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Alice passou os dias seguintes em um turbilhão de emoções. A decisão de pedir um tempo a Gabriel a fez se sentir em pedaços, como se tivesse quebrado algo que mal estava começando a se formar. Mas, ao mesmo tempo, havia um alívio, uma sensação de que finalmente tomava controle de uma situação que parecia estar indo além de suas forças. Ela ainda não sabia o que fazer com aquele espaço que havia pedido, mas a dúvida, embora dolorosa, a permitia respirar um pouco mais livre.

Durante a semana, ela se afastou. Não falava com Gabriel, nem com Luísa. Ela tentava se ocupar, mas o vazio sempre voltava. Quando se deitava à noite, a imagem de Gabriel ficava em sua mente, ainda cheia de questionamentos, e as palavras não ditas entre eles pesavam mais que qualquer explicação. Ela sabia que ele estava tentando, mas ela não sabia mais se seria capaz de confiar nele.

No entanto, algo parecia mudar dentro dela. Era como se a distância permitisse que Alice começasse a enxergar as coisas com um pouco mais de clareza. Ela não sabia se ainda o amava ou se o medo de ser magoada falava mais alto. Ela queria acreditar no que Gabriel lhe dizia, mas, ao mesmo tempo, algo em seu coração ainda lhe dizia para ter cuidado.

Certa manhã, enquanto caminhava pelo campus, Alice viu Gabriel à distância. Ele estava com alguns amigos, rindo, mas algo no seu olhar chamou a atenção dela. Era como se ele estivesse à procura de algo. Quando seus olhares se cruzaram, Alice sentiu um aperto no peito. Ele não havia dito nada desde o dia em que ela o afastou, mas naquele instante, ela soubera que ele não havia desistido.

Alice parou, sem saber o que fazer. Ela queria correr até ele e pedir desculpas, mas ao mesmo tempo, algo dentro dela a impedia. O medo, o receio de que tudo aquilo fosse um erro. Ela não sabia como recomeçar depois de ter dado esse passo atrás.

Gabriel, por outro lado, a observava com um olhar triste, mas também cheio de determinação. Ele sabia que a distância havia feito com que ela se fechasse mais, mas ele não estava disposto a desistir. No fundo, ele sabia que ela não queria perder o que tinham, mas o medo ainda era maior.

A tensão no ar era palpável, e Alice sentiu uma pressão crescente dentro de si. Ela queria que ele a chamasse, queria que ele fosse direto, mas Gabriel se manteve quieto, como se estivesse esperando que ela tomasse a iniciativa. O silêncio entre eles era pesado, mas ao mesmo tempo, havia algo profundo e sincero naquele momento.

Ela se virou, decidida a continuar seu caminho, mas antes que desse um passo, ouviu uma voz atrás de si:

"Alice..."

Era Gabriel. O som do seu nome saindo de seus lábios a fez parar imediatamente. Ela se virou devagar, com o coração batendo forte no peito.

"Eu não sei o que você sente agora, e eu não sei o que vai acontecer, mas eu preciso que você saiba que não vou te deixar ir. Não importa quanto tempo leve. Eu só preciso que você me permita tentar. Me permita mostrar que posso ser a pessoa que você precisa."

O olhar dele era sincero, mas cheio de incerteza. Ele não sabia se aquilo iria funcionar, mas estava disposto a tentar. Alice sentiu o nó na garganta apertar, mas ela sabia que não poderia continuar se escondendo de seus sentimentos para sempre.

"Eu... eu não sei, Gabriel", ela sussurrou, a voz cheia de dor. "Eu não sei se consigo. Eu tenho tanto medo de me machucar de novo."

Ele deu um passo à frente, mais próximo dela agora. "Eu entendo, Alice. Mas, por favor, me dê uma chance. Eu não quero te perder."

Alice olhou para ele, os olhos brilhando com a luta interna que travava. Ela queria acreditar nele, mas o medo ainda a dominava. Mas, por um momento, ela sentiu que talvez, apenas talvez, pudesse dar um passo à frente, mesmo que fosse um pequeno passo.

"Eu preciso de mais tempo", ela disse, mas sua voz agora estava mais suave, mais disposta a ouvir o que ele tinha a dizer.

Gabriel assentiu, o alívio visível em seu rosto. "Eu vou esperar o tempo que você precisar, Alice. Eu só quero estar ao seu lado, no seu tempo."

E, naquele momento, Alice sabia que o caminho à frente ainda era incerto. Mas algo dentro dela se acendeu, uma fagulha de esperança. Ela não sabia o que o futuro reservava, mas estava começando a entender que talvez fosse hora de dar uma chance para o que ainda estava por vir.

O silêncio entre eles se desfez, mas as palavras ainda estavam pendentes. Alice sabia que não tinha todas as respostas, mas, pela primeira vez em muito tempo, ela sentiu que talvez pudesse encontrar o seu caminho, mesmo que fosse um passo de cada vez.

me ensina a amarOnde histórias criam vida. Descubra agora