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Os últimos dias tinham sido um refúgio para Sofia. A relação dela com Leon estava crescendo de forma inesperada, e ele estava se tornando não só um apoio, mas alguém em quem confiava. Apesar disso, os fantasmas do passado ainda a assombravam. Ela carregava marcas profundas que preferia esconder.

Certa tarde, enquanto trabalhava, o celular vibrou com uma ligação de sua mãe. O coração de Sofia disparou; fazia algum tempo desde o último contato. Ela respirou fundo e atendeu.

— Alô, mãe?

— Sofia… você poderia vir até aqui em casa? Seu pai não está, então está tudo tranquilo — a mãe respondeu, com uma voz carregada de tensão.

— Sim, mãe, eu posso ir. Passo aí depois do trabalho, tá bem? — Sofia respondeu, um misto de alívio e apreensão preenchendo seu peito.

Mas, para se sentir mais segura, Sofia enviou uma mensagem para Leon, hesitante. Não queria incomodá-lo, mas algo no fundo dela sabia que era melhor ter alguém a quem recorrer.

> "Oi, Leon… sei que é repentino, mas estou indo na casa da minha mãe. Ela disse que meu pai não está, mas… se puder me buscar depois, caso eu precise."

Ao enviar a mensagem, Sofia sentiu um pouco mais de segurança e seguiu para a casa da mãe.

Ao chegar, foi recebida com um abraço tímido. O rosto da mãe estava cansado, mas havia um brilho de ternura.

— Como você está, filha? — a mãe perguntou, tentando sorrir.

— Vou levando… e a senhora? Está bem? — respondeu Sofia, com o coração apertado.

Elas conversaram em um tom calmo, quase ensaiado, enquanto tentavam ignorar as feridas não ditas entre elas. Mas Sofia não conseguia se livrar da sensação de insegurança. E seus instintos estavam certos.

A porta se abriu de repente com um baque alto, e o mundo de Sofia desmoronou ao ver seu pai entrar com o mesmo olhar cruel de sempre.

— Olha só quem resolveu dar as caras — ele disse, com um tom amargo.

Sofia tentou manter a calma, mas seu corpo começou a tremer.

— Só vim ver a mãe… — murmurou, quase em um sussurro.

O pai soltou uma risada fria, aproximando-se devagar, cada passo tornando o ar ao redor mais pesado.

— A princesinha da casa. Acha que pode voltar sem prestar contas? — Ele puxou o cinto de uma vez, erguendo-o no ar. — Vou te ensinar a respeitar quem manda.

Antes que Sofia pudesse reagir, o primeiro golpe veio, uma dor insuportável se espalhando por seu corpo.

— Por favor… pai… não… — ela suplicou, as lágrimas caindo.

Mas ele continuava, e cada golpe parecia mais cruel. Ela sentiu-se como uma criança novamente, assustada e impotente, implorando por piedade.

Enquanto isso, Leon estava no escritório, terminando um relatório quando recebeu a mensagem de Sofia. Ele a releu várias vezes, um pressentimento sombrio se formando em sua mente. Algo estava errado. Sem hesitar, pegou o carro e dirigiu até o endereço que ela havia mandado.

Quando chegou, notou que a porta estava entreaberta e ouviu o som abafado de choro vindo de dentro. Ele entrou e, ao ver o que estava acontecendo, sentiu um choque de raiva.

— O que você pensa que está fazendo?! — ele gritou, avançando para o pai de Sofia.

O homem olhou para Leon com desprezo, mas antes que pudesse reagir, Leon o segurou pelo braço com força.
Leon não cedeu e, após um empurrão firme, o afastou de Sofia. Ele então se ajoelhou ao lado dela, que estava encolhida, tremendo e com o rosto molhado de lágrimas.

— Sofia… estou aqui. Vamos embora daqui. — Ele sussurrou, a voz tentando transmitir calma.

Ela olhou para ele com o olhar vazio e amedrontado de quem já havia suportado o insuportável.

Ele a ajudou a se levantar, amparando-a com delicadeza até o carro, enquanto seu pai vociferava insultos ao fundo. No caminho até seu apartamento, Leon a observava em silêncio, vendo o quanto ela estava machucada.

Quando chegaram, ele preparou compressas e trouxe os primeiros socorros. A cada toque, ele tentava ser o mais suave possível, mas Sofia ainda se encolhia de dor e medo.

— Está doendo muito? — ele perguntou, com os olhos preocupados e suaves.

— Um pouco… mas vou ficar bem. Obrigada, Leon. — Sofia sussurrou, com um sorriso tímido, mas sincero.

— Não precisa agradecer… Sofia, você não precisa passar por isso. Não mais. Eu estou aqui, tá bom? — Leon respondeu, segurando sua mão com firmeza.

Ela olhou para ele, e pela primeira vez, sentiu-se verdadeiramente segura. De repente, as lágrimas vieram, e ela desabou em um choro silencioso, finalmente se permitindo sentir tudo o que havia escondido.

Leon a abraçou, deixando que ela liberasse toda a dor. No silêncio do abraço, Sofia encontrou a paz que sempre quis.

 No silêncio do abraço, Sofia encontrou a paz que sempre quis

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