Capítulo Vinte e Dois

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Ações de Graças

Na manhã Seguinte acordei num pulo. Apanhei meu celular e vi que já passavam das 07:30. Estava completamente atrasado. Vesti a primeira roupa que encontrei pela frente, apanhei minha mochila e desci as escadas correndo.

Cheguei na cozinha e vi Ana organizando algumas coisas no armário. Procurei as chaves do meu carro no balcão porém não encontrei.

-Ana, onde estão as chaves do meu carro?

-''Só um minuto''. - Disse ela calmamente.

-Ana eu não tenho um minuto!, estou atrasado, anda logo!

Ela continuou olhando para o armário e apontou para o lado.-''Olha geladeira''.

Comecei a vasculhar em cima, ao lado e até embaixo da geladeira em busca das minhas chaves mas sem sucesso.

-Ah, Qual é Ana, não vai me dizer que guardou minhas chaves dentro da geladeira por causa dessa sua droga de Feng shui! Eu preciso delas agora!

Ela parou a organização. Notei em seus olhos que havia ficado chateada pela critica ao feng shui. Ela apontou novamente para a geladeira, mas dessa vez prestei atenção e vi que ela apontava para o calendário. Depois de analisa-lo com calma, percebi o que ela estava tentando me dizer. Era dia 26, sexta feira, dia de ação de graças. Era feriado. Ainda em silêncio, Ana voltou a organizar as coisas. Aquilo me remeteu ao dia que havia gritado com Sarah no jardim e da minha horrível tentativa de pedir desculpas. Por mais que eu ainda fosse péssimo nisso, senti que precisava tentar de novo.

-Ah, olha Ana, me desculpa.. eu ando meio estressado com algumas coisas que estão acontecendo, mas enfim, nada disso é culpa sua, eu não deveria ter falado com você dessa forma, me desculpa.

Ela sorriu. Aparentemente minha tentativa de pedir desculpas havia sido satisfatória. Ela apontou para a bandeja em cima da mesa

-Seu café ta pronto.-

Me aproximei apanhei a bandeja, me despedindo dela com um beijo no rosto.

-Obrigado Ana.

Ela estranhou meu gesto carinhoso mas ficou com o rosto corado e soltou uma risada.

Voltei para o quarto, coloquei a bandeja ao lado e me joguei na cama ligando a TV. Depois de acordar desesperado, era confortante saber que aquele dia era feriado. Olhei meu celular e vi que havia recebido uma mensagem da vidraçaria. Depois de ter deixado Sarah em casa no dia anterior, havia passado um tempão na vidraçaria mostrando o projeto para o Sr. Gilbert, o dono da loja, que além de simpático, possuía um verdadeiro dom para lidar com vidros. Na mensagem, o Sr. Gilbert havia dito que haviam feito todo o trabalho durante a madrugada e a estrutura de vidro já estava pronta para ser entregue. Enquanto lia, recbi outra mensagem.

''Que tal aproveitarmos esse feriado para adiantarmos a reforma da casa na árvore? Responda se estiver afim''.

Sarah''

Foi inevitável não sorrir. Sarah não era do tipo de garota que dizia coisas como ''Oi Estou morrendo de saudades'' ou ''Oi que você esta fazendo?'' A cada cinco minutos. Ela nem ao menos mandava um 'beijo'' no final de suas mensagens. Depois de passar vários anos cercado de meninas grudentas, Sarah era de longe a melhor garota que eu já havia conhecido.

''Topo. Te busco ao meio dia?''.

-

''Fechado''.

Aproveitei aquela manhã para assistir algumas séries e jogar um pouco de video game. Duas coisas que me distraíam e me faziam esquecer um pouco dos problemas. Depois de um tempo o interfone tocou e Ana me disse que o pessoal da vidraçaria estava na porta. Recebi a equipe e os conduzi até o jardim. Eles vieram preparados e em alguns minutos instalaram o teto de vidro na casa da árvore.

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