CAPITULO 31 - Marcelo ( parte 02)

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Sua reação lendo foi ainda pior do que a nossa. Embora o golpe de Carlos fosse com a nossa família e todos nós havíamos sido afetados, os autores eram sua namorada e seu sogro, e isso deveria ser bem pior.

— Como vocês conseguiram isso? — ele perguntou.

— A Carla conseguiu acessar o computador da Jessica enquanto ela brigava com a Carol.

Ele se levantou em um rompante, andando no quarto de um lado para o outro.

— Então todo aquele escândalo foi para isso? Todos vocês participaram?

— Não, apenas eu e as meninas — contei. — Você tem que admitir Biel, nós estávamos certos.

Ele concordava com a cabeça, mas não conseguia parar de andar.

— O que nós vamos fazer? — perguntou Luigi.

— Isso é grave, nós temos que denunciá-los — Matteo disse.

— Coitada da Ângela e da Hilda, elas vão ficar tão chateadas — comentou Carla com pesar.

Olhamos para o Biel esperando por alguma reação. Ele permanecia andando de um lado para o outro, agitando as mãos em um claro sinal de nervosismo que não era algo comum para ele.

— Aquela ladra, me enganou todos estes anos com aquela pose de menina certinha, mas olha o que ela foi capaz de pactuar com o pai. Ela mentiu na minha cara ontem quando perguntei o que tanto ela fazia naquela porcaria de notebook. Ela não presta, ela não presta!

Ele saiu correndo do quarto e nós o seguimos. Ele entrou em sua suíte jogando as malas no chão. Jessica olhou assustada para ele, assim como todos nós.

— Sua mentirosa, como você teve coragem de me enganar, Jessica? Por todos estes anos? De trair nossa família, que sempre te acolheu e te tratou tão bem? Como você pôde fazer isso com a gente?

— Eu não fiz nada, do que você está falando? — ela perguntou tentando se aproximar. — O que foi que eles falaram para você agora?

— Eles não falaram nada, eu li. Todos aqueles e-mails conversando com vários de nossos sócios para que eles fossem para o escritório do seu pai, um que ele está abrindo sozinho, e com o dinheiro desviado das doações que nossas avós faziam para ONG's e Instituições de caridade. Como você teve coragem de participar de toda essa sujeira?

Ela então se afastou, olhando para o notebook no colchão.

— Vocês mexeram nas minhas coisas — ela acusou, vindo para nossa direção. — Vocês não tinham o direito de mexer nas minhas coisas.

Biel entrou na frente dela e ela recuou.

— Por que não, Jessica? Responda. Não tínhamos o direito de descobrir a verdade?

Ela chorou e abraçou Biel, que dessa vez não se afastou, mas ficou imóvel.

— Me desculpa, mas eu posso explicar. Eu não queria participar, o meu pai me obrigou. Eu quis te contar tantas vezes, mas ele me chantageou — ela contava aos prantos. — Ele ia tomar meu apartamento e meu carro, eu não podia contar.

— E o que acha que iria acontecer quando descobríssemos que estávamos sem clientes e que seu pai havia desfeito a sociedade? — perguntou Biel. — Você ia fingir não saber do golpe do seu pai? Mentiria para nós?

Ela segurou o rosto dele nas mãos, negando com a cabeça.

— Eu não queria me envolver com isso, me perdoa. Por favor, Biel, eu te amo. Por favor, me perdoa.

— Vai embora — ele disse segurando os pulsos dela e a empurrando. — Saia desta casa, é o melhor que você tem a fazer.

— Não, não, por favor — ela pedia tentando mais uma vez abraçá-lo. — Eu te amo, você sabe que eu não seria capaz de algo assim. Eu peço pra ele devolver o dinheiro, mas não me manda embora.

Ele a empurrou mais uma vez, se afastando.

— Acabou, Jessica, saia.

Ela caiu no chão de joelhos, chorando incontrolavelmente. Nós continuamos olhando a cena da sacada, mas ninguém se atreveu a falar alguma coisa ou intervir. Biel passou por nós, indo em direção ao meu quarto e voltando com meu notebook nos braços.

— Alguém precisa contar a eles.

— Eu vou com você — Luigi se ofereceu.

Jessica enfim se levantou do chão, olhando para nós.

— Era o que vocês queriam, não era? Parabéns, vocês conseguiram, me separaram do amor da minha vida. Ele me odeia agora e a culpa é de vocês.

Eu ri com ironia.

— Nossa culpa? Quem fez a merda foi você e seu pai.

— Vocês estão felizes agora? Vocês nunca gostaram de mim, eu sei disso, vocês sempre quiseram me separar dele.

— Nós realmente não gostamos de você, Jessica, mas nunca fizemos nada.

Ela pegou o notebook e saiu do quarto.

— Isso não vai ficar assim, ele ainda vai ficar comigo. Vocês não venceram.

Ela desceu as escadas e saiu pela lateral da casa.

— O que você acha que ela vai fazer? — perguntou Matteo.

— Não sei, ela não dá à mínima para nós, mas ela é louca pelo Biel e não vai desistir fácil. Se ela precisar rastejar pelo perdão dele, ela vai.

Nossos avós olhavam chocados para Biel e Luigi, que contavam e mostravam todas as provas do golpe de Carlos.

— Nós precisamos voltar a Curitiba — disse Enzo. — Nós temos muito o que fazer.

BASTA ME ESCOLHER - degustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora