CAPITULO 14 - Luisa

16.7K 1K 16
                                    

Então ali estava eu, de saltos em um vestido verde, parada em frente à pista quando aquele intrometido do aeroporto trombou em mim. Era muita coincidência que novamente nós havíamos nos encontrado. Apesar da luz, seus olhos azuis pareciam brilhar ainda mais. Eu tentei segurar um riso que queria se formar em meus lábios, quando ouvi o nome que ele me chamou. Era sinal de que ele se lembrava de mim. Pequena.

Eu não gostava de como eu reagia facilmente a sua provocação, ou a forma que seus olhos conseguiam me intimidar. Eu me distraia facilmente olhando para ele.

Eu usei o momento em que ele foi atender o celular a meu favor e sai dali o mais rápido possível. Corri para o banheiro, onde achei que seria um lugar seguro caso ele resolvesse me seguir. Rapidamente apoiei as mãos no balcão e tomei uma respiração profunda, me encarando no espelho. Minhas bochechas estavam vermelhas, e isso não era do blush que eu havia passado.

— Luísa? Você está bem?

Reconheci Adriana quando me virei de lado. Ela estava com o rosto preocupado, mesmo que seus olhos pareciam turvos. Acenei com a cabeça, antes de virar para abraçá-la.

— Sim, não se preocupe. Feliz aniversário.

Ela me abraçou e parecia mais aliviada.

— Obrigada. Faz tempo que você chegou?

— Eu acabei de chegar.

Seus braços estavam enganchados aos meus, e nós subimos pela escada da lateral para um dos camarotes. Ela tagarelava sobre eu adorar seus amigos, que estava feliz que eu tivesse ido lá para gente se conhecer em outro ambiente que não fosse o trabalho, que ela tinha muitas pessoas para me apresentar. Eram muitas informações para que eu prestasse atenção nos detalhes, eu estava mais preocupada em olhar para os lados e não trombar de novo com aquele par de olhos azuis.

Quando chegamos à mesa e eu rapidamente reconheci Luigi, ao lado do seu irmão Matteo, que havia conhecido aquela semana. Junto com eles na mesa havia um casal, e eu estava tentando me lembrar de onde eu os conhecia. Luigi rapidamente se levantou e veio me cumprimentar com um beijo no rosto. E seu irmão ao lado veio logo em seguida. Eu não sabia se era porque estava sem o terno e a gravata, ou porque não me cumprimentou com um aperto de mão formal como na entrevista, mas ele parecia muito mais descontraído hoje.

— Esta é a Jessica — informou Matteo. — Ela estava aquele dia no escritório, mas acho que vocês não foram apresentadas.

Logo de cara, ela sorriu para mim, mas eu não consegui acreditar naquele sorriso. Por algum motivo, ela não parecia tão empolgada como os outros estavam. Ela acenou com a cabeça, mantendo distância e segurando firme os braços do homem ao seu lado. Este era visivelmente aquele comportamento de mulher insegura, que não deixava seu namorado se aproximar de qualquer pessoa.

O loiro ao seu lado deu um passo para frente, acho que para me cumprimentar com um beijo no rosto como os outros, mas ela o segurava firme impedindo-o de se aproximar. Eu ria por dentro, do quão ridículo aquele comportamento era. Eu precisava avisar a ela que eu tinha namorado, não iria atacá-lo. Por um momento ele pareceu constrangido, trocando um rápido olhar com ela, e então estendeu a mão para mim.

— Olá, eu sou o Biel. Eu não estava presente no dia da sua entrevista, mas espero que eles tenham te tratado bem. — Ele continuou falando algo que no dia tinha compromisso, mas eu estava mais concentrada em seu rosto. Sua fisionomia era familiar, eu só não conseguia identificar de onde. — Seja bem-vinda à nossa equipe.

– Obrigada – sorri para ele.

Um par de braços estava a minha volta, me abraçando apertado, e eu demorei um pouco para reconhecer os cabelos loiros de Carla.

— Você veio. — Sua voz estava arrastada, e os olhos turvos como os de Adriana.

— Sim, eu vim. Mas, pelo jeito cheguei um pouco atrasada né?

Ela e Adriana se entreolharam e começaram a rir. Pouco depois a Carla me empurrou um pouco para o lado abraçando a Adriana apertada e as duas começaram a pular, me fazendo trombar para o lado. Rapidamente os braços de Matteo me seguraram e me puxaram para perto.

— Quando elas estiverem assim em alta, eu recomendo manter um pouco de distância.

Eu levantei meu rosto para encará-lo e ele sorria para mim. Aquele mesmo sorriso gentil e simpático que seu irmão tinha.

— Obrigada pela dica, eu gosto de gente animada. Elas me lembram muito a Carol, minha amiga de infância. Ela é tão divertida e cheia de vida, eu queria ser mais espontânea também.

Lui levantou a cerveja dele, e então piscou para mim.

— Nada que um pouco de álcool não resolva.

Nós continuamos conversando pelo resto da noite, e eu pude perceber o quão rápido ficamos amigos e descobrimos muitas afinidades. Embora eu já conhecesse Luigi, e ele continuava sempre muito gentil, fora da academia ele era bem mais solto. Matteo se mostrou totalmente diferente sem aquela pose profissional, era muito brincalhão e fazia piada a todo o momento.

A única coisa estranha durante toda a noite era o casal em nossa mesa. A tal garota, Jessica, ficava entre seu namorado e Matteo, mas toda vez que ele tentava participar da nossa conversa, ela o distraia com alguma conversa em seu ouvido. Era tão ridícula aquela cena, que por muitas vezes eu me segurei para não rolar os olhos.

Na hora de ir embora, fomos todas no carro de Luigi. Ele e Matteo na frente, e eu tentando segurar as meninas no banco de trás, já que ambas queriam sentar na janela no caminho de casa. Eu ria mais do que conseguia segurá-las, até que Luigi bloqueou os vidros para que elas não abrissem. Quando elas finalmente ficaram quietas, ambas deitaram as cabeças em meus ombros.

— Sabe, Luísa, eu gostei de você, mas você não foi uma boa amiga hoje — Carla lamentou.

Adriana concordava com a cabeça do outro lado.

— Pois é, você chegou atrasada, perdeu o melhor da festa. Você nem participou das doses de tequila.

— EXATAMENTE — Carla gritou, fazendo com que eu pulasse de susto. — Como você quer entrar para turma, se você não foi batizada? — Ela levantou de repente, se inclinando para frente entre os meninos. — Lui, quero voltar. A Luísa não tomou a tequila dela, ela ainda não faz parte da turma.

Eu comecei a rir e puxá-la de volta para trás.

— Da próxima vez eu tomo a tequila com vocês.

— Promete?

— Sim, prometo.

Ela deu de ombros e deitou a cabeça no banco de olhos fechados.

— Ok, então.

Quando virei para o lado para conferir Adriana, ela já estava na mesma posição em um sono pesado. Meus olhos encontraram o de Luigi no retrovisor e ele apenas ria.

— É sempre assim? — perguntei.

— Às vezes é pior, hoje elas apagarem cedo.

Matteo virou para trás e piscou para mim.

— Bem-vinda ao time.

BASTA ME ESCOLHER - degustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora