Assim que paramos em frente ao bar, eu me apressei em pegar minha bolsa e sair do carro, a tensão lá dentro estava ficando insuportável. Desde o comunicado de que meu exército estava a caminho, Vinicius permaneceu em silêncio o restante do trajeto. Caminhei até a fila, e lá fiquei de braços cruzados, enquanto ele entregava as chaves ao manobrista. Eu acabei de chegar de viagem e ia ver futebol com seus amigos em um bar, isso não me parecia ser uma recepção calorosa. Claro que eu não esperava por um banquete, já que ele mal sabe fazer um macarrão instantâneo, mas me levasse para jantar em algum lugar, até uma pizzaria ou cachorro-quente na rua seria mais receptivo do que cervejas e amendoins. Parei meus pensamentos quando senti suas mãos abraçarem minha cintura, e fiquei imóvel de braços cruzados olhando para frente. Permaneci daquele jeito todo o tempo, movendo apenas minhas pernas enquanto a fila andava. Não sei por quanto tempo permanecemos em silêncio. Talvez cinco minutos, talvez mais, parecia uma eternidade. Respirei fundo, fechando os olhos, tentando relaxar para não estragar a noite.
— Lu. — Meu corpo relaxou no momento em que ouvi aquela voz, era do meu melhor amigo, eu poderia reconhecê-la em qualquer lugar.
Abri os olhos e virei para trás procurando por ele. Lá estava, o vizinho mais lindo que alguém poderia ter. Rafael tinha os cabelos castanhos, curto nas laterais e compridos em cima, e profundos olhos azuis. A pele mais bronzeada que a minha, sua barba sempre perfeitamente cuidada. Mudou-se para o prédio no mesmo ano que eu, desde então não nos desgrudamos mais. Exceto por dois andares.
Ele caminhava em minha direção como se estivesse desfilando, com uma camisa cinza com gola v que o deixava irresistível. Enquanto se aproximava, vi olhares de várias mulheres da fila em sua direção e de alguns homens também. Ele mexia com as pessoas, e pelo sorriso que se instalava em seu rosto, tinha total noção disso. Quando ele parou em minha frente, praticamente pulei em seu pescoço, apertando-o com força. De repente, percebi que ele não retribuiu meu gesto, afastei um pouco meu rosto para entender por que ele também não me abraçava. Foi então que me dei conta de que um par de braços à minha volta ainda me segurava.
— Pode me soltar pra eu poder cumprimentar meu amigo? — perguntei segurando as mãos de Vinicius e soltando-me de seus braços. — Você já esperou até agora para me ver e me trouxe justamente aqui, então tenho certeza de que pode esperar um pouco mais para atenção exclusiva.
Olhei para ele e esbocei apenas um sorriso fraco em sua direção. Seu rosto era sério, eu via nitidamente sua desaprovação ao meu comportamento. Mas, dessa vez eu não me importava. Assim que me desvinculei de seus braços voltei a agarrar o pescoço de Rafael, ainda mais apertado do que antes. Ele logo passou os braços ao meu redor, erguendo-me do chão, e deu um beijo estralado em minha bochecha. Em seguida aproximou os lábios da minha orelha.
— Problemas no paraíso? — Rafael perguntou baixinho, me fazendo rir. Somente ele entendia minhas ações e como agir diante delas. E tenho certeza de que o tom da minha voz e meu comportamento recente devem ter me entregado.
— Nem queira saber.
— Boa noite. — Ele cumprimentou Vinicius estendendo a mão, que um tanto quanto relutante, retribuiu o gesto. — E a Carol? Não chegou ainda?
Quando fui responder que não, vi a minha loira preferida sair do táxi e comecei a correr até ela. Carol era minha amiga de infância, nossos avós eram vizinhos. Ela era mais alta do que eu, cabelos louros, de pele tão clara quanto a minha. Quando me viu, ela abriu os braços e correu em minha direção dando gritinhos, enquanto eu pulava até ela. Éramos duas ridículas com essas demonstrações públicas de afeto, mas não tínhamos vergonha de compartilhar isso.
— Ai que saudade que eu estava de você — ela disse entre risadas e gritos, enquanto me abraçava. Algum tempo depois nos separamos, cruzamos nossos braços e voltamos animadas até onde os meninos estavam.
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BASTA ME ESCOLHER - degustação
Roman d'amourSINOPSE Luisa tinha sua vida planejada. Terminar os estudos, começar a carreira em um escritório de advocacia, se esforçar para conquistar espaço no mercado de trabalho e ser reconhecida por isso. As únicas coisas que vinham antes de sua carreira er...