CAPITULO 23 - Luisa

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Nós estávamos a caminho do cartório e agora seu humor era visivelmente outro. Desde o escritório o clima estava mais leve, e conversávamos como se fossemos amigos há tempos, e não há apenas duas semanas. Ele se lembrava da minha comida favorita, dos meus pais, da minha tia que morava aqui.

Quando entramos no cartório indo para a 9ª Vara cível, sua postura mudou enquanto ele falava com a Juíza responsável pelos despachos. Eu pensava que ele era sempre descontraído, inconveniente e intrometido, como foi das duas vezes que nos encontramos. E agora o vendo ali tão sério e responsável, era realmente impressionante. Imagina ele em uma audiência? Em uma reunião importante? Não tinha dúvidas de que ele realmente intimidaria, ele parecia muito firme e sabia se impor àquelas situações. Na saída do cartório, ele abriu a porta para mim novamente, mais um sinal de suas mudanças. Da primeira vez ele no máximo colocou minhas malas no banco de trás, e agora estava sempre abrindo a porta. Mas, vindo da família que sei que veio, era o mínimo que poderia esperar de um Schmidt.

— E então, aonde vamos agora? — perguntei quando ele entrou no carro.

Ele tirou o paletó, jogando-o no banco de trás, afrouxou a gravata e desabotoou o primeiro botão de sua camisa.

— Agora nós vamos para o meu apartamento. Eu preciso tirar essa roupa, está muito ensolarada à tarde de hoje. Preciso de uma roupa mais fresca.

— Ah, claro. Você pode me deixar no hotel? Eu também preciso trocar de roupa.

Ele se virou para me olhar quando colocou seu cinto.

— Sua mala não está aqui? Você pode trocar de roupa lá no apartamento e a noite eu te levo para o hotel.

— Ok, então.

Cruzei as pernas no banco e encostei-me à porta, observando enquanto ele dirigia. Ele ficou quieto de novo, então eu liguei o rádio para quebrar o clima, eu sabia que estava sendo intrometida, mas era melhor do que ficar em silêncio. Quando coloquei a opção de tocar o usb conectado, 'Best day of my life' de American Authors começou a tocar.

— I had a dream so big and loud, I jumped so high I touched the clouds — eu cantava baixinho, amava aquela música. — I stretched my hands out to the sky, we danced with monsters through the night. — Eu ouvi a voz de Marcelo me acompanhando, então resolvi improvisar. Peguei meu celular como se fosse um microfone, e cantei alto a parte seguinte acompanhando a música. — I'm never gonna look back, Woah, never gonna give it up, no.

Levei meu celular até a boca dele, obrigando-o a cantar em voz alta comigo.

— Please, don't wake me now... This is gonna be the best day of my li-ife.

Nós cantamos juntos e rimos enquanto fazíamos os coros da música. Mesmo que desafinados nós estávamos nos divertindo. Quando a música acabou, o sorriso voltou para seu rosto, e eu percebi que eu gostava de vê-lo assim, sorrindo. Nós entramos em um prédio pelo estacionamento, e quando abri a porta para pegar minha mala ele foi mais rápido e a pegou. Assim que entramos no elevador, ele se virou para mim.

— Não sabia que conhecia American Authors, achei que só gostava de popzinho de menininha.

Sorri para ele, feliz pelo fato de ele lembrar as músicas que eu tinha em minha playlist.

— Eu gosto de tudo um pouco, nós mudamos para as listas das 10 mais ouvidas do momento, não todas as minhas preferidas. Eu gosto de muitas músicas, e 'The best day of my life' só não estava na lista porque eu não estava ouvindo ela essa semana.

Quando a porta do elevador se abriu, o segui pelo corredor.

— Eu vou ter muito o que descobrir do seu gosto musical, então — disse ele apontando para uma porta ao nosso lado, enquanto ele destrancava a da frente. — O Pedro e a Alice moram aqui ao lado, eles são meus vizinhos.

BASTA ME ESCOLHER - degustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora