doze

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Capitulo pode conter erros de digitação, desde já peço desculpas, e ótima leitura :)

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Lea estava sentada no jardim, abraçada à garrafa de cerveja, com os olhos perdidos na escuridão que envolvia a festa. O álcool já tomava conta de seus sentidos, deixando-a irritada até com o zumbido de uma mosca. Seus pensamentos, no entanto, estavam fixos em uma única imagem: o beijo entre Billie e Odessa, que ela tinha visto na cozinha quando fora buscar um copo de água.

Ela tinha vindo para a festa com um plano, finalmente revelar seus sentimentos por Billie, mas agora isso parecia uma piada cruel. O que ela viu naquela cozinha só confirmou o que sempre temia — que Billie nunca a veria do jeito que ela a via.

O som de passos a fez suspirar. Ela não queria falar com ninguém, muito menos com Claudia ou Finneas, que certamente perceberiam seu estado. Mas então, uma figura familiar se aproximou e se sentou ao seu lado. Billie.

Lea sentiu o estômago revirar, e tudo dentro dela gritou para se levantar e sair dali, mas estava bêbada demais para isso. Em vez disso, ela permaneceu onde estava, segurando a garrafa com força.

— Você está... bêbada? — Billie perguntou, com uma expressão de leve curiosidade misturada com um sorriso. Sua voz era suave, mas havia uma ponta de humor.

Lea balançou a cabeça, uma tentativa desajeitada de negar o óbvio.

— Não... não muito — murmurou, com a língua ligeiramente enrolada. — Só... só um pouquinho.

Billie soltou uma risadinha e olhou para ela com um brilho nos olhos, achando graça do jeito desajeitado de Lea.

— Só um pouquinho, é? — Billie brincou. — Porque parece que você mal consegue falar direito.

Lea bufou, irritada, não tanto com Billie, mas com a situação em geral. Sentia-se perdida, e a única coisa que queria naquele momento era esquecer o que tinha visto. Ela tomou um grande gole da cerveja, sabendo que não ajudaria, mas incapaz de se controlar.

— Onde está sua... sua namorada? — Lea soltou de repente, sua voz saindo mais cortante do que pretendia. Sabia que o álcool estava falando mais alto, mas não conseguia evitar.

Billie piscou, surpresa com a pergunta, e então franziu a testa levemente.

— Namorada? — repetiu, confusa. — Você tá falando da Odessa?

Lea bufou de novo, dessa vez com mais força. Só o nome já a fazia querer gritar.

— Claro que estou falando dela. Quem mais seria? — Lea desviou o olhar, mordendo o lábio. — Não pareceu que vocês estavam apenas... sei lá, se divertindo. Vocês pareciam bem... íntimas na cozinha.

Billie olhou para Lea por um longo momento, tentando entender aonde aquela conversa estava indo. Depois de um instante, sua expressão mudou. Ela inclinou a cabeça, e um sorriso incrédulo surgiu em seus lábios.

— Espera aí... — disse Billie, a voz suave, mas divertida. — Isso é... ciúme?

Lea virou o rosto, sentindo o sangue subir até seu rosto. Ela queria negar, queria evitar a conversa, mas o álcool e as emoções há muito reprimidas não deixavam. Em vez de negar, ela riu, mas foi uma risada amarga, carregada de frustração.

— E se for? — murmurou, sua voz mais baixa, mas cheia de intensidade. — E se eu estiver com ciúmes, Billie? Você acha que eu não tenho motivo?

Billie ficou em silêncio, surpresa pela resposta direta de Lea. Seus olhos analisavam o rosto da amiga, e então ela finalmente falou, com mais seriedade.

— Lea, eu e Odessa... não somos namoradas. Nem perto disso. Já ficamos, algumas vezes mas eu não tenho sentimentos por ela.— Billie fez uma pausa, como se escolhesse as palavras cuidadosamente. — O beijo... foi um erro. Foi confuso, mas não significa nada pra mim. Eu juro. Não tem nada entre nós.

