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Leon começou o dia cedo, como de costume. Ele gostava da tranquilidade das primeiras horas da manhã, quando a empresa ainda estava silenciosa e ele podia organizar a agenda do dia sem interrupções. No entanto, mesmo enquanto lia relatórios e conferia e-mails, sua mente voltava, vez ou outra, para Sofia.

Havia algo nela que o intrigava. Não era apenas sua competência ou o modo discreto e eficiente com que trabalhava. Era algo mais profundo, algo que ele ainda não conseguia nomear. Desde a entrevista, ela parecia sempre um pouco distante, como se carregasse um peso invisível que ele ainda não compreendia.

Ele se lembrava das interações dos últimos dias. A cada vez que cruzavam olhares, sentia uma curiosidade crescente, misturada com uma atração que tentava ignorar. E havia aquela questão das escadas. Era impossível não notar que Sofia evitava o elevador a todo custo. Leon observava padrões, e nada escapava ao seu radar por muito tempo.

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Por volta das 9h30, Leon saiu de sua sala e, sem aviso, cruzou com Sofia na recepção. Ela estava segurando alguns papéis, mas congelou por um segundo ao vê-lo. Ele não pôde deixar de notar a expressão sutil de surpresa e desconforto no rosto dela.

— Já está pelas escadas outra vez? — ele perguntou casualmente, embora a curiosidade por trás da pergunta fosse real.

Sofia deu de ombros, tentando manter o tom leve.
— Gosto de me movimentar. É saudável.

Leon esboçou um meio sorriso, mas algo não se encaixava. Ele sentia que havia mais naquela história. Talvez fosse apenas intuição, mas sua mente começava a ligar os pontos. Ela escondia algo, e ele queria saber o que era.

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Mais tarde, durante uma reunião breve com a irmã, Marina, Leon ainda não conseguia afastar os pensamentos sobre Sofia. Marina percebeu.

— Você está distraído — comentou ela, sorrindo de canto. — Deixa eu adivinhar... é aquela ruivinha nova?

Leon deu uma risada curta, mas não confirmou nem negou.
— Você sabe como é... sou responsável por cada pessoa que contrato. Preciso ficar de olho.

Marina o encarou com um olhar conhecedor.
— Só tome cuidado, irmãozinho. Você não é exatamente conhecido por ser fácil de lidar.

Leon revirou os olhos e mudou de assunto, mas as palavras de Marina ficaram em sua mente. Eu não sou fácil. Mas ela também não é simples. E ele precisava entender o porquê.

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Ao fim do expediente, Leon saiu da sala e cruzou novamente com Sofia perto da escada. Ela estava guardando algumas coisas na bolsa, parecendo cansada.

— Tem certeza que não quer tentar o elevador amanhã? — perguntou, mais como provocação do que por obrigação.

Sofia sorriu, mas o sorriso não alcançou seus olhos.
— Escadas são mais seguras.

Leon franziu a testa levemente. Aquilo não era uma resposta comum. Era a resposta de alguém que carregava medo. Um medo que ele começava a perceber ser mais profundo do que simples preferência por exercício.

Enquanto Sofia saía pela porta principal, ele ficou parado, observando-a por um momento.

O que você está escondendo, Sofia? — pensou ele, sentindo, mais do que nunca, que havia algo nela que ele precisava descobrir.

E, pela primeira vez, ele percebeu que não era apenas uma questão de curiosidade profissional. Ele queria entender Sofia. Não como chefe, mas como alguém que, de algum modo, estava começando a se importar.

 Não como chefe, mas como alguém que, de algum modo, estava começando a se importar

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