O Cara

Capítulo Quinze

                                                                                     Legumes Orgânicos

Bati a porta do carro e liguei o som no ultimo antes de pisar fundo. Tinha de chegar em casa antes que Sarah terminasse seu trabalho e fosse embora. Precisava falar com ela sobre o que Saymon estava fazendo. Por mais que o vínculo entre eles dois fosse forte eu sabia que Sarah não concordaria com aquilo. Por um instante perdi a noção da realidade. Pensei que talvez fosse Sarah quem tivesse fornecido a Saymon aquelas informações sobre mim, afinal, entre eles dois não deveriam haver segredos certo? Não. Isso não poderia ser verdade. Eu havia confiado em Sarah para contar meus segredos e sabia que ela não iria contar a ninguém.

Estacionei meu carro na entrada da mansão e corri para o jardim dos fundos. Olhei ao redor e avistei Sarah ajoelhada próxima ao canteiro de rosas, regando-as. Ela cantarolava uma melodia que eu imaginei ser de algum filme da Disney. Permaneci ali em silencio admirando o modo como ela ajeitava seus cabelos e sorria enquanto regava e cantava para rosas até que meu nível de nervosismo subitamente desapareceu. Depois de alguns instantes ela percebeu minha presença.

-Ei você está ai. Deveria ser mais barulhento quando chegar sabia?

Eu sorri.

Foi mal.- Olhei ao redor e vi diversos sacos pretos repletos de mato e algumas tranqueiras que estavam jogadas pelo jardim.-Parece que você esteve bem ocupada por aqui.

-Eu só dei uma organizada básica, ainda falta bastante, mas por hoje acho que fiz um bom trabalho. Disse ela retirando suas luvas.

Olhando para ela pude ver o suor em sua testa. Chequei em minhas memórias mas não me lembrava de já ter visto uma garota trabalhar até suar.

-Com fome?- perguntei.

Ela me encarou.

-Sinceramente?

Acenei que sim com a cabeça.

-Estou faminta, comeria um boi agora se não fosse vegetariana.

-Que bom.por que você vai jantar comigo hoje.

-Sério? Disse ela cruzando seus braços.-E se eu não quiser?

- Eu demito você.- Disse fazendo uma falsa expressão séria.

Ela sorriu.

-Certo. Será que posso pelo menos ir para casa tomar um banho e tirar essa terra das minhas botas ?

-Claro que pode, aliás, deve. Não gostaria de jantar com uma garota que estivesse mais suja do que eu, sabe...isso acabaria com a minha masculinidade.

Sarah cerrou seus olhos como se dissessem "você me paga".

-Te vejo mais tarde então senhor limpinho.- Disse ela apanhando sua mochila.

-Ei espera. Você não quer uma carona?

- É uma oferta tentadora, mas não obrigada. Preciso passar na casa de um amigo que mora aqui perto antes de ir pra casa. Acho melhor enquanto isso você ir tomar um banho também pois não está tão cheiroso quanto pensa.

-Ah Qual é, todas as garotas amam o cheiro do meu suor, até brigam pra ver quem vai lavar minhas meias.

Sarah fez uma expressão de nojo

-Essas garotas precisam de tratamento.

-Eu sei disso, inclusive -comecei a revirar os bolsos.- ando sempre com esses cartões de um psiquiatra e distribuo pra elas.