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Era uma manhã comum, e Leon estava em casa se preparando para mais um dia de trabalho quando o telefone tocou. Ao ver o nome de sua mãe no visor, ele sorriu. Dona Helena sempre fora carinhosa e dedicada, mas, como toda mãe, sabia ser insistente.

— Filho! — a voz animada dela ecoou do outro lado. — Estou te ligando para dizer que você precisa vir passar as férias aqui com a gente. Já faz tempo demais que não nos reunimos!

Leon suspirou, passando a mão pelo cabelo castanho bagunçado.
— Mãe, eu não sei... Tenho muito trabalho.

— Nada disso! — Helena interrompeu com firmeza. — Seu pai está te esperando. Ele já está organizando um churrasco, e está perguntando das... suas namoradas.

Leon revirou os olhos. Sabia que seu pai, um homem simples e cheio de humor, não perderia a chance de provocá-lo. Logo, ouviu a voz alta e brincalhona dele no fundo da ligação:

— E aí, meu filho! Ainda correndo das mulheres ou vai nos apresentar alguém dessa vez?

Leon tentou disfarçar a irritação, mas sua paciência estava se esgotando.
— Não estou correndo de ninguém, pai.

— Hummm... Então você está namorando? — o pai riu. — Vai levar a moça pra gente conhecer?

Sem pensar direito, Leon soltou:
— Sim. Estou namorando. E vou levá-la comigo.

O silêncio do outro lado da linha foi rapidamente substituído pela animação de Helena:
— Ai, que maravilha, filho! Estamos ansiosos pra conhecer sua namorada.

— Claro... — Leon respondeu com um nó no estômago.

Assim que desligou o telefone, percebeu o tamanho da besteira que acabara de dizer. Namorada? Ele sequer estava saindo com alguém, quanto mais namorando. Agora, teria que encontrar uma solução para não decepcionar a família e, principalmente, evitar mais provocações do pai.

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Leon chegou à empresa com o humor arruinado e o arrependimento pesando em seus ombros. Mal havia dormido, remoendo a mentira impulsiva que contou à mãe. Assim que entrou no prédio, atravessou o saguão sem falar com ninguém, incluindo Sofia. Ele a viu rapidamente de relance, mas desviou o olhar. Ela não pode saber. Preciso manter distância.

A manhã passou em um borrão de tarefas e reuniões sem fim. Leon estava mais introspectivo do que o habitual, respondendo apenas com monossílabos e evitando qualquer interação que não fosse absolutamente necessária. Sofia notou o comportamento estranho dele, mas preferiu não perguntar nada.

Depois do expediente, Leon chamou seu melhor amigo, Pedro, para um jantar em um restaurante discreto. Pedro era seu confidente desde os tempos da faculdade e sempre tinha um bom conselho – ou pelo menos fazia Leon rir das situações mais difíceis.

— Então... Qual é o problema dessa vez? — Pedro perguntou assim que se sentaram. Ele conhecia Leon bem demais para saber que algo estava errado.

Leon soltou um longo suspiro e passou a mão pelo rosto, exausto.
— Minha mãe me ligou hoje. Ela quer que eu passe as férias com eles, e meu pai começou a me zoar sobre não ter namorada.

Pedro riu alto.
— E você inventou que estava namorando, não foi?

Leon deu um sorriso cansado.
— Sim. Não consegui me segurar. E agora eles estão esperando que eu leve minha “namorada” para a viagem.

Pedro balançou a cabeça, ainda rindo.
— Você realmente se meteu numa enrascada dessa vez.

— Me diz algo que eu não saiba — Leon respondeu, revirando os olhos. — O pior é que eu não tenho ideia de como resolver isso.

Pedro tomou um gole de sua cerveja, pensativo.
— Você sabe que tem uma saída simples, certo?

— Qual? — Leon perguntou, esperançoso.

— Chama uma amiga para fingir que é sua namorada. É só uma viagem. Você finge por alguns dias e pronto.

Leon riu com ironia.
— Não é tão fácil assim. Quem eu conheço que aceitaria fazer isso?

Pedro fez uma pausa, e um sorriso travesso apareceu em seu rosto.
— E a Sofia?

Leon ficou em silêncio, o coração acelerando ao ouvir o nome dela. Só de pensar na ideia, uma mistura de ansiedade e desejo tomou conta dele.

— Sofia? — ele repetiu, como se testasse o som daquilo.

— Sim. Ela parece ser uma garota legal. E, pelo que você me contou, já confia em você. Pode ser a solução perfeita.

Leon sabia que Pedro tinha razão. Mas o que mais o incomodava era o quanto ele gostava da ideia – e o medo de se aproximar demais dela. Afinal, uma farsa como aquela poderia complicar tudo ainda mais entre eles.

— É arriscado — Leon murmurou.

— A vida é cheia de riscos, meu amigo — Pedro deu um tapinha no ombro dele. — Você só precisa decidir se vale a pena.

Leon ficou em silêncio por um momento, perdido em seus pensamentos. Ele sabia que precisaria tomar uma decisão logo. As férias estavam chegando, e a ideia de encarar seus pais sozinho era insuportável.

Agora, restava apenas descobrir se Sofia aceitaria entrar nessa mentira com ele – e torcer para que tudo desse certo.

Agora, restava apenas descobrir se Sofia aceitaria entrar nessa mentira com ele – e torcer para que tudo desse certo

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