Os dias após a conversa com Luísa haviam sido um turbilhão emocional para Alice. Ela tentava se concentrar nas aulas, mas sua mente estava em outro lugar, como se estivesse flutuando, incapaz de se ancorar em alguma coisa concreta. A amizade com Luísa ainda estava quebrada, embora não houvesse mais silêncio entre elas. Mas a sensação de estar perdendo algo estava constantemente em seu peito, como se o ar estivesse mais denso e difícil de respirar.Alice sabia que o buraco que havia aberto entre ela e a amiga não seria fácil de preencher. Mas, no fundo, sentia que a conversa com Luísa, embora dolorosa, tinha sido o primeiro passo para sua recuperação. As palavras de Luísa ainda ecoavam em sua mente, principalmente quando ela dizia que Alice estava se escondendo. Alice sabia que era verdade. Ela se escondia não apenas dos outros, mas de si mesma. E, agora, mais do que nunca, ela queria entender por quê.
No entanto, o maior peso não estava apenas nas palavras de Luísa, mas em algo que havia ficado sem resposta. O que fazer com Gabriel?
Ela o evitava o máximo possível, tentando se enganar dizendo a si mesma que ele não era uma prioridade. A dor que ele causou, mesmo sem querer, ainda estava cravada dentro dela como uma lâmina afiada. Não sabia se queria continuar com ele, se o que eles tinham ainda era real ou se havia se perdido em meio ao caos de suas próprias inseguranças.
Ela ainda lembrava daquela última vez que o viu no pátio, a expressão de tristeza e confusão em seu rosto quando ela se afastou sem dizer uma palavra. Aquela cena ainda martelava em sua cabeça, e a cada dia que passava, mais ela sentia que estava se afastando de algo que poderia ser importante, mas ao mesmo tempo, não sabia se conseguiria dar um passo adiante sem que a dor a consumisse por completo.
Era um ciclo vicioso: ela queria a verdade, mas o medo de se machucar a impedia de dar o próximo passo. E assim, ela continuava se afastando, se encolhendo no próprio medo, se afastando de Gabriel, mas também de si mesma.
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Naquela tarde, Alice estava em sua sala de estudo, tentando se concentrar em um trabalho da faculdade, quando algo a fez parar. Uma mensagem no celular. Era de Gabriel.
"Precisamos conversar."
Alice congelou por um instante, o coração batendo mais rápido. Era a primeira vez que ele tentava entrar em contato desde o episódio no pátio. Ela olhou para a tela, sem saber o que fazer. Parte dela queria ignorar, mas algo dentro de si também queria entender o que ele tinha a dizer. Afinal, ele tinha prometido tentar, não é mesmo?
Ela hesitou, os dedos sobre a tela, e finalmente decidiu responder.
"Agora não. Eu não sei o que fazer com tudo isso."
Ela leu e releu a mensagem antes de apertar enviar. Um misto de alívio e ansiedade tomou conta dela. Ela sabia que estava se protegendo, mas não sabia até que ponto poderia continuar se escondendo. Mesmo assim, a resposta de Gabriel a surpreendeu.
"Entendo. Mas, por favor, me avise quando estiver pronta. Eu ainda quero tentar, Alice. Não desisto de nós."
As palavras dele causaram um calor em seu peito, um calor que ela não estava mais acostumada a sentir. Era como se tudo o que ela queria estivesse ao alcance das mãos, mas ela não soubesse se estava disposta a alcançar.
Ela ficou olhando para o celular por alguns minutos, imersa em pensamentos, até que decidiu que precisava sair. Algo dentro de si dizia que ela precisava encontrar respostas. E não poderia encontrar nada ali, na segurança de seu quarto e de suas dúvidas.
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Alice caminhou pelas ruas de sua cidade, o som dos seus passos misturando-se ao vento frio da tarde. Ela não sabia exatamente para onde estava indo, mas sentia que precisava caminhar, se afastar de todos os conflitos internos que estavam corroendo sua paz.
Foi então que ela o viu. Gabriel estava parado na entrada de uma cafeteria, sozinho, com a cabeça baixa, como se esperasse algo ou alguém. Alice parou a alguns metros de distância, sem saber se deveria ir até ele ou apenas se virar e sair dali.
Mas algo dentro de si a puxou para perto. Ela se aproximou dele lentamente, tentando ignorar o tremor nas mãos.
Gabriel a percebeu assim que ela se aproximou, e seu rosto, que até então estava fechado, se abriu em um sorriso suave, mas hesitante. Ele deu um passo à frente, como se quisesse cumprimentá-la, mas Alice apenas parou ali, a poucos passos dele, sentindo a tensão no ar.
"Oi, Alice", ele disse, a voz baixa, mas carregada de um sentimento que ela não conseguiu identificar.
Alice olhou para ele, buscando alguma pista em seu olhar, mas tudo o que ela viu foi uma fragilidade que ela não esperava. Um Gabriel diferente, mais vulnerável do que ela jamais o vira.
"Eu... Eu não sei o que fazer, Gabriel", ela falou, as palavras saindo de maneira trêmula. "Eu não sei o que está acontecendo, o que eu estou sentindo. Eu não posso continuar assim, me afastando de você, me afastando de tudo. Mas também não sei se posso acreditar de novo. Não sei se é possível confiar em você, em mim mesma, em tudo."
Gabriel ficou em silêncio por um momento, a expressão dele suavizando enquanto ele a observava. Ele parecia tão perdido quanto ela, mas algo em seu olhar era sincero.
"Alice, eu não quero ser a razão de você se sentir perdida. Eu não sei o que mais posso fazer para te mostrar que estou aqui, que quero estar ao seu lado. Eu sei que te machuquei, e me arrependo disso todos os dias. Mas não quero te perder. Não sei mais o que seria de mim sem você."
Alice olhou para ele, sentindo o peso das palavras dele em seu peito. Mas, ao mesmo tempo, o medo de se entregar novamente a esse sentimento a impedia de dar o próximo passo.
"Eu não sei se posso voltar a confiar em você, Gabriel. Não sei se sou capaz de deixar o medo de lado, de arriscar mais uma vez. Eu... Eu preciso de tempo. Eu preciso encontrar uma forma de me entender."
Gabriel olhou para ela, os olhos brilhando com uma mistura de dor e esperança. "Eu te entendo, Alice. E vou te esperar. Não importa quanto tempo leve, vou esperar você. Só não me deixe ir. Não me deixe, por favor."
Alice sentiu o coração apertar com as palavras dele. Ela não sabia o que o futuro reservava, mas, naquele momento, sentiu que a única coisa que poderia fazer seria seguir em frente. Não sabia o que estava por vir, mas sabia que, por mais difícil que fosse, ela precisava tentar.
"Eu não vou te deixar, Gabriel", ela disse finalmente, a voz firme, mas cheia de incerteza. "Mas, por favor, entenda, eu preciso de tempo para me encontrar. Para entender tudo o que estou sentindo."
Ele sorriu suavemente, um sorriso que parecia preencher o vazio entre eles. "Eu entendo, Alice. E eu vou esperar. Eu sempre vou esperar."
Alice olhou para ele, e, pela primeira vez em muito tempo, sentiu uma chama de esperança se acender em seu peito. Talvez, no final, fosse possível acreditar no que ainda estava por vir.
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me ensina a amar
RomancePLÁGIO É CRIME? SIM. A violação dos direitos aurorais é CRIME previsto no artigo 184 do Código Penal3, com punição que vai desde o pagamento de multa até a reclusão de quatro anos, dependendo da extensão e da forma como o direito do autor foi violad...