CAPITULO 19 - Luisa

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— Que horas eles vão chegar? — perguntou Rafael.

Estávamos sentados em uma das mesas do salão de festas, esperando o momento em que meus pais chegassem. Minha mãe tinha inventado alguma desculpa para trazê-lo aqui sem que soubesse da festa.

— Minha mãe já está a caminho — respondi. — Ela vai me enviar uma mensagem quando chegar.

Neste momento Aninha apareceu correndo, empurrando a perna de Rafael e tentando subir no colo da Carolina, que rapidamente a pegou no colo.

— Chegou a minha gatinha — disse Carol, enchendo a sobrinha de beijos.

Aninha tinha apenas dois aninhos, mas era a coisa mais fofa do mundo. Como de costume, ela estava com duas xuxinhas, deixando os poucos fios espetados para todos os lados. Seus olhos azuis eram tão claros quanto os da mãe, mas os cabelos eram escuros como o do pai. Era uma mistura do melhor de cada um.

— Eu juro que tentei segurá-la em meu colo — disse André quando chegou à mesa.

Debora riu e deitou a cabeça nos ombros do marido.

— É impossível. Basta ela achar a Carol que fica se remexendo até poder ir para o chão e correr, não tem como segurá-la.

Eles eram o típico casal perfeito, daqueles que você vê em capas de revistas e parecem até modelos programados de tão lindos. Debora era ruiva, rosto fino e delicado como a Carol, mas com os olhos azuis. André era alto, ombros largos de músculos bem distribuídos, de rosto bem marcado e lindos olhos escuros. Quando eles começaram a namorar, eu e a Carol babávamos nele. Era impossível não babar, ele é lindo desde muito jovem, sua irmã tinha muita sorte.

— Sentem-se — ofereci. — E obrigada por virem, minha mãe vai gostar de vê-los aqui.

Assim que eles se acomodaram, levantei a mão chamando o garçom para que ele servisse as bebidas. Rafa pediu um suco para Aninha e mostrou a ela, que muito agradecida lhe ofereceu um lindo sorriso mostrando os pequenos dentes que tinha. Ela rapidamente esticou os braços para ele, se inclinando para seu colo. Ele a sentou em sua perna e lhe ofereceu um canudinho.

— Isso é tão injusto, Rafa — reclamou Carol. — Você compra a menina.

Ele deu de ombros e beijou a cabeça de Aninha.

— Ela me ama, fica quieta.

Recebi uma mensagem de minha mãe, avisando que eles tinham chegado. Levantei da mesa preparando os convidados e começamos a cantar parabéns quando eles entraram. Meu pai levou um susto, mas rapidamente se recuperou e começou a sorrir, vendo as pessoas que ali estavam. Quando seus olhos cruzaram com meus, piscou para mim e sorriu. Ele foi de mesa em mesa cumprimentando seus convidados com minha mãe. Aliás, ele a puxava com ela, sua mão não soltava a dela nem por um segundo. A cada vez que mudava de mesa, ele beijava as mãos de minha mãe, em um claro sinal de agradecimento e carinho. Quando meus pais finalmente chegaram à nossa mesa, abraçou a todos agradecendo pela presença. Minha mãe aproveitou que ele finalmente havia soltado suas mãos para me abraçar e foi para a cozinha, pedir para liberarem o jantar. Eu o abracei e enchi sua bochecha de beijos.

— Feliz aniversário, pai.

Ele me apertou em seus braços e beijou o alto da minha cabeça.

— Eu estava até dez minutos atrás falando mal de você.

— O que eu fiz?

Ele me olhou balançando a cabeça em um claro sinal de reprovação.

— Você não me ligou o dia todo, só mandou aquela mensagem de parabéns pela manhã.

Eu soltei uma risada.

— O que você queria que eu fizesse? Fiquei ocupada organizando as coisas aqui, você sabe como a dona Sônia é.

— Você deveria ter me contado — ele me acusou. — Você sabe que eu odeio isso.

Fiz minha melhor cara de inocente.

— E ter estragado a surpresa da minha mãe? Ela me mataria.

Ele riu, concordando comigo e me puxou para um canto, nos afastando da mesa. Eu não entendi o porquê de se afastar, mas o acompanhei.

— Como está? — ele perguntou. — Senti sua falta esta semana. Está gostando do trabalho?

— É ótimo lá, pai. Estou aprendendo muito, e só tem duas semanas.

Ele olhou para a mesa e depois para mim.

— Vejo que as coisas estão melhores entre você e o Vinicius.

Agora eu entendia porque se afastar.

— Nós estamos melhorando. Eu o amo, amo tudo o que ele fez por mim. Ele foi muito importante no ano passado, me consolou e me apoiou o tempo todo. Nunca me julgou ou me cobrou quando precisei me afastar — desabafei. Ele concordou abrindo os braços e eu deitei a cabeça em seu peito. — Não vou negar que por um tempo me acomodei com a forma distante que estávamos, mas agora, vendo ele se esforçar para recuperar o que tínhamos, não posso negar que está me fazendo bem. Eu tinha culpa também, então agora estamos voltando aos trilhos.

— Não confunda gratidão com amor.

— Não é apenas isso, pai, eu sou grata a ele sim, mas eu o amo também.

Ele aceitou minha declaração e me beijou na cabeça. Minha mãe se aproximou, sorrindo ao nos ver abraçados e nos comunicou que o jantar estava servido. Afastei-me deles indo até a mesa avisar aos outros e puxei Vinicius pelo braço. Aproximei minha boca da sua e o beijei. Seus braços me mantinham segura e confortável, era a este sentimento que eu iria me apegar.

BASTA ME ESCOLHER - degustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora