Uma Festa

447 49 5
                                    

-Vaca. Ainda tá doídinha por que eu brinquei com a Barbie e ela não. Quem guarda mágoa por 9 anos? Só podia ser uma idiota mesmo.

-Bia, eu vou sozinha? Sério isso?

-Quê? Não posso fazer nada se ela não quis ter a honra da minha presença na festa dela.

-Por que nunca se desculparam, hein? Idiotas. Agora tenho que ir sem a minha melhor amiga. O que será de mim?- fiz uma cara dramática.

-Pois é. Mas Jack vai, vou obrigar ele a ficar de olho em você. Falando nisso, trate de ficar de olho nele também.

-Por que? Ele já pediu pra ficar com você várias vezes e você não disse nada.

-Shiu. Não importa. Fique de olho e ponto.

Eu ri. Bianca é muito esquisita.

-Mesmo que tenha alguma coisa, só pode ser com a aniversariante. - eu disse apontando o Jack sentado, recebendo o convite da Helenna, que estava quase se jogando em cima dele.

Bia começou a xingá-la. Tive que segurá-la para não ir até lá fazer alguma maluquice.

Daisy veio até mim me perguntar se eu tinha sido convidada também. Mostrei o convite como resposta e ela sorriu.

-Se quiser minha ajuda pra escolher a sua roupa, pode pedir! Vai lá em casa e a gente olha umas coisas na internet, ou então eu posso te emprestar alguma coisa minha.

-Mas e pra daqui a 30 dias!- eu disse rindo.

-Dã. Claro que sim, mas quem liga?

Acho que não falei, mas Day morava bem perto da minha casa. O condomínio dela era do lado do meu. Dava para ir andando.

-Okay.- disse. Ir pra o condomínio da Daisy não era muito frequente, mas era bem legal lá. Logo quando me mudei para o meu, o condomínio dela começou a ser construído, isso uns 6 anos atrás.

Os dois próximos horários eram de apresentações. O primeiro, de história. O segundo, de inglês. Eu a-d-o-r-o inglês. Sério, eu amo muito. Queria ser norte-americana...

O professor chegou pouco depois, e as apresentações foram um lixo. Na verdade, ninguém tinha lembrado que tinha trabalho para hoje. Só a minha equipe (Jack, Vicki, Helenna e eu), e a do Caio fizeram alguma coisa que se preze. Eu era bem esquisitinha apresentando, tropeçava nas palavras, trocava as frases de ordem, ficava ainda mais nervosa quando riam de mim. Mas com o tempo, comecei a treinar a minha capacidade de estabilidade em público, e hoje não fui nada mal.

O horário de inglês foi incomum. A professora ordenou silêncio e logo disse que o trabalho seria diferente: cada fila seria um grupo (em cima da hora assim, nem dava pra mudar de lugar), e então, ela escolheria um texto em inglês e iria ler uma palavra para cada fila, uma de cada vez, e quem soubesse, iria até o quadro escrever sua tradução. Se estivesse certo, ponto. Se não, outra fila ganharia em dobro se acertasse.

Todos tensos, duas filas contavam com nerds, outras estavam por si só. Eu não me considero nerd por que sou suspeita para falar (hehe, realmente sou boa em inglês). A professora apontou a minha fila, a primeira do lado esquerdo da sala e leu bem alto e claro: Behavior.

Eu me levantei com força, corri até o quadro e escrevi em letras garrafais: "Comportamento".

Acho que exagerei, por que todo mundo me olhou como se eu estivesse humilhando eles. Ninguém sabia