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O despertador tocou cedo, e Sofia espreguiçou-se com preguiça, tentando reunir energia para mais um dia de trabalho. Por mais que estivesse empolgada com a oportunidade, ainda se sentia nervosa. Trabalhar ao lado de alguém tão exigente como Leon era desafiador, e ela sabia que precisava continuar provando seu valor. Depois de um banho rápido e um café, prendeu os cabelos ruivos em um coque baixo e encarou o espelho.

— Hoje vai ser melhor — murmurou, tentando se encorajar.

Colocou uma blusa clara e uma calça preta confortável, mas elegante, e pegou sua bolsa. Durante o caminho para a Bellmont Corporation, um pensamento a assombrou: o elevador. Aquele cubículo sufocante ainda era um desafio que ela não estava pronta para encarar de novo.

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Assim que chegou ao prédio, Sofia entrou discretamente no saguão e olhou para os elevadores. Um grupo de pessoas se aglomerava ali, mas seu coração acelerou ao imaginar ficar presa entre elas nas portas fechadas. Sem pensar duas vezes, ela desviou para a escada.

Foram doze andares de subida, e no final do percurso Sofia estava sem fôlego. Sentia as pernas queimarem, mas preferia isso ao pânico que o elevador trazia. Chegou ao andar com as bochechas levemente coradas e o coração disparado, mas orgulhosa de si mesma.

Ao se acomodar em sua mesa, começou a revisar e-mails e documentos, organizando as tarefas do dia. Leon ainda não tinha chegado, e ela aproveitou para adiantar o máximo possível.

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Por volta das 10h, uma movimentação no corredor chamou sua atenção. Uma risada infantil ecoou pela recepção, e Sofia ergueu o olhar. Foi então que viu uma garotinha de cerca de quatro anos entrando na sala com passos saltitantes. A pequena tinha cabelos cacheados castanhos claros, olhos grandes e curiosos, e usava um vestidinho azul com estampas de borboleta.

— Mamãe! — chamou a menina, segurando a mão de uma mulher elegante que a acompanhava.

A mãe da menina era uma visão à parte. Alta, com cerca de 29 anos, vestia roupas bem cortadas e tinha cabelos ruivos que brilhavam à luz, de um tom levemente mais escuro que os de Sofia. Seu sorriso era simpático e caloroso, diferente da expressão séria e fechada que Leon costumava usar.

A garotinha parou ao lado da mesa de Sofia, observando-a com olhos arregalados.
— Mamãe, olha! A moça tem cabelo de princesa! — exclamou a criança com entusiasmo, apontando para Sofia.

Sofia não pôde evitar o sorriso.
— E como você se chama, princesa? — perguntou, abaixando-se um pouco para ficar na altura da garotinha.

— Alice! — respondeu ela com um sorriso tímido, mas animado.

— Que nome lindo — disse Sofia gentilmente, tocando levemente os cachinhos da menina.

A mãe de Alice sorriu e estendeu a mão para Sofia.
— Oi, sou Marina, irmã do Leon. E parece que você já conquistou minha filha.

Sofia apertou a mão dela, sentindo-se surpresa pela simpatia da mulher.
— Prazer, Sofia. Estou trabalhando aqui há pouco tempo, ainda me adaptando.

Marina deu uma risadinha leve.
— Não se preocupe, você vai se acostumar. Meu irmão pode ser um pouco… difícil, mas no fundo ele é uma boa pessoa. Só não admite isso com facilidade.

Sofia riu, embora não tivesse certeza se era verdade.
— Já percebi que ele é bem exigente.

Marina revirou os olhos com um sorriso divertido.
— Ele sempre foi assim. Mas, se precisar de algo, pode contar comigo. E não se assuste se Alice aparecer para te visitar de vez em quando. Ela tem um radar para pessoas legais.

Alice segurou na saia da mãe e olhou para Sofia com adoração.
— Você é a pessoa mais bonita que eu já vi — sussurrou a garotinha.

O coração de Sofia se derreteu com o comentário inocente.
— Obrigada, Alice. Você é uma gracinha também.

Marina olhou para o relógio.
— Bom, eu só vim resolver umas coisas rápidas com Leon. Mas foi ótimo te conhecer, Sofia. Tenho certeza de que nos veremos mais vezes.

Sofia assentiu.
— O prazer foi meu.

Marina se afastou com Alice, deixando um rastro de alegria no ambiente. Assim que desapareceram pelo corredor, Sofia sentiu o dia ficar um pouco mais leve. Talvez trabalhar na Bellmont Corporation não fosse tão ruim assim, afinal.

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Mais tarde, quando Leon finalmente chegou, ele passou pela mesa de Sofia sem dizer nada de imediato, como se estivesse perdido em seus próprios pensamentos. Mas, alguns passos depois, ele parou e se virou levemente, lançando-lhe um olhar curioso.

— Minha irmã esteve por aqui?

— Sim, e sua sobrinha também. Alice é um amor — respondeu Sofia com um sorriso sincero.

Leon pareceu relaxar um pouco, embora tentasse disfarçar.
— Marina é… uma força da natureza. E Alice gosta de encantar todo mundo que conhece.

Sofia riu suavemente.
— Ela disse que eu tenho cabelo de princesa.

Leon ergueu uma sobrancelha, mas havia um lampejo de diversão em seus olhos.
— Parece que você conquistou a mais difícil da família. Isso é um bom começo.

Antes que Sofia pudesse responder, ele voltou a caminhar para sua sala, deixando-a com a impressão de que, por trás daquela fachada séria, havia alguém um pouco mais humano do que ela imaginava.

Enquanto voltava ao trabalho, Sofia sentiu que o dia estava longe de terminar — e que a convivência com Leon Castelli talvez fosse muito mais interessante do que ela previra.

Enquanto voltava ao trabalho, Sofia sentiu que o dia estava longe de terminar — e que a convivência com Leon Castelli talvez fosse muito mais interessante do que ela previra

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