CAPITULO 29 - Luisa (parte 01)

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— Está pronta? — perguntou minha mãe quando entrou em meu quarto.

Ela ficou responsável por me levar ao aeroporto, para embarcar no avião que me levaria a Recife. Na verdade eu tinha muitas opções, eu tinha o Rafa ou a Carol, até mesmo a Adri e o Marcelo se candidataram, mas eu gostei que minha mãe se ofereceu para esta função. Eu estava com saudade dela.

— Sim, acabei de fechar a mala.

Eu estava ansiosa para esta viagem, e também nervosa. Era errado usar a viagem para testar meu namorado, mas era isso que eu faria. Eu queria passar mais tempo com o Vini, aliás, eu precisava passar mais tempo com ele. Essa última semana com o Marcelo me deixou confusa demais, era muita informação para absorver. Eu ainda estava processando toda aquela avalanche de notícias que me foram contadas, tanto por ele quanto pelo Biel, e passando o resto da semana conversando com ele diariamente por telefone também não estava ajudando. Ele me ligava toda noite para conversar sobre nossos dias, e ficar horas falando com um amigo antes de dormir, parecia muito errado. Mas, eu gostava de passar essas horas com ele, de conhecer sobre sua vida e sua família. Saber mais sobre seus irmãos e a relação que eles tinham.

Ele me contou do irmão, do casamento da irmã, dos avós e os pais do Biel. Contou até mesmo muitas histórias engraçadas que eles aprontaram quando criança, e por mais que eu amasse todas as horas por telefone, eu sempre senti um peso na consciência quando desligava. Eu sabia que não estava fazendo nada de errado, mas também não me parecia certo. Eu só queria provar a mim mesma que estava fazendo a escolha certa estando com o Vini.

— Você está agitada — comentou minha mãe ao colocar a mão na minha perna. — Para de balançar essa perna que está me dando agonia.

Eu nem mesmo percebia que estava fazendo isso, era tão automático.

— Desculpa, mãe, é que eu estou ansiosa com a viagem.

— É só com a viagem, ou tem algo mais bagunçando essa cabecinha?

Eu havia comentado com ela sobre o Marcelo, não a história de seus pais, isso parecia algo muito particular para compartilhar, mas todo o resto ela sabia. Eu sempre vi minha mãe como minha melhor amiga antes de tudo.

— Você acha que eu estou fazendo errado? — perguntei. — E seja sincera.

— Alguma vez eu não fui?

— Eu sei, mãe, mas estou pedindo que não seja delicada só porque sou sua filha, quero que realmente me fale o que você acha de tudo isso.

Ela balançou a cabeça e voltou a pôr a mão no volante.

— Eu acho que este rapaz está mexendo com a sua cabeça. Se eu acho isso certo? Não, eu não acho. Mas, também não posso dizer que o que vocês estão fazendo seja algo errado, vocês só estão criando um laço de amizade, embora eu tenha quase certeza que se você não tivesse um namorado ele já teria feito alguma coisa.

Ela riu e eu a acompanhei.

— O que você acha que eu devo fazer?

— Eu não sei, querida, esta é uma coisa que você precisa fazer sozinha. Mas, converse com o Vini — aconselhou ela. — Se achar que deve contar a ele sobre tudo, então conte, embora eu ache que isso só irá deixá-lo inseguro. Você precisa decidir se você é feliz com ele, se este é o relacionamento que você quer. Vocês já estão juntos há três anos, você já deveria saber se ele é o cara para você.

Eu odiava quando ela era sincera demais, às vezes eu só queria que ela dissesse uma mentirinha ou algo que eu pudesse usar como desculpa. Mas, se ela fizesse isso, não seria minha mãe. Eu sabia o que ela queria me dizer, eu precisava descobrir o que eu queria, ou melhor, quem eu queria. Era o Vini? Talvez. Eu usaria esta viagem para descobrir.

BASTA ME ESCOLHER - degustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora