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Kyra
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Ter a possibilidade de ver Crystal mais uma vez e saber que poderia descobrir como ela estava, foi o que me convenceu a sair da minha sala e ir em direção a minha antiga classe. E parando  bem para pensar, esse encontro não é minha culpa, foi culpa do destino, ele sim que estava insistindo em nos manter perto, não eu…

Obrigada, destino!

Fiz um plano mental enquanto ia para a sala de aula: não vou me sentar perto dela, vou ficar do outro lado da sala, o mais longe possível. Estava certa disso. Mas quando a vi, meu cérebro parou de raciocinar, e simplesmente comecei a fazer tudo ao contrário do que tinha planejado.

Sabia o que não deveria fazer, mas porque mesmo assim faço? Para começo de conversa, onde eu estava com a cabeça em pensar que conseguiria ficar longe?

Nesse exato momento lá estava eu, sentindo o coração acelerado mais do que nunca, com o seu perfume de flores e o cheiro de morango do seu shampoo, acabando com qualquer possibilidade minha de pensar.

O fato que meu corpo se arrepiava cada vez que nos tocamos por um acidente ou quando me via causando alguns desses contatos, não facilitava em nada em voltar com o meu foco.

Porra, era tão difícil lutar contra ao que ela me faz sentir.

— É difícil me concentrar quando minha ex-namorada está tão… perfeitamente, perto – confessou, terminando em um sussurro.

Foi como se a consciência finalmente me encontrasse, do jeito mais cruel que ela poderia me encontrar. Meu peito apertou de um jeito que quase se tornou uma dor física. Mordi o canto da boca e desviei os olhos dela para o meu caderno.

— Você não deveria se desconcentrar assim – murmurei — Não deveria deixar que eu tenha esse efeito ainda em você – minha voz tremeu, e a vontade de chorar me alcança.

Caramba Kyra, o que você está fazendo…?

— Você nunca chegou perto de deixar de ter – meu peito se apertou mais, fechei com força as mãos sobre a mesa, mordendo o canto da boca internamente em uma tentativa desesperada de afastar o choro. — Isso não deveria ser uma surpresa

Já não sabia ao certo o que sentia agora, era uma grande bagunça entre tristeza, desejo e felicidade.

Não saberia dizer qual entre elas se sobressaia mais. Ouvir o que ela acabou de dizer fazia uma parte de mim ficar feliz, felicidade seria pouco, essa parte gostaria de soltar fogos de artifício, nesse exato momento.

Era muito bom ouvir aquilo, isso fazia algo se acender dentro de mim de um jeito surreal.

Mas por outro lado, tinha a outra parte, que está triste que poderia facilmente se deitar em posição fetal e chorar mais do seria capaz.

Saber que ela se importa ainda, significa que eu estou sendo a causa de um sofrimento, que nunca quis lhe causar. E saber que você está fazendo alguém que ama sofrer, era difícil.

Doía, pra caralho.

Então assim que o alarme soou, não pensei duas vezes em sair de lá o mais depressa que pude. Só não contava que Crystal sairia da sala, com a mesma urgência que a minha para me seguir.

(Nem) Todos os Clichês São IguaisOnde histórias criam vida. Descubra agora