CAPITULO 37 - Marcelo ( parte 02)

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— Você tem certeza de que não quer falar sobre isso? — Matteo perguntou.

— Eu não tenho nada para falar.

Nós estávamos saindo da reunião com um de nossos clientes, depois de analisar um contrato e rever a parceria deles. Eu não estava prestando muita atenção no que foi conversado, eu apenas li os contratos e fiz meu trabalho. Eu não estava com cabeça para o trabalho desde o momento em que a Luisa saiu do meu quarto com lagrimas nos olhos. Eu só queria esquecer aquela cena e apagar o dia anterior. Eu pensava que a ressaca iria me derrubar hoje, mas a sensação de derrota era pior.

— Vamos lá beber, você esta precisando — ele ofereceu.

Eu sorri para ele e afrouxei minha gravata. Eu só queria tirar este terno e esquecer tudo, se a bebida me daria isso, então eu beberia.

— Preciso mesmo, vou trocar de roupa e te encontro aqui em baixo em vinte minutos.

A porta do elevador no meu andar se abriu, e assim que caminhei em direção ao meu quarto, uma imagem chamou minha atenção. Luisa estava sentada, encostada na minha porta e abraçando os joelhos, com os olhos focados na parede. Ela não percebeu minha aproximação até que eu me sentei ao seu lado, me encostando á parede.

— Oi — ela disse, esboçando um sorriso. — Eu não sabia para onde ir, eu queria conversar com alguém, então eu achei que devia vir aqui.

— Faz tempo que esta aqui?

— Não muito, acho que uns vinte minutos.

— Porque você não esperou dentro do quarto?

Ela deu de ombros e me olhou, com os olhos inchados.

— Não achei que fosse certo depois de tudo, e para ser sincera, esse quarto não esta me trazendo boas lembranças.

Eu acenei com a cabeça e me levantei, tirando o terno e pendurando no meu braço.

— Você se importa então de esperar eu trocar de roupa? Nós podemos dar uma voltar.

Ela olhou para a porta, como se estivesse pensando se deveria entrar ou não, e acenou com a cabeça. Eu entrei no quarto e me troquei, tirando aquela roupa quente e colocando um shorts e uma camisa. Enviei uma mensagem para Matteo, avisando que eu estava com a Luisa, e sai do quarto convidando-a para um passeio na cidade. Eu não queria correr o risco de encontrar seu namorado enquanto conversávamos. Ela quis ir para a ponte dos ingleses, que segundo ela, era o lugar mais lindo e calmo que havia para conversar. Fizemos todo o trajeto em silencio, mesmo com o radio ligado, nenhum de nós ousou cantar ou comentar alguma coisa. Estar nesta ponte era algo diferente. Há menos de vinte e quatro horas estávamos aqui e tudo estava bem entre nós, e agora tudo tinha mudado. O que escondíamos foi revelado, e por mais que fosse bom finalmente por um basta nisso, parecia mil vezes mais difícil estar aqui agora.

— Eu falei com o Vini, eu contei a ele sobre nós — ela confessou. Eu não pude esconder o espanto que tive, e ao mesmo tempo orgulho por ela finalmente ter tomado uma atitude sobre esta situação. — Nós dois erramos, Marcelo. Eu não devia ter deixado você se aproximar, e você não deveria ter se aproveitado da situação.

Eu comecei a rir e ela me olhou espantada.

— Você está esperando que eu me desculpe? — eu perguntei. — Porque se for, então você vai esperar atoa. Eu já me desculpei uma vez, e este será o meu máximo. Mas eu não me arrependo de nada. Eu não me arrependo do que eu falei, nem do que eu fiz, e se eu tivesse a oportunidade faria tudo de novo.

— Então você acha que o que fez foi certo?

Eu dei de ombros e me virei para frente, olhando para o mar.

BASTA ME ESCOLHER - degustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora