Wolfgang: Do alemão, Wolf, que significa lobo e Gang que significa caminho. A união das palavras pode se referir a "caminho do lobo" ou "jornada do lobo."
Mikael: Vem do hebraico Mikha'el. Significa quem é como Deus. É um arcanjo retratado como um guerreiro protetor, mensageiro divino e que traz cura aos enfermos.
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Janeiro de 1983Era o dia do casamento do Levi e eu estava me arrumando para esse evento. Parei diante do espelho para me barbear e olhei para a figura no reflexo.
Olhos abatidos, o nariz torto e várias cicatrizes na região da sobrancelha. Isaac, Levi, polícia, detentos. Todos eles deixaram marcas em mim.
A lembrança amarga, do tempo que passei preso, me veio.
Alguns meses depois do falecimento do Wolfgang, o Isaac invadiu a minha casa, pronto para matar a minha mãe, irmão e eu. O desgraçado chegou a acertar um tiro no meu ombro, porém, eu fui mais rápido. Atirei nele e o matei com os socos que desferi contra a sua cabeça. Descontei toda a fúria da perda do amor da minha vida.
O Isaac morreu, eu o matei. Fui preso e passei muito tempo recorrendo na justiça, até o júri entender meu ato como legítima defesa. Após sair da cadeia, passei um tempo trabalhando como marceneiro até que o doutor Antônio, por sua influência no São Francisco, conseguiu me colocar de volta na equipe do hospital.
Fui absolvido, mas minha expiação veio com a perda do Samuel. Ele ficou com tanto medo de mim que nunca mais falou comigo.
Foi por ser um pecador terrível e fratricida que não aceitei o convite para ser padrinho de casamento do Levi. Sua noiva, Cassandra, portanto, escolheu o tio dela para esse papel.
Após fazer a barba e tomar banho, vesti minhas melhores roupas. Uma camisa social azul, calças de linho bege e uma gravata também azul. Sentei na minha cama, acendi um cigarro e peguei a minha carteira.
Abri e olhei para a foto, do Wolfgang, dentro dela. Recebi aquela fotografia de presente do Wilhelm. Era o meu amor no casamento de sua prima. Ele foi fotografado distraído, sentado sozinho à mesa, olhando para o nada e com um cigarro entre os dedos.
— Falta você. — Falei, como se ele pudesse me ouvir. — Sempre falta você.
Eu morri junto com ele. Naquela noite horrível, quando o coração dele parou e doutor Antônio atestou seu óbito, senti a minha alma se desfazer. Me mantive firme pelo Wilhelm, que abraçou o filho e chorou sobre ele. O médico e eu precisamos o segurar e aplicar um tranquilizante, à força, para o fazer soltar o corpo do Wolfgang.
Fui para casa depois disso e chorei até vomitar. Lembrar do Samuel, ao meu lado, entendendo que eu estava sofrendo, me matava.
Desde então, nunca mais consegui me relacionar com ninguém. Tentei namorar, tanto com homens como com mulheres e nunca me apaixonei de verdade, só parti alguns corações. Nenhuma dessas pessoas era o meu Wolfgang. Portanto, acabei me tornando um homem de uma única noite, em meus esporádicos lapsos de desejo.
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Filhos da Entropia
Mystery / ThrillerNo ano 1973, vivendo na época da Ditadura Militar, Wolfgang era um jovem brasileiro pobre, gay, filho de um imigrante austríaco, órfã de mãe e sem quase nenhuma perspectiva de vida. Trabalhando em um bar péssimo, ele vai vivendo os dias entre incont...