Capítulo Sessenta e Dois

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A última chance


O trajeto até a mansão naquele dia foi completamente diferente de todos que já havíamos feito juntos. Ao começar que pela primeira vez nosso passeio não teve nenhuma trilha sonora. Por mais que eu quisesse fazer com que Sarah se lembrasse das coisas que fazíamos juntos na esperança de que o amor que ela sentia por mim renascesse das cinzas como uma fênix, optei por ir devagar. Depois de tudo que havia acontecido eu sabia que não poderia simplesmente querer retomar tudo da onde havíamos parado. Após ela me questionar, expliquei à ela resumidamente como eu havia recuperado a herança do meu avô, é claro, como eu estava tentando causar uma boa impressão decidi ocultar a parte que eu quase havia matado meu tio. Pensei em perguntar a ela como havia sido no Canadá, mas eu não tinha certeza se queria ouvir detalhes sobre a vida dela com o meu mais novo rival. E foi então que depois disso, ambos permanecemos calados, como dois estranhos. Por fim, depois de alguns minutos ela quebrou o silêncio.

-Porque agora você dirige como uma pessoa civilizada?

A pergunta dela me pegou de surpresa. Até então eu não tinha reparado mas ja fazia um bom tempo que eu havia começado a dirigir como uma pessoa normal. Ainda quando morava com Eric, por algumas vezes me ofereci para levar Dollores para suas consultas no hospital de carro o que é claro, não me permitia dirigir com tanta imprudência pois ela já era uma pessoa de idade e provavelmente poderia ter um ataque cardíaco por andar em um carro a 100km por hora em plena cidade. Além disso, por diversas vezes quando levamos as crianças da ong para passear eu havia levado algumas delas no meu carro, e foi então, que de uma forma muito sutil eu me adaptei a dirigir com mais cautela. Por mais que esse fosse o real motivo, naquele momento pensei em dizer algo.

-É que eu não estou com pressa para que esse passeio termine.

Mantive meus olhos fixos na estrada, mas assim que olhei de relance percebi que ela havia sorrido.


***


Assim que estacionei em frente a mansão Sarah desceu do carro correndo e abriu a porta. De cara eu não soube porque ela saiu correndo tão depressa. Pensei que fosse porque estivesse apertada e quisesse ir ao banheiro ou então simplesmente para subir na casa da árvore rapidamente sem que eu estivesse por perto para assim não poder olhar para o seu bumbum, afinal ela estava comprometida, porém assim que entrei a encontrei na cozinha imóvel.

-Onde está a Ana? Vim correndo para dar um abraço nela.

-Ela se foi.-Disse, num tom fúnebre.- Voltou para sua terra natal assim que meu tio tomou a mansão para ele.

Pronunciei aquelas palavras com certa dor. Ana era como uma mãe para mim e eu é claro, sentia muita falta dela. Sarah por sua vez sabia muito bem disso e fechou sua expressão.

-Eu sinto muito.

-Tudo bem -Disse, apanhando uma frigideira que estava pendurada da parede e comecei a girá-la como um chef profissional. - Sabe, com isso eu até acabei descobrindo que mando bem na cozinha.

Ela riu.

-E tem alguma coisa que você não manda bem Sr. Fletcher?

Ela provavelmente esperava que eu sorisse, e que logo em seguida fizesse algumas das piadas antigas que eu costumava fazer sobre ser a pessoa mais incrível e habilidosa do universo, entretanto, naquele momento eu só pude pensar em tudo o que havia acontecido nos últimos anos, e em todas as coisas que eu havia feito que resultaram em fazer com que a mulher da minha vida agora estivesse bem ali, diante dos meus olhos, tão perto de mim, mas ao mesmo tempo tão distante. Fechei minha expressão ao olhar nos olhos dela.

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