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O dia seguinte amanheceu nublado, com o céu cinza espalhando uma sensação de calma sobre a cidade de Manchester. Alice acordou cedo, como sempre fazia, mas dessa vez algo era diferente. A decisão que tomou na noite anterior ainda pairava em sua mente, mas, ao contrário do que imaginava, não havia peso. Havia leveza. Como se, de alguma forma, ela tivesse colocado um ponto final necessário em um capítulo da sua vida, dando espaço para novos horizontes.

Ela se levantou, se alongou lentamente, e foi até a janela. A cidade estava em movimento, mas ela estava ali, parada, respirando profundamente e se preparando para mais um dia que poderia ser o começo de algo grande. Era como se, ao se desprender de Gabriel, estivesse também se afastando de todas as amarras do passado. O que ela tinha agora era a si mesma, e isso parecia suficiente.

Após um café rápido, ela decidiu que sairia para explorar a cidade. Precisava de um momento para refletir, mas também queria sentir a energia das ruas de Manchester, a cidade que ainda estava distante, mas que de alguma forma começava a se tornar familiar. Ela vestiu um casaco preto, simples e elegante, e saiu pela porta do hotel, já sentindo o ar fresco da manhã invadir seus pulmões.

As ruas estavam cheias de pessoas indo e vindo. Alguns turistas, outros moradores locais. Alice caminhou pelas calçadas, sem pressa, se permitindo absorver tudo ao seu redor. As lojas de souvenires, os cafés charmosos e o som dos passos apressados das pessoas pareciam formar uma melodia que lhe dava uma sensação de pertencimento.

Ela não sabia exatamente para onde estava indo, mas sabia que precisava sentir a cidade, se conectar com ela de alguma forma. O futebol, a paixão que uniu tantas culturas ao redor do mundo, estava ali em cada esquina, em cada conversa. Ela não podia negar a força que esse esporte tinha sobre ela, como o som da bola batendo no campo trazia à tona sentimentos profundos, que ela ainda não conseguia explicar. E, agora, estava no epicentro de tudo isso.

Ela encontrou um pequeno café, com vitrines de vidro que deixavam a luz entrar suavemente. Decidiu entrar, pedir um café e sentar perto da janela. À medida que observava a cidade, seu pensamento se voltou para o futuro. O que viria a seguir para ela? O que faria com tudo o que tinha vivido até ali?

O celular vibrou, e Alice sentiu um leve arrepio. Era uma mensagem de Marcelo:

“Oi, Alice. Como está o seu dia? Espero que tenha descansado um pouco após a cobertura do jogo. Quero conversar com você sobre uma nova oportunidade. Se puder, me avise quando estiver disponível.”

Ela sorriu. Marcelo sempre tinha esse jeito direto, mas acolhedor. Era claro que ele acreditava em seu potencial, e ela sentia que ele estava prestes a lhe dar uma nova chance, talvez algo ainda maior. Ela sabia que aquela mensagem era um sinal: o mundo da comunicação esportiva estava se abrindo para ela, e ela estava pronta para aproveitar.

Respondeu rapidamente:

“Oi, Marcelo. Estou bem, descansando um pouco e me familiarizando mais com a cidade. Quando você puder, estou à disposição para conversar. Mal posso esperar para saber o que está por vir.”

Enquanto aguardava a resposta, Alice observou as pessoas lá fora, suas vidas se cruzando, e se sentiu grata por ter a oportunidade de escrever suas próprias histórias agora. Ela não sabia o que o futuro traria, mas uma coisa era certa: ela não estava mais presa ao passado. Seus passos agora eram guiados por uma nova confiança, uma que ela não imaginava ter, mas que surgiu quando tomou a decisão de se libertar.

Marcelo respondeu rapidamente:

“Vamos marcar uma reunião para amanhã à tarde. Tenho algo grande em mente para você. Aguarde meu contato. Até logo!”

Alice sentiu uma excitação tomar conta de seu corpo. Ela não sabia o que Marcelo tinha em mente, mas o fato de ele querer conversar com ela sobre algo "grande" a deixou animada. Talvez fosse uma nova cobertura, talvez fosse algo ainda mais desafiador. O importante era que ela estava pronta para qualquer coisa.

Ela sorriu para si mesma, saboreando seu café e sentindo uma onda de otimismo. Estava começando a entender que, por mais que o passado tenha moldado quem ela era, o futuro estava ali, pronto para ser escrito.

