim.— Nunca? — Leon perguntou, franzindo a testa.
Ela desviou o olhar.
— Não exatamente. Quer dizer, minha infância foi um pouco… diferente.Leon parou e olhou para ela com seriedade.
— Sofia… você nunca me contou muito sobre sua vida. Só sei que você saiu de casa bem cedo.Ela suspirou, enfiando as mãos nos bolsos do casaco. A noite escura e a companhia dele pareciam deixá-la mais à vontade para falar sobre coisas que raramente confessava.
— Eu saí de casa aos 17 anos. Senti que precisava… de liberdade. Meu pai era… difícil, para dizer o mínimo. E minha mãe… ela sempre ficou ao lado dele, mesmo nas piores situações — Sofia disse, a voz baixa.
Leon a observava com atenção, absorvendo cada palavra.
— Então, quando você completou 17 anos, decidiu ir embora?Ela assentiu, olhando para a neve aos seus pés.
— Foi uma escolha difícil, mas eu sabia que, se ficasse, nunca conseguiria ser eu mesma. Aprendi muito desde então… mas nunca tive essa sensação de… lar, como vejo aqui com sua família.Leon respirou fundo, sentindo uma pontada de empatia por ela. Ele sabia que a vida não era fácil para todos, mas ouvir isso de Sofia o fazia perceber o quão forte ela era.
— Sabe, eu sempre admirei sua força. Desde o momento em que você entrou naquela sala para a entrevista… você parecia tão determinada — ele comentou, em um tom suave.
Sofia sorriu, um pouco surpresa.
— Sério? Eu estava tão nervosa naquele dia. Nem consegui usar o elevador — ela riu, o som baixo ecoando na noite.— E agora entendo o porquê — ele disse, aproximando-se dela de leve. — Mas me desculpe por ter insistido tanto em não usar as escadas no shopping. Se eu soubesse…
Ela balançou a cabeça, oferecendo-lhe um sorriso reconfortante.
— Não se preocupe. Você está sendo mais compreensivo do que eu imaginava. Acho que nunca pensei que teria alguém pra contar essas coisas.— Agora tem — ele disse, a voz firme, enquanto seus olhos capturavam os dela. — Quando quiser falar, Sofia… eu estou aqui.
Eles ficaram em silêncio, os olhares presos um no outro. Era como se, naquele instante, o frio da neve ao redor fosse esquecido. Ambos sabiam que algo mais estava surgindo entre eles, algo que ia além da promessa de uma "namorada de mentira".
Após um tempo, Leon quebrou o silêncio com um sorriso tímido.
— Vamos voltar para dentro? Acho que, se ficarmos mais tempo aqui, vamos congelar.Sofia riu, assentindo.
— Concordo. Não seria nada agradável ser encontrada congelada no quintal amanhã.Eles riram juntos e começaram a caminhar de volta, lado a lado, em um silêncio confortável. Naquele momento, Sofia sentia algo novo… uma esperança de que, talvez, ela pudesse construir algo verdadeiro, algo seguro. E Leon, por sua vez, se sentia mais próximo dela do que jamais imaginara.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amores de Conveniência
FanfictionSofia, desesperada por um emprego, é contratada na empresa de Leon Castelli, um chefe arrogante, porém de bom coração. Desde a entrevista, Leon sente algo diferente por ela e, para evitar se envolver, mantém distância. Quando precisa visitar a famíl...