Lea riu de novo, mas dessa vez havia uma tristeza profunda em sua risada. Ela balançou a cabeça, incrédula, e tomou mais um gole da cerveja, embora seu estômago estivesse se revirando de ansiedade.

— Não significa nada pra você... mas o que significa pra mim? — Ela levantou os olhos para Billie, e ali havia dor misturada com frustração. — Eu... — Ela parou, tentando encontrar as palavras certas. — Eu gosto de você, Billie. Desde... desde que eu tinha doze anos. E eu vim aqui hoje pra finalmente te contar, pra te dizer tudo. Mas aí eu vi você com ela, e tudo o que eu tinha planejado simplesmente... desapareceu. Porque parecia tão óbvio que você nunca me veria desse jeito. Que eu nunca seria... suficiente pra você.

Billie ficou imóvel, a expressão suavizando ao ouvir as palavras de Lea. Ela piscou algumas vezes, processando o que havia acabado de ouvir. Seus olhos, antes cheios de curiosidade e humor, agora brilhavam com uma mistura de surpresa e compreensão.

— Lea... — começou Billie, a voz mais baixa, quase hesitante. — Eu não fazia ideia de que você se sentia assim. De verdade. — Ela deu uma leve risada, quase incrédula. — Você gostava de mim... desde os doze?

Lea assentiu lentamente, sua garganta apertada com a emoção.

— Sim. Eu sempre gostei. Mas... eu nunca soube como te dizer. E quando eu me mudei e fui embora, eu pensei que tinha perdido a chance. Mas então você voltou, e tudo o que eu achava que tinha esquecido... voltou também.

Billie respirou fundo, claramente tentando entender tudo o que estava acontecendo.

— Eu... não sei o que dizer — confessou Billie, sua voz suave. — Isso é... muita coisa pra processar. Mas eu sei que nunca quis te machucar, nunca quis que você sentisse que não era importante pra mim. Porque você é. Sempre foi. — Ela olhou fundo nos olhos de Lea, a sinceridade em sua voz. — Eu só não sabia. Eu... não sabia que você me via dessa forma.

Lea soltou o ar que nem percebeu que estava segurando. Por mais que as palavras de Billie fossem reconfortantes, ainda havia uma dor em seu peito, um medo de que seus sentimentos não fossem correspondidos.

— Eu não espero que você sinta o mesmo — disse Lea, finalmente. — Eu só... precisava tirar isso de dentro de mim. Não podia mais guardar.

Billie assentiu, ainda processando tudo. Ela estendeu a mão, tocando de leve o braço de Lea, num gesto de carinho e apoio.

— Vamos com calma, tá? — disse Billie, sua voz cheia de cuidado. — Isso é muita coisa pra nós duas. Mas a última coisa que quero é que você ache que o que eu fiz com a Odessa significa algo. Não significa. Eu só... estou tentando entender, sabe?

Lea assentiu de novo, embora seu peito ainda estivesse apertado com a incerteza. Mesmo que Billie estivesse tentando ser gentil, o medo de que suas palavras não fossem suficientes ainda persistia.

— Tudo bem — disse Lea, finalmente, com um suspiro. — Eu só... precisava falar. Deixar isso sair.

Billie sorriu levemente e apertou o braço de Lea de novo antes de se levantar.

— Vamos voltar pra festa? — perguntou Billie, estendendo a mão para ajudar Lea a se levantar. — Prometo que a gente vai conversar mais sobre isso depois, com calma. Mas agora, acho que você precisa de água, e não de mais cerveja.

Lea soltou uma risada curta, aceitando a ajuda de Billie para se levantar. Mesmo com o peso da confissão, sentiu-se um pouco mais leve. Agora, a verdade estava fora, e por mais que o futuro fosse incerto, pelo menos ela não estava mais carregando o fardo sozinha.

Conforme elas voltavam juntas para dentro da casa, Lea sabia que aquela conversa não havia resolvido tudo, mas tinha sido um passo importante. E, pelo menos por agora, isso era o suficiente.









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notes of longing - billie eilish (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora