A Srta. Yorkshire
Era por volta das 07:00 da manhã quando fiz uma curva a 90km/h na esquina da rua da universidade. Cara como eu adorava o barulho do motor do meu dodge v8. O rock estava no último volume e eu imitava com a boca a parte do solo da guitarra. Ao chegar na Universidade estacionei na minha vaga exclusiva de capitão do time. Desci do carro e tranquei a porta. Enquanto vestia minha jaqueta de couro percebi que um grupo de garotas me observava. Ignorei. Não estava nem um pouco afim de dar bola pra nenhuma garota naquela manhã.
Ao entrar na sala, uma surpresa. Sarah não estava lá. Geralmente ela a primeira a chegar pois sempre gostava de esclarecer algumas dúvidas antes da aula começar, mas enfim, agora aquilo não fazia muita diferença, afinal, além de possuir um namorado eu já havia mostrado para ela que era um cara estúpido e insensível, e certamente ela não iria mais virar meu caderno. Pouco importava.
Foi só durante a explicação do funcionamento dos órgãos respiratórios que Sarah chegou. Era o primeiro atraso da vida dela. Dava pra notar, pois ela não sabia muito bem o que fazer. Por mais que a porta estivesse aberta e sua carteira estivesse vazia, ela, ainda tremendo olhou para professora.
-Posso Entrar?
- É claro que pode Sarah. Sente-se.
Sarah rapidamente ocupou seu lugar. Toda apressada foi abrindo seu caderno e copiando a matéria que estava na lousa na velocidade da luz. Sabia que ela tinha uma caligrafia bonita, já havia visto quando ela escrevia seu nome completo na lista de chamada, mas naquele momento sabia que certamente sua letra deveria estar ficando mais parecida com um relato de um homem das cavernas.Suas mãos suavam, o nervosismo era evidente. Mas não parecia ser somente pelo fato de ter se atrasado.(Por mais que fosse seu primeiro atraso)Então notei algo. Sua mochila estava lotada, enorme, e um dos pares de luvas que ela estava usando no dia anterior estava caído no chão. Sarah estava com seu uniforme de jardineira na mochila.
Pensei em dizer para ela que a luva estava no chão para evitar qualquer tipo de constrangimento para ela, mas era tarde demais, pois Lucy, a garota mais mesquinha da Universidade passou por ali naquele exato momento e acabou pisando na luva da Sarah.
-Meu Deus! O que é isso? - Exclamou Lucy como se tivesse visto um E T.
A sala inteira parou para prestar atenção em Lucy, que se abaixou e apanhou a luva antes que Sarah pudesse pegá-la.
-Nossa,- disse segurando a luva com certo nojo - acho que alguém aqui andou frequentando um brechó-
Houve gargalhadas de alguns alunos. Lucy não era tão engraçada mas tinha um tom tão irônico que contagiava a todos. Ela olhou para Sarah.
-Acho que sei o que é isso. É uma daquelas luvas de jardineiro não é?- Sarah estava paralisada. Lucy continuou - Lembro que meu pai contratou um jardineiro a vez para cuidar do jardim da nossa mansão na Califórnia e aquele pobre coitado que não tinha nem aonde cair morto usava um par de luvas semelhantes a essa.
Ela fez uma pausa, fitou seus olhos maléficos nos olhos aflitos de Sarah e com seu tom irônico fingiu estar completamente surpresa. O que?? NÃO BRINCA! É serio? Você é uma jardineira?- A professora tentou interromper. - Já chega Lucy!- mas ela fingiu que não ouviu e continuou falando. -Olha, porque se for, a gente bem que está precisando de uma jardineira lá em casa! O jardim está precisando de um bom trato, principalmente por que meus cachorrinhos andam fazendo cocozinhos em tudo. Ah mas não se preocupe pagamos muito bem, afinal somos ricos. - as amigas patéticas de Lucy puxaram um coral de gargalhadas-.
Sarah estava completamente fora de si. Não expressava nenhuma reação. Pensei que ela iria retribuir os "elogios" de Lucy para fazer com que ela parasse mais isso não ocorreu. O pior é que sabia que Lucy não iria parar. Pelo menos não enquanto tivessem pessoas rindo do showzinho dela. Meu sangue estava fervendo. Meus dedos batiam incessantemente na carteira. Foi então que algo me veio a cabeça e então comecei a falar.
Já chega Lucy! Para de amolar a garota e me dê logo a minha luva. - a sala ficou em silêncio.
-O que ? Como assim? Essa luva aqui é sua? Não creio.
-É claro que é. E acho bom você tirar suas patas dela, pois é uma lembrança que meu falecido avo me deu quando me ensinou baseball.
A sala riu quando eu disse "patas" e ela ficou muito sem graça.
-Ta mais se é sua...por que você você carrega esse trapo com você?
-Em primeiro lugar, trapo é isso ai que você chama de cabelo - disse apontando para seu cabelo castanho com luzes platinadas- Que por sinal me lembra muito os pelos de um yorkshire. - Mais gargalhadas - E em segundo lugar eu carrego essa luva pois ela me da sorte nos meus jogos e temos um grande jogo hoje não é mesmo galera?- Iriamos jogar contra os RydeCasts naquele dia, nosso principal rival então Todos os alunos gritaram entusiasmados.
-" É ISSO AI BRAND!" VOCÊ É O CARA!" " VAMOS VENCER!!!".
-Silencio por favor!!! Gritava a professora.
Olhei para Lucy dei meu famoso sorriso sarcástico. Sua cara de derrota me fez gargalhar por dentro.
-Mais alguma pergunta Srta. Yorkshire?
Ela jogou a luva no meu peito com toda sua força ( que não era muita).
- Idiota.- e saiu da sala resmungando.
A turma ainda fez " uuuuuhhhhhh " enquanto ela saía mas por fim o silêncio reinou novamente. Sarah agora me encarava. Seus olhos ainda brilhavam por conta das lágrimas que estava segurando. Finalmente ela deu um suspiro de alívio e sorriu. Mais uma confissão: Aquele foi o sorriso mais puro e sincero que já havia presenciado em todos meus dias de vida. Ela não disse nada, mas pude entender tudo. Ela queria apenas dizer "Obrigada".
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O Cara
RomanceBrandon Fletcher é herdeiro de uma enorme fortuna. Além de um excelente quarterback e viver em uma mansão rodeado por carros de luxo, festas e garotas lindas, também possui uma aparência invejável. Se isso não fosse o bastante, ainda é extremamente...