Nós ainda estávamos no carro indo em direção a Curitiba quando o telefone da Adri tocou, ela rapidamente desvinculou sua mão da minha para retirar o celular do bolso.
— Atenda — ela pediu.
Quando o alcançou, jogou o celular no meu colo.
— Alô?
— Oi, desculpa, achei que fosse o celular da Adriana.
— É o celular dela sim, é que ela está dirigindo. Quem é?
— Ah, me desculpe, sou a Luísa.
O nome não era estranho, mas eu não conseguia identificar de onde o conhecia. Talvez fosse alguma amiga da Adriana da faculdade.
— Quer deixar algum recado? — perguntei.
— Só avisa para ela que eu estou confirmando o convite de aniversário.
— Você já tem o endereço?
— Já sim, ela mandou na mensagem, mas pediu para ligar confirmando para anotar o nome na lista.
— Ok então, eu aviso.
— Obrigada.
Quando desligou a ligação eu comecei a mexer no telefone.
— Quem era? — Adriana perguntou.
— Uma tal de Luísa, confirmando o convite.
— Que legal que ela vai, eu convidei ela hoje à tarde. É amiga do Lui que nós contratamos esta semana.
Foi ai que eu reconheci o nome.
— Ah, essa Luísa. Estava tentando adivinhar, mas não me lembrava de nenhuma amiga sua chamada Luísa.
— Você vai adorar conhecê-la.
Eu estava prestando mais atenção em seu celular do que na conversa, verificando as últimas chamadas, quando um número me chamou a atenção.
— Quem é Alan?
Ela se mexeu no banco, tentando pegar o celular de minhas mãos.
— Me dá este telefone.
Eu o afastei dela, enquanto continuava mexendo.
— Presta atenção no trânsito, eu não quero morrer.
Ela bufou, batendo a mão no volante.
— Argh! Eu odeio quando você fica mexendo nas minhas coisas.
— Então você devia mudar suas senhas, se não quer que eu veja suas coisas. E responda logo, quem é esse?
— Ninguém.
Ela entrou na garagem do prédio e permaneceu em silêncio. Descemos do carro e peguei minha mochila, e assim que entramos no elevador, ela tentou novamente pegar o celular, mas eu segurei no alto. Este era um benefício de ter amigas baixinhas. Ela tentou me bater quando se viu frustrada por não alcançar. Eu ria do seu desespero, mas mantive o celular no alto.
— Fala logo, ou então e vou ligar para ele e falar que sou seu namorado.
Ela desistiu e encostou-se ao elevador, cruzando os braços.
— Eu odeio você.
— Não, você não odeia — disse apertando a bochecha dela. — Fala logo.
— Eu já disse que ninguém.
Assim que entramos no apartamento e o celular deu sinal, eu disquei para o número. Quando a Adriana percebeu seu telefone na minha orelha, pulou em cima de mim e caímos no sofá. Eu ouvia a voz de um homem falando do outro lado da linha, mas eu não podia responder. Gabriel e Matteo apareceram da cozinha e riram quando viram a Adriana sobre mim, desesperada por seu telefone. Ela o tomou de minhas mãos e saiu andando com ele pelo corredor.
— Oi Alan, desculpa. Meu amigo acabou discando sem querer — Adriana disse.
Gabriel ainda ria quando se aproximou e sentou no sofá à minha frente.
— Como nos velhos tempos.
Adri era nossa melhor amiga, a única mulher do bando. Ela entrou na nossa escola na quinta série, usando aparelho nos dentes, cabelo rebelde sempre preso em um rabo de cavalo e o nariz cheio de sardas. As meninas adoravam tirar sarro dela, e como era novata, não conseguia se enturmar com ninguém, pois todas as panelinhas já estavam formadas. Lembro-me em um dos intervalos quando uma idiota a empurrou e ela tropeçou, fazendo seus joelhos e mãos ralarem no asfalto. Nessa hora estávamos os quatro em uma mesa perto, e corremos para ajudá-la. Deste dia em diante, a mantivemos sob nosso cuidado. Ela poderia até ter crescido agora e ser capaz de cuidar de si mesma, mas sob nossos olhos, eu tenho certeza que ela sempre seria a nossa protegida.
Matteo se aproximou e me entregou uma garrafa de cerveja, e poucos minutos depois, Adri volta à sala com seus olhos fixos em mim.
— Eu vou te matar, e eu estou retirando o que eu disse, eu não senti sua falta.
Eu apenas ri e dei de ombros, encostando-me ao sofá.
— Eu falei para me contar quem era.
Ela sentou no braço do sofá ao lado do Matteo e pegou a cerveja dele.
— Não era ninguém importante.
— Você devia ter contado para ele, aliás, quem é este mesmo? — Matteo perguntou.
— Não é ninguém, eu já disse. Por que ninguém acredita em mim?
Biel apontou o dedo para ela antes de levantar uma sobrancelha.
— Talvez porque sempre que você aparece com um namoradinho novo, nós somos os últimos a saber.
— Ele não é meu namoradinho.
Matteo tomou a cerveja da mão dela e colocou sobre a mesa de centro, antes de puxá-la em seu colo.
— Você já devia ter se acostumado, você sempre será nossa protegida.
— Se você pode se intrometer em nossas vidas, por que não podemos fazer o mesmo? — Gabriel perguntou.
— Eu odeio vocês — ela disse fazendo bico. — Eu odeio ser a única mulher nesse grupo. Eu preciso de uma ajuda! Quando é que vocês vão desencalhar e me deixar em paz?
— Eu não sou encalhado — Gabriel anunciou.
Adriana riu.
— Seu namoro é café com leite, não conta. Ninguém entende por que ainda está com a Jessica, acho que nem você sabe.
Eu balancei a cabeça concordando.
— Eu estou com ela.
— Todo mundo está — Matteo interveio.
Gabriel não respondeu nada, apenas engolia sua cerveja olhando para nós atentamente. Por um segundo a sala ficou em completo silêncio, então ele deu de ombros e levantou.
— Eu vou tomar um banho, temos um aniversário para ir — ele disse ao sair da sala.
Nós ficamos um olhando para a cara do outro, antes de começar a rir.
— Vamos admitir, ela é uma bruaca e não gosta de nós — comentou Adri.
Teo pegou sua cerveja e levantou para cima.
— E concordamos que o sentimento é recíproco.
Eu brindei com ele, batendo nossas garrafas.
— À Jessica, adorada amiga e companheira.
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BASTA ME ESCOLHER - degustação
RomanceSINOPSE Luisa tinha sua vida planejada. Terminar os estudos, começar a carreira em um escritório de advocacia, se esforçar para conquistar espaço no mercado de trabalho e ser reconhecida por isso. As únicas coisas que vinham antes de sua carreira er...