CAPITULO 36 - Marcelo (parte 03)

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Eu ouvia um barulho de celular tocando, mas aquilo me causou mais dor de cabeça do que preocupação. Virei para o lado ignorando o barulho e cobri meu rosto com o travesseiro. Minha cabeça doía, meu estomago estava estranho, e a ultima coisa que eu queria era abrir os olhos. A noite passada ainda era em um borrão, e os pequenos flashs na minha mente não fizeram o menor sentido. Quando pensei que finalmente voltaria ao sono, ouvi a porta se abrir. No começo pensei que fosse coisa da minha cabeça, mas senti o edredon sobre meu corpo ser puxado.

— Levanta, saia já dai.

O grito de Luisa me assustou e eu me sentei na cama. Minha cabeça deu um giro e todo o quarto rodou, deixando tudo preto e pequenas estrelinhas.

— Você é louca? — outra pessoa gritou. Esta voz eu não reconheci, era de uma mulher deitada na minha cama de calcinha e sutiã.

— Você vai ver a louca se você não por uma roupa e sair daqui em cinco segundos — Luisa gritou novamente jogando um pedaço de pano na cama. — Um, dois, três.

A mulher olhou para mim buscando alguma explicação, mas eu não tinha. Olhando para ela e Luisa, me fez querer rir. E eu ri. Ela me incrédula esse vestiu. Quando se sentou para calçar os sapatos, Luisa os pegou e os jogou no corredor. A mulher começou a gritar novamente, mas Luisa fechou a porta na cara dela e se virou para mim. Eu não tinha muita certeza, mas eu acho que ela estava brava. Seus olhos faiscavam, e invés de me amedrontar eu só conseguia rir. Ela era realmente louca, eu tinha que concordar com a mulher que estava aqui, seja ela quem for.

— Você — ela começa, apontando o dedo para mim — eu duvidei que realmente fosse trazer alguém para dormir aqui, e vim tentar resolver essa situação com você, mas vejo que não tem o que resolver. Você é um idiota, o mais idiota de todos.

Eu a ignorei e deitei.

— Cala a boca Luisa, sua voz esta me dando dor de cabeça.

Os flashs em minha cabeça voltaram aos poucos. Nossa dança, seu cheiro, a briga depois disso. A ultima coisa que me lembrei com nitidez era de virar muitas tequilas e vir para o hotel acompanhado. Eu não consegui me controlar, vê-la ao lado do namorado me levou ao limite. Vê-lo tocando e beijando-a quando eu queria fazer isso, era mais do que minha paciência podia suportar. Por um segundo eu pensei que ela realmente tivesse me ouvido e saído do quarto, até que senti água fria cair sobre meu corpo. Levantei em um rompante apenas para confirmar Luisa segurando um pote vazio.

— Eu tenho que concordar com a mulher que estava aqui, você é louca — eu comentei indo para o banheiro procurar uma toalha.

— Louco é você que transou com uma estranha. Você se quer a conhecia, Marcelo. Você usou camisinha pelo menos?

Eu sabia que tinha usado esta era uma regra que eu nunca quebrava, por mais bêbado que pudesse estar. Me sequei e fui para a outra cama, que estava seca. Luisa me seguia ainda me insultando e fazendo várias perguntas sobre a mulher. Eu não devia satisfação de nada para ela.

— Eu estou falando com você, Marcelo.

Eu senti a cama se mexendo e sabia que ela tinha subido, pois segundos depois eu estava sendo espancado com um travesseiro. Eu me sentei, tirando o travesseiro de suas mãos e encarando-a. Ela começou a me bater nos braços, nos ombros, em qualquer parte que ela alcançava. Ela gritou coisas sem sentido, e continuou me batendo, mas isso era mais para aliviar a frustração dela do que me atingir. Cansado de seus escândalos eu a derrubei na cama, segurando seus pulsos ao lado da cabeça. Sentei sobre seu corpo, tomando o cuidado de não soltar o meu peso sobre ela e a deixei se debatendo até que finalmente ela se acalmasse. Por mais que toda aquela tensão não era algo que eu apreciava no momento, uma parte de mim ficou feliz em vê-la finalmente reagindo. Era como se eu tivesse vendo a garota corajosa do aeroporto mais uma vez.

BASTA ME ESCOLHER - degustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora