Eu estava entrando no hotel de Luísa, quando a Carla finalmente me atendeu.
— Eu espero que você tenha um ótimo motivo para me acordar essa hora.
— Bom dia, loira mais linda da minha vida.
Ela começou a rir e então soltou um gemido abafado, como se tivesse enfiado o rosto em um travesseiro.
— O que foi que você aprontou? — perguntou ela. — Você está me ligando antes das dez da manhã, de um sábado, e você está tentando me comprar com palavras bonitas. Vamos, fale.
Ela me conhecia tão bem. Eu tinha sorte de ter ela e Adriana como amigas.
— Eu não aprontei nada, não se preocupe. Mas, me responda uma coisa, você pode mudar as passagens da Luísa pra amanhã, não pode?
Eu passei mais tempo do que devia antes de dormir, pensando no dia que tivemos. Eu não queria que acabasse tão cedo. Eu gostaria de ter mais um dia com ela, só mais um dia. Carla ficou em silêncio por um tempo, depois ouvi barulho de lençóis se mexendo, eu devo ter acordado ela neste momento. Ela faria perguntas, provavelmente contaria para a Adriana. Droga, péssima ideia.
— Deixa eu ver se eu entendi — ela começou depois de um longo tempo. — Você quer que eu mude as passagens da Luísa? Por qual motivo?
Porque eu quero passar mais um dia com ela. Não, eu não poderia responder isso. Surgiria um interrogatório sem fim, dela e de todos lá em Curitiba. Sem contar que isso era errado de muitas maneiras. Ela namora. Aceite isso, Marcelo.
— Por nada — respondi derrotado. — Era só para o caso de precisar ver uma coisa aqui daquele processo, mas acabei de receber um e-mail do Pedro que ele já resolveu, não será necessário.
— Você tem certeza? Por que será que eu não estou convencida disso? — perguntou ela. Droga! Definitivamente péssima ideia envolvê-la. — Marcelo, o que você está tramando com a Luísa aí?
— Não estou tramando, já te falei.
— Então deixo as passagens dela pra esta tarde mesmo?
— Sim, deixa como está.
— Tudo bem, então, agora vou voltar a dormir.
— Desculpa te acordar, vá dormir, Ca.
Eu desliguei o telefone e me aproximei do balcão. Se eu só tinha esta manhã, eu iria aproveitá-la.
— Por favor, poderia avisar a Luísa do quarto 402 que eu estou aqui?
— Ela está no restaurante, senhor — respondeu a moça atrás do balcão. — Ela desceu há pouco tempo perguntando onde estavam servindo o café da manhã.
Agradeci e fui até o restaurante. Eu conhecia o hotel, tínhamos várias reuniões importantes aqui, e era onde nossos clientes sempre ficavam hospedados quando precisavam vir ao Rio. Sem contar que tinha passe-livre aqui dentro, eu e os advogados da SMD, já que trabalhávamos para os donos desta franquia de hotelaria. Os sócios da V.D.A. eram um dos nossos melhores clientes. Eu entrei no restaurante e a encontrei, ela estava sentada em uma mesa, sozinha, colocando os frios dentro de seu lanche. Deu atenção ao celular que estava na mesa, digitou alguma coisa com seu dedinho, e voltou a montar seu lanche. Ela se quer se dava ao trabalho de olhar para qualquer coisa que não fosse seu lanche e seu celular, razão pelo qual eu estava praticamente na sua frente e ela ainda não tinha me visto. Fui até as mesas do centro e me servi de café preto, puxei a cadeira à sua frente e sentei em sua mesa. Quando ela percebeu a movimentação na mesa levantou o rosto e sorriu ao me reconhecer. Aquele sorriso, tão doce e encantador.
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BASTA ME ESCOLHER - degustação
RomanceSINOPSE Luisa tinha sua vida planejada. Terminar os estudos, começar a carreira em um escritório de advocacia, se esforçar para conquistar espaço no mercado de trabalho e ser reconhecida por isso. As únicas coisas que vinham antes de sua carreira er...