CAPITULO 15 - Luisa (parte 01)

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Eu estava indo para a cozinha preparar meu café da manhã, quando a porta da sala abriu. Rafael pegou uma caneca e colocou água para ferver. Rapidamente montamos a mesa e eu estranhei quando ele havia colocado três pratos e três xícaras. Antes que eu pudesse questioná-lo, a porta da sala se abriu e a Carol apareceu na cozinha.

— Bom dia, pessoas lindas — anunciou ela sentando em um dos banquinhos.

Eu olhei entre ela e Rafael, em busca de uma resposta da sua aparição repentina. Rafa se juntou a nós e começou a servir as xícaras de café.

— Eu a convidei para tomar café, já que nós três vamos para o mesmo prédio, achei que podíamos aproveitar e ir juntos.

Foi então que me lembrei da conversa de sábado, quando ela anunciou que estava indo hoje ao prédio para buscar as chaves com o antigo proprietário. Ela havia conseguido com a irmã, alugar uma sala no mesmo prédio em que eu e Rafa estaríamos trabalhando. Ela e a irmã eram arquitetas e trabalhavam juntas.

— É verdade, eu tinha me esquecido. Nós vamos trabalhar juntas.

Ela olhou para mim com um largo sorriso nos lábios.

— Sim, vamos poder almoçar juntas e vamos nos ver todos os dias. Como nos tempos de escola.

Terminamos o café e fomos com o carro do Rafa para o prédio. No caminho nos atualizamos sobre o final de semana. O Rafa com seu namorado novo, a Carol cuidando da sobrinha que havia ficado doente, e eu focada nos estudos. Só não estava presa ao meu TCC no domingo, que passei com o Vini. No elevador combinamos de almoçar juntos, uma vez que estávamos os três no mesmo prédio e eu e a Carol não conhecíamos restaurante por ali. Eu estava feliz por isso, de ter a companhia deles todos os dias de agora em diante. Assim que o elevador abriu, Carla correu ao meu alcance.

— Por tudo que é mais sagrado, eu não fiz nada comprometedor na sexta, né? — ela perguntou. Neguei com a cabeça e ela rapidamente soltou um suspiro. — Ainda bem, pensei que já tivesse te assustado. Isso não acontece com muita frequência, eu juro.

Assim que entramos na sala, eu parei, olhando para as mesas.

— Onde é que eu vou trabalhar?

— Eu acho que você ficará na mesa vazia — disse ela, mas isso não ajudou em nada. Eu me lembrava de três mesas vazias no dia da entrevista.

Quando pensei em questioná-la, vi Gabriel entrando.

— Bom dia, meninas — disse ele ao se aproximar. — Você pode fazer o café, Carla?

Carla desvinculou seu braço do meu, e mostrou a língua para ele.

— Acabou de chegar e já está enchendo o saco.

Assim que ela se afastou, Gabriel se virou para mim.

— Olá, como da outra vez eu não estava presente, e não tivemos a oportunidade de nos conhecermos na sexta, acho que eu deveria me apresentar. Me chamo Gabriel, mas ninguém aqui me chama assim se não for um cliente. Então pode se sentir à vontade para me chamar de Biel como os outros.

Eu não sabia o que falar então apenas concordei com a cabeça. Ele aproveitou para me mostrar todo o escritório, enquanto os outros ainda não chegavam, e era impossível deixar de comparar como seu comportamento estava diferente sem a Jessica ao seu lado. Ele me mostrou a sala onde ficavam as pastas de todos os processos do escritório, onde ficava a impressora e como funcionava, o banheiro. Apresentou-me as duas salas de reuniões, que uma servia para reunião interna e a segunda era para conferências e clientes. Mostrou as três salas grandes dos sócios, uma era de seu avô, uma do avô do Matteo e do Luigi, e a terceira sala já havia sido assumida pelo pai da Jéssica, que era filho do terceiro e último sócio. Pelo que havia entendido o terceiro sócio morreu e o filho tinha assumido o seu lugar. Por último ele me apresentou a cozinha, onde a Carla estava já segurando uma xícara de café nas mãos.

— E esta é a cozinha — Gabriel disse ao entrar. Ele pegou uma xícara do balcão e se serviu da cafeteira. — Servida?

Quando pensei em responder, um par de mãos apertou minha cintura.

— Bom dia! — Adriana gritou, fazendo meu coração disparar.

Antes que eu pudesse me recuperar, Matteo apareceu ao lado rindo.

— Eu sabia que ela estava aprontando algo, quando começou a andar na ponta dos pés.

— É segunda de manhã, o dia é chato por natureza, temos que fazer algo para animar — Adriana se defendeu.

Depois de todos terem uma xícara de café nas mãos, retornamos para a sala. Matteo jogou o braço no meu ombro e me levou para minha mesa.

— Você vai ficar ao meu lado. As mesas da parede são do Biel e do Marcelo, que vive vazia já que ele quase nunca está aqui. As do centro são da Jessica, e esta do lado era da antiga advogada, que agora será sua — Matteo anunciou, puxou a minha cadeira e sinalizou com a cabeça para eu me sentar. — E as mesas da ponta são a minha e a da Adri.

Quando liguei o notebook já haviam criado um e-mail para mim com o nome do escritório, e logo me encaminharam todas as listas de prazos que eles precisavam acompanhar, relatórios de processos para elaborar e enviar para os clientes. No começo eram muitas informações, mas eu conseguia acompanhar facilmente. Eu estava no meio de um relatório de uma ata de audiência, quando uma bolinha de papel caiu sobre meu teclado. Levantei minha cabeça para ver a Adriana do outro lado sorrindo.

— Está ocupada? — Adrian perguntou. Eu balancei com a cabeça negando e ela pegou o telefone. — Carla, liga lá no escritório do Pedro e pede para falar com ele, quando ele atender passa para o ramal da Luísa. — Quando desligou o telefone, voltou sua atenção para mim. — Nós temos uma audiência amanhã lá no Rio, e eu preciso que você confirme se é o Pedro mesmo que irá nos representar. Eu vou te mandar um e-mail com todos os dados dele e da audiência e um Substabelecimento de exemplo. Você só confirma com ele e prepara o documento para mim?

Eu confirmei com a cabeça e abri seu e-mail para verificar os dados do processo e modificar.

BASTA ME ESCOLHER - degustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora