dois (memorias)

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Capitulo pode conter erros de digitação,
desde já peço desculpas, e ótima leitura :)

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Lea não se lembrava exatamente de quando conhecera Billie e Finneas, apenas que sempre estiveram lá. Era como se fossem uma extensão de sua própria casa. Desde pequena, os dois irmãos O'Connel pareciam completar suas rotinas diárias. Quando as vozes altas de sua mãe e padrasto ecoavam pela casa, era no quintal dos O'Connel que ela encontrava refúgio.

— Ei, Lea! Rápido, antes que a gente perca a melhor parte! — A voz de Billie soava vibrante, chamando Lea para assistir o pôr do sol do telhado da casa.

Eles estavam lá em cima, os três deitados, quase se equilibrando nas telhas, observando o céu transformar-se em tons de laranja e rosa. Finneas, sempre quieto e com a câmera na mão, registrava cada segundo, rindo das conversas soltas que Billie e Lea dividiam.

— Um dia, quando formos grandes, vamos fazer isso todos os dias. — Billie afirmou com convicção, apontando para o céu como se ele fosse o próprio palco de seus sonhos.

— Você acha que vai mesmo virar cantora, Billie? — Lea perguntou com um tom de admiração.

Billie a olhou com determinação.

— Tenho certeza, e você e o Finneas vão estar lá comigo.

Finneas deu de ombros, olhando para Lea com um sorriso leve.

— Ela já até nos deu cargos. Eu serei o produtor e você será a conselheira.

Eles riram juntos, e Lea sentiu um calor confortável no peito. Ao lado deles, sentia que tinha uma família, uma segurança que lhe escapava em sua própria casa.

Mas, aos poucos, esses momentos leves começaram a dividir espaço com sentimentos diferentes, novos e misteriosos. Com o tempo, essa proximidade revelou sentimentos que Lea nunca imaginou. A princípio, eram apenas trocas de olhares, e um certo nervosismo quando Billie se aproximava demais. Mas certo dia, no porão onde sempre ensaiavam, Billie percebeu.

— Você está estranha — disse Billie, com um sorriso provocante. — Está escondendo alguma coisa de mim?

— Não estou! — Lea corou, desviando o olhar, mas Billie a observava com aquele olhar sério, curioso, como se tentasse entender cada parte dela.

— Sabe... — Billie sussurrou, aproximando-se de Lea. — Eu sempre senti que você era especial. Mais do que uma amiga.

Antes que Lea pudesse responder, Billie se inclinou e os lábios das duas se tocaram em um beijo breve, mas intenso, um segredo compartilhado que guardariam apenas para elas.

Os dias seguintes foram envoltos em uma felicidade que Lea nunca sentira. Mesmo quando voltava para casa e se deparava com a tensão entre sua mãe e o padrasto, ela mantinha o sorriso. Era como se o mundo com Billie fosse um refúgio que nada poderia afetar. Mas essa sensação de segurança foi abalada naquela noite chuvosa.

A briga entre sua mãe e o padrasto atingira um nível inédito. Ele gritava, e Lea se encolheu, tentando evitar o confronto.

— Você não vale nada, Lea! Assim como sua mãe!

Foi então que sua mãe apareceu na porta do quarto, os olhos vermelhos e a voz trêmula.

— Vamos embora, Lea. Agora.

Ela a puxou pela mão, praticamente arrastando-a até o carro. Lea tentou argumentar, mas a mãe estava cega pela raiva.

— Mãe, está chovendo muito... vamos esperar?

Mas sua mãe não ouvia. Ela acelerou pelas ruas molhadas, os pneus chiando e os limpadores do para-brisa trabalhando em vão para limpar a visão. Lea se segurou no banco, o coração batendo forte, enquanto observava a expressão transtornada da mãe.

— Mãe, por favor... vamos voltar...

— Não, Lea! Não posso mais! Preciso respirar longe dele, longe de tudo!

A colisão foi rápida e brutal. Houve um som de vidro quebrando e o carro se sacudiu. Tudo escureceu, e Lea apenas ouviu o eco de sua própria respiração.

Quando acordou, estava no hospital. Sua mãe estava bem, mas algo mudara para sempre. Dias depois, Lea soube que a guarda dela fora transferida para o pai, que morava em outro estado. Era a única alternativa.

A despedida foi devastadora. Billie e Finneas estavam na calçada, e Lea mal conseguia segurar as lágrimas.

— Não precisa chorar, vamos nos ver logo, Lea! — Finneas tentou manter o otimismo, mas a voz estava trêmula.

Billie segurou a mão de Lea, com os olhos brilhando.

— Promete que vai escrever? Que nunca vai me esquecer?

Lea tentou sorrir, mas sentia como se o coração fosse se partir.

— Eu prometo, Billie. Prometo que nunca vou esquecer.





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notes of longing - billie eilish (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora