Meu pior pesadelo
Na manhã seguinte acordei com um barulho irritante de cortador de grama. Peguei meu celular e vi que já eram seis e meia. Precisava me arrumar e chegar na universidade em meia hora. O barulho do cortador de grama continuava. Pensei que talvez fosse algum dos vizinhos que estivesse aparando seu gramado, mas o som estava perto demais. Me arrumei depressa como de costume e desci as escadas. Fiquei pensando se Sarah tivesse resolvido ir trabalhar logo cedo e que fosse ela quem estivesse aparando a grama, mas não fazia sentido, pois havíamos combinado que ela iria para minha casa somente após a aula. Desci as escadas e percebi que Ana já havia passado por ali pois o touro mecânico que antes estava no centro do salão principal já havia sido retirado, dando lugar novamente ao antigo vaso chines. Ana também havia convocado uma equipe de mais ou menos seis mulheres que andavam de la para cá, coletando copos e limpando poças de vômitos, presentinhos deixados pelos meus adoráveis convidados desconhecidos.
Ana, sempre dizia que eu precisava arrumar novos amigos. Dizia que em seu país, amigos que não respeitavam suas casas também não tinham respeito pelos proprietários. Nunca havia levado aquilo a sério, mas naquele momento vendo minha casa toda ensopada de vomito, vodca e copos descartáveis, me lembrei do jantar na casa de Sarah e Imaginei como seria desrespeitoso vomitar no chão que a Sra. Grace havia limpado com tanto trabalho. Aquelas mulheres que agora limpavam o chão imundo da minha sala certamente estavam tendo trabalho. por um instante pensei como seria se eu tivesse que limpar tudo aquilo sozinho, o que me fez pensar que Ana poderia estar certa, mas por outro lado me lembrei que aquelas mulheres estavam recebendo por aquele trabalho, e recebendo muito bem, então não me importei.
Encontrei Ana na cozinha organizando alguns objetos que os estudantes haviam tirado do lugar durante a festa. Aquilo colocava em desordem o seu feng shui. Sobre a mesa percebi que Ana havia deixado um prato com torradas integrais, claras de ovos e um copo grande de suco de laranja, a mesma refeição matinal de sempre.
- Bom dia Ana, como foi o dia de folga? perguntei enquanto pegava uma torrada.
-Bom. -Disse ela sem olhar para mim, enquanto continuava a arrumar. Ela não era muito de falar pela manhã.
Enquanto tomava um gole de suco olhei pela janela da cozinha em direção ao jardim dos fundos e finalmente descobri de onde vinha o tal barulho que havia me acordado. A alguns metros dali um homem de baixa estatura e com um chapéu enorme na cabeça conduzia um velho aparador de grama.
-Ana, quem é ele? Por que está aparando nossa grama?
Ela pegou uma tigela, encheu de sal em seguida guardou no armário.
- "É novo jadinero, chamei ele já que você mando jadinera embora"-disse ela com seu sotaque engraçado.
-Mas Ana, eu já conversei com ela, e ela vai voltar a trabalhar aqui.
Ela girou a tigela em sentido anti-horário três vezes e passou apanhou o próximo objeto.
-"Então vai lá fala com ele. Não vo despedi jadinero."- disse sem nem ao menos olhar para mim.
Terminei meu café da manhã e fui até o jardineiro. Quando me aproximei, percebi que o homem na verdade já era um idoso, pra la dos 60 anos de idade. Quando já estava bem próximo ele, percebendo minha presença, desligou o aparador.
-Bom dia meu Senhor. Posso ajudá-lo em algo?-Disse ele tirando seu chapéu de palha fazendo uma reverencia.
Encarei aquele par de olhos cansados, desgastados pelo tempo.
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O Cara
RomanceBrandon Fletcher é herdeiro de uma enorme fortuna. Além de um excelente quarterback e viver em uma mansão rodeado por carros de luxo, festas e garotas lindas, também possui uma aparência invejável. Se isso não fosse o bastante, ainda é extremamente...