13

9 2 0
                                    

O silêncio de sua pequena sala foi interrompido pelo toque inesperado do celular. Sofia estava deitada no sofá, tentando relaxar após o encontro surpreendente com Leon durante a corrida. Ao olhar para a tela, seu corpo congelou.

“Mãe”.

O nome parecia distante, quase estranho. Ela hesitou por alguns segundos antes de atender, mas, por fim, deslizou o dedo na tela.

— Alô?

A voz do outro lado era familiar, mas carregava um tom que Sofia não ouvia há anos.

— Sofia? Oi, minha filha. Como você está? Faz tanto tempo… Eu precisava ouvir sua voz.

Sofia apertou o telefone contra a orelha, sentindo uma mistura de emoções. Não falava com a mãe desde que saiu de casa aos 17 anos, depois de não aguentar mais a convivência com o pai violento.

— O que você quer, mãe? — perguntou, tentando manter a voz firme.

— Eu... só queria saber como você está. Sinto sua falta.

Sofia sentiu uma pontada no peito. Era estranho ouvir aquelas palavras agora, tanto tempo depois. Mas antes que pudesse responder, a mãe prosseguiu:

— Seu pai está doente. Ele pergunta por você... Acho que seria bom se você viesse visitá-lo.

O coração de Sofia apertou, e ela segurou o ar por um instante. A última coisa que queria era lembrar daquele homem.

— Não posso, mãe. Você sabe por quê.

— Eu sei — a voz da mãe saiu baixa, quase um sussurro. — Mas, por favor, pense nisso.

Sofia se despediu rapidamente e encerrou a ligação. O peso do passado voltou com força, e, por mais que tentasse afastar aquelas memórias, elas não deixavam espaço para respirar.

---

Enquanto isso, em um restaurante sofisticado no centro da cidade, Leon jantava com um de seus amigos mais antigos, Rafael. Ambos tinham 24 anos, mas levavam vidas completamente diferentes. Rafael era mais descontraído, gostava de festas e relacionamentos casuais, enquanto Leon mantinha uma postura mais reservada e centrada no trabalho.

— E aí, como anda a vida? — perguntou Rafael, enquanto saboreava uma taça de vinho. — Continua casado com o trabalho ou tem alguma novidade?

Leon deu um sorriso discreto, cortando o bife em seu prato.
— Nada de mais. Tem uma funcionária nova na empresa...

Rafael arqueou uma sobrancelha, curioso.
— Hmm, então temos uma novidade. Quem é ela?

Leon balançou a cabeça, tentando disfarçar a importância do assunto.
— Sofia. Ela começou recentemente. Tem algo... diferente nela.

— Diferente como? — provocou Rafael, com um sorriso malicioso. — Não vai me dizer que o todo-poderoso Leon finalmente se interessou por alguém?

Leon revirou os olhos.
— Não é isso. É só que... ela é intrigante. Não sei explicar.

Rafael riu, bebendo mais um gole de vinho.
— É sempre assim, meu amigo. Você passa a vida achando que tem tudo sob controle, e aí, do nada, aparece alguém para bagunçar tudo.

Leon sorriu de canto, mas não respondeu. No fundo, sabia que Rafael tinha razão.

---

No dia seguinte, Sofia acordou mais cansada do que o normal. A ligação da mãe e a enxurrada de memórias haviam perturbado seu sono. Mesmo assim, vestiu-se e foi para o trabalho, tentando manter a rotina. Ao chegar na empresa, pegou novamente as escadas, como de costume, e entrou em sua mesa sem chamar atenção.

Mas, como no dia anterior, os murmúrios continuavam. Dois colegas conversavam baixo perto da máquina de café, mas suas palavras chegaram aos ouvidos de Sofia.

— Tenho certeza de que ela tá envolvida com o chefe. Por isso ele anda tão distraído.

— Ruiva e misteriosa... Claro que ele se interessaria. Aposto que ela conseguiu o emprego assim.

Sofia sentiu o sangue ferver. Aquilo era injusto. Ela sempre fez questão de ser profissional e manter distância, mas agora parecia que nada disso importava. Cada cochicho fazia seu coração apertar e a insegurança crescer.

Ela tentou ignorar e se concentrar nas tarefas, mas as palavras ecoavam na mente, como um peso que não conseguia carregar sozinha. Será que Leon também percebeu? Será que ele estava ciente desses comentários?

E, mais importante, será que ele se importava?

Por mais que tentasse se manter forte, Sofia sentia o controle sobre seus sentimentos começar a escapar. A situação na empresa se tornava cada vez mais complicada, e o pior de tudo era que ela não sabia como lidar com o que estava começando a sentir.

 A situação na empresa se tornava cada vez mais complicada, e o pior de tudo era que ela não sabia como lidar com o que estava começando a sentir

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Amores de ConveniênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora