A casa na árvore
Depois de acompanhar meu tio até saída, Sarah e eu seguimos para o jardim na parte de trás da mansão. A conversa com meu tio havia mexido com as minhas emoções de uma forma tão intensa que por alguns instantes me esqueci que Sarah estava ali.
Ela era uma garota inteligente. Havia percebido que alguma coisa ruim estava acontecendo, mas mesmo assim preferiu não tocar no assunto, o que de certa forma me passou ainda mais segurança, pois ao contrário das outras garotas curiosas que sempre queriam saber de tudo, Sarah era extremamente cautelosa e respeitava meu espaço. Após alguns passos ela parou de andar. Ao fundo era possível escutar os alunos gritando enlouquecidos ao som da musica eletrônica.
-Por que não tem ninguém aqui?
-Esse é um lugar da casa que eu prefiro manter intacto. Como os estudantes tem fama de destruir tudo por onde passam, não dou permissão para ninguém entrar aqui.
Sarah fez uma expressão pensativa. Olhou ao redor e por fim avistou o canteiro de rosas. Ficamos observando-o por cerca de um minuto, imóveis, sem pronunciar uma palavra sequer. Me perguntava o que se passava na cabeça dela e pensei que provavelmente ela estivesse tendo um flash back do dia anterior e do meu surto em relação as rosas. Por fim ela quebrou o silêncio.
-Posso te ensinar uma coisa?
Fiquei surpreso com a pergunta mas não hesitei.
-Claro.
Ela estendeu sua mão e segurou minha, me conduzindo em direção ao canteiro de rosas. Dos passos que dei em seguida não me recordo, pois no instante que senti suas mãos tocarem as minhas pela primeira vez, tudo ao meu redor desapareceu. Todas as preocupações que poucos segundos atrás me consumiam, desapareceram, restando apenas o calor entrelaçado em nossos dedos. Assim que nos aproximamos do canteiro Sarah soltou minha mão e agachou em frente as rosas. Percebi que ela procurava por algo.
-Achei! Olha, bem aqui!
Me agachei e olhei na direção que ela apontava. Era a folha de uma das rosas com pequenas mordidas. Aproximei minha mão para tocar na folha mas Sarah deu um tapa antes que eu pudesse tocar.
-Eu não faria isso se fosse você. Essas são mordidas de lagartas, provavelmente das amarelas. Por onde elas passam geralmente soltam alguns pêlos que em contato com a pele causam queimaduras bem dolorosas. Acho que uma ferida nos seus dedos seriam bem prejudiciais para o seu rendimento como quarterback.
Recuei minha mão e sorri para ela.
-É, eu gosto de desafios mas nem tanto assim.- sussurrei
Ela olhou entre as folhas procurando por mais alguma coisa.
-Elas provavelmente estão descansando em algum lugar por aqui. Esse tipo de lagarta gosta de se alimentar das flores durante a noite e durante o dia se agrupam com outras lagartas.
Imaginei uma reunião de lagartas de barriga cheia.
-Como uma festa?
Ela riu.
-Isso Brand, como uma festa. Provavelmente elas estão aqui por perto. Seria bom se a gente encontrasse elas antes que anoiteça e elas venham devorar suas rosas.
Achei aquilo incrível. Não o conhecimento que Sarah tinha sobre flores e as lagartas, claro isso era incrível também mas eu já sabia o quanto ela era inteligente e fissurada por biologia. O que realmente me impressionou foi sua preocupação com aquelas rosas. Ela sabia que elas eram importantes para mim, e mesmo sem saber o porquê de serem tão especiais, se dispôs a ajudar a cuidar delas sem pedir nada em troca. Um ato que eu a tempos não presenciava e muito menos colocava em prática.
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O Cara
RomanceBrandon Fletcher é herdeiro de uma enorme fortuna. Além de um excelente quarterback e viver em uma mansão rodeado por carros de luxo, festas e garotas lindas, também possui uma aparência invejável. Se isso não fosse o bastante, ainda é extremamente...