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No dia seguinte, Leon pediu para que Sofia fosse até sua sala mais uma vez. Desta vez, ela já sabia o motivo mesmo assim, seu estômago embrulhava. Fingir ser namorada do próprio chefe parecia uma ideia cada vez mais arriscada.

Sofia entrou no escritório, sentando-se na cadeira em frente à mesa. Leon a observava com atenção, como se tentasse entender seus pensamentos. Ela desviou o olhar rapidamente, sentindo-se vulnerável.

— Precisamos acertar alguns detalhes sobre a viagem — Leon começou, cruzando os braços. — Vamos para a minha cidade natal no próximo final de semana. O clima lá é bem frio, e, com sorte, vai nevar. Acho melhor se preparar para temperaturas abaixo de zero.

— Frio com neve... — Sofia repetiu, distraída. Já podia imaginar as dificuldades: roupas pesadas, o clima desconhecido e, claro, passar vários dias ao lado dele.

— Também precisamos combinar a história do nosso “relacionamento” — Leon continuou, relaxando na cadeira. — Como nos conhecemos? E por quanto tempo estamos juntos?

Sofia pensou por um instante, tentando parecer natural.
— Talvez... a gente possa dizer que nos conhecemos aqui mesmo, na empresa. Mas que começamos a sair há poucos meses. Nada muito sério ainda.

Leon assentiu, satisfeito.
— Faz sentido. E sobre como nos aproximamos? Algo casual ou uma história específica?

Sofia deu de ombros.
— Talvez algo como... você me ajudou a resolver alguma situação complicada no trabalho e, depois disso, começamos a sair. Assim não parece uma mentira elaborada demais.

Leon deu um meio sorriso.
— Boa ideia. Vamos manter simples. E se perguntarem, falamos que decidimos passar as férias juntos para testar como nos damos fora do ambiente de trabalho.

— Certo — Sofia concordou, sentindo a pressão crescer. Era estranho como uma mentira aparentemente simples podia ficar tão complexa.

Então Leon, mudando de assunto, comentou:
— A propósito, pagarei todas as despesas da viagem.

Sofia levantou a mão de imediato, balançando a cabeça.
— Não precisa. Eu já estou sendo paga para isso, não seria certo.

Leon insistiu, cruzando os braços.
— Eu faço questão. Afinal, você está me ajudando bastante.

Antes que ela pudesse argumentar mais, o celular de Sofia vibrou na bolsa. Ao ver o nome de sua mãe na tela novamente, seu estômago afundou.

— Desculpe, eu preciso atender — ela disse, levantando-se rapidamente e saindo da sala.

Leon ficou observando enquanto Sofia deixava o escritório apressadamente, um olhar sério no rosto. A atitude dela parecia estranhamente desconfortável, e ele não pôde evitar a sensação de que havia algo errado.

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Sofia saiu para o corredor, procurando um canto mais distante para atender a ligação. Sua mãe começou a falar antes mesmo de Sofia ter tempo de dizer “alô”.

— Filha, por favor, precisamos daquele dinheiro o mais rápido possível. A situação está ficando fora de controle. Eu não sei mais o que fazer!

Sofia sentiu a garganta se apertar, tentando segurar as lágrimas.
— Mãe, eu já disse que vou dar um jeito. Só preciso de mais alguns dias.

— Eu não sei se temos alguns dias, Sofia... — A voz da mãe parecia desesperada, quebrando as defesas de Sofia. — Por favor, filha, você é nossa única esperança.

Sofia fechou os olhos, respirando fundo para se acalmar.
— Eu prometo que vou conseguir o dinheiro, mãe. Só... me dá um pouco mais de tempo, está bem?

Quando a ligação terminou, Sofia ficou parada por alguns minutos, tentando recompor-se. Sentia-se dilacerada por dentro. Por que sua mãe sempre fazia isso com ela? Mesmo depois de tudo, Sofia não conseguia ignorar os pedidos.

Com o coração pesado, ela voltou para a sala de Leon.

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Assim que entrou, Leon ergueu os olhos da tela do computador e observou a expressão tensa de Sofia.
— Está tudo bem? — ele perguntou, arqueando uma sobrancelha.

Sofia forçou um sorriso, sentando-se novamente.
— Sim, tudo bem. Era só... um problema pessoal. Nada com o que se preocupar.

Mas Leon percebeu que havia algo mais. O desconforto dela era evidente, e ele não era do tipo que ignorava detalhes.
— Tem certeza? Parece que a ligação te abalou.

— Não é nada — Sofia respondeu rapidamente, tentando encerrar o assunto.

Leon a encarou por alguns segundos, desconfiado, mas decidiu não pressioná-la naquele momento. Seja o que for, não vou forçá-la a falar... ainda.

— Bem, de qualquer forma, já combinamos quase tudo. Se precisar de algo para a viagem, é só me avisar — ele disse, deixando o clima mais leve.

Sofia apenas assentiu, mas por dentro sua mente estava a mil. Precisava se manter focada na mentira e, ao mesmo tempo, descobrir como lidar com o drama familiar que a perseguia.

A cada passo que dava nesse acordo, Sofia sentia como se estivesse entrando mais fundo em um labirinto do qual seria difícil sair ilesa.

A cada passo que dava nesse acordo, Sofia sentia como se estivesse entrando mais fundo em um labirinto do qual seria difícil sair ilesa

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