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O dia na empresa havia começado como qualquer outro. Sofia estava focada em suas tarefas, tentando manter-se alheia aos comentários maldosos que pareciam seguir-lhe como uma sombra. Os cochichos continuavam, e os olhares atravessados a perseguiam pelos corredores. O peso daquelas insinuações aumentava a cada minuto.

Enquanto organizava papéis em sua mesa, ouviu passos familiares se aproximando. Ao levantar a cabeça, viu Marina, irmã de Leon, entrando na empresa com sua habitual energia e Alice ao lado, segurando sua mãozinha.

— Sofia! — Alice gritou alegremente ao vê-la, correndo em sua direção.

Sofia sorriu e abaixou-se para cumprimentar a menina.
— Oi, pequena! Como você está hoje?

— Bem! — Alice disse, com seu sorriso contagiante. — Você é tão linda!

Marina se aproximou com um sorriso caloroso e colocou a mão no ombro da sobrinha. A irmã de Leon era a imagem da elegância, com seus longos cabelos castanhos soltos, e exalava uma confiança natural.

— Desculpe a invasão, Sofia. Alice insistiu que precisava vir falar com você antes de irmos ao escritório do Leon.

— Sem problema — Sofia respondeu, tentando esconder o quanto gostava da simpatia da criança e de Marina.

Enquanto conversavam, o burburinho na sala se intensificava. Algumas vozes sussurrantes chegaram aos ouvidos de Marina, que logo percebeu o tom maldoso das palavras.

— Aposto que ela tem alguma coisa com o chefe…
— Só conseguiu o emprego assim. Olha o jeito que ele a trata...

Marina imediatamente se voltou para o grupo de funcionários, seus olhos estreitando-se com uma severidade que poucos esperavam dela. Com a cabeça erguida e a postura firme, fez questão de interromper os cochichos.

— Com licença — disse Marina, a voz firme e cheia de autoridade. — O que exatamente vocês pensam que estão fazendo?

O grupo congelou, pegos de surpresa. Marina cruzou os braços e deu um passo à frente, encarando cada um deles com uma expressão que misturava decepção e desaprovação.

— É assim que vocês tratam seus colegas? Criando boatos sem fundamento e julgando as pessoas pelas costas?

O silêncio foi absoluto. Ninguém ousava responder. Sofia sentia-se envergonhada e ao mesmo tempo aliviada por alguém finalmente defendê-la.

— Isso é inaceitável — continuou Marina, olhando diretamente para cada um deles. — Se acham que podem continuar com esse comportamento aqui, estão muito enganados.

Nesse momento, Leon apareceu na sala, atraído pela movimentação incomum. Ao perceber a tensão no ar e a expressão séria de sua irmã, entendeu imediatamente o que estava acontecendo.

— O que está acontecendo aqui? — ele perguntou, sua voz baixa, mas carregada de autoridade.

Marina olhou para o irmão e deu um leve aceno com a cabeça, como se entregasse a situação em suas mãos.

Leon olhou para o grupo de funcionários e, com um tom frio e firme, colocou cada um em seu devido lugar:
— Qualquer um que se envolver em fofocas ou desrespeitar outro funcionário será responsabilizado. Não vou tolerar esse tipo de comportamento na minha empresa.

Todos abaixaram a cabeça, envergonhados. Leon deu um passo à frente, deixando claro que sua paciência havia se esgotado.
— Se eu ouvir mais algum comentário desse tipo, será o último aviso. Estamos entendidos?

Os funcionários balançaram a cabeça em silêncio, e, sem outra escolha, dispersaram rapidamente.

Quando a sala ficou mais calma, Marina lançou um olhar cúmplice para Sofia e piscou discretamente, como quem diz: “Estamos com você.” Alice segurou a mão de Sofia e sorriu, inocente e alheia à tensão que havia pairado no ar.

Leon, por sua vez, permaneceu por um momento em silêncio, observando Sofia com uma expressão indecifrável. Havia algo nos olhos dele, um misto de cuidado e preocupação, que Sofia não soube como interpretar.

— Está tudo bem? — ele perguntou baixo, para que só ela ouvisse.

Sofia assentiu, mas havia um brilho de gratidão em seus olhos que dispensava palavras. Leon segurou o olhar dela por mais um instante, antes de dar um pequeno aceno para Marina e Alice.

— Venham. Temos uma reunião para resolver.

Marina lançou um último sorriso encorajador para Sofia e seguiu o irmão com a sobrinha, deixando-a sozinha por um momento.

Sofia suspirou profundamente. Pela primeira vez em muito tempo, sentiu-se aliviada, como se uma parte do peso que carregava tivesse finalmente sido removida. Ainda havia muito a resolver, mas agora sabia que, ao menos, não estava tão sozinha quanto pensava.

 Ainda havia muito a resolver, mas agora sabia que, ao menos, não estava tão sozinha quanto pensava

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