E, com um suspiro profundo, Alice se levantou da cadeira. Era hora de voltar ao hotel, se preparar para a reunião com Marcelo e se permitir ser guiada por essa nova fase da sua vida. Ela sabia que a verdadeira jornada estava apenas começando.

Por volta das 14h, Alice retornou ao hotel. Ela tomou um banho rápido, vestiu uma roupa simples, mas elegante, e se olhou no espelho. Seus olhos brilhavam, refletindo a determinação que ela sentia. Era agora ou nunca. Ela respirou fundo, se dando um momento para se concentrar, e saiu em direção ao café onde Marcelo a aguardava.

Quando entrou, viu Marcelo sentado à mesa, já olhando para o celular. Ele levantou a cabeça assim que Alice se aproximou, sorrindo calorosamente.

“Oi, Alice! Fico feliz que tenha conseguido vir. Como está a cidade?” ele perguntou, com aquele tom acolhedor que ela já conhecia.

“Está incrível. Estou começando a me sentir em casa por aqui”, respondeu Alice, sentando-se. “E você, Marcelo? O que tem de novidade?”

Marcelo colocou o celular de lado, fixando seus olhos em Alice. “Então, Alice, já vamos direto ao ponto. Tenho uma grande oportunidade para você. Algo que acredito ser um marco na sua carreira. Como você sabe, a cobertura do jogo foi um sucesso, e eu fiquei impressionado com a sua capacidade de se conectar com a história do esporte, com os jogadores, com a emoção. Isso me fez pensar: você tem algo a mais. Você está pronta para um desafio maior. E eu quero que você seja a jornalista principal de uma nova série de documentários sobre a ascensão de times menores no futebol europeu.”

Alice ficou sem palavras por um momento. A proposta era grandiosa. Ela sabia que cobrir grandes jogos era um feito importante, mas aquilo... era uma chance de mergulhar na verdadeira essência do futebol, nas histórias não contadas, nos desafios enfrentados por aqueles times que não recebem a mesma atenção da mídia.

“Você está falando sério?”, Alice perguntou, tentando conter a empolgação. “Eu... seria a jornalista principal?”

“Sim, Alice”, Marcelo respondeu com um sorriso confiante. “Eu acredito que você tem o potencial para ir além. Você vai viajar por várias cidades, conversar com os jogadores, técnicos e membros dos times, e explorar os bastidores de cada clube. Quero que você mostre ao público histórias que raramente são vistas, que toquem as pessoas e as façam enxergar o futebol de uma nova maneira.”

Alice sentiu uma mistura de excitação e nervosismo. Ela sabia que aquela era uma oportunidade única. Não apenas por ser uma chance de crescer como jornalista, mas porque era uma oportunidade de contar histórias autênticas, longe das capas de jornal e dos holofotes das grandes ligas. Ela poderia finalmente dar voz aos esquecidos, aos que batalham todos os dias sem reconhecimento.

“Eu... estou pronta para isso. Eu aceito”, Alice disse, com um sorriso decidido.

Marcelo estendeu a mão, satisfeito com sua resposta. “Eu sabia que você diria isso. A partir de amanhã, a produção já começa. Vamos passar os detalhes e o cronograma. Você vai ter total liberdade para explorar essas histórias da maneira que achar melhor. Mas lembre-se, é um grande projeto, e o tempo vai ser crucial. Eu confio em você.”

Alice apertou a mão dele, sentindo o peso da responsabilidade, mas também a empolgação de algo novo. Aquela reunião não era apenas sobre um trabalho. Era sobre a chance de dar sentido à sua carreira, de mostrar ao mundo que ela não era mais a jornalista que estava à margem. Ela era agora a contadora de histórias que poderia inspirar milhões.

Marcelo olhou para ela com um sorriso de aprovação. “Você vai fazer um trabalho incrível, Alice. Agora, vá para casa e comece a planejar. O futuro está em suas mãos.”

Ao sair do café, Alice sentiu a cidade de Manchester de uma forma completamente nova. Cada rua, cada esquina, agora parecia ter um significado. Ela estava prestes a escrever seu próprio legado, e aquilo a fazia se sentir mais viva do que nunca.

O futuro, finalmente, estava ao seu alcance.

me ensina a amarOnde histórias criam vida. Descubra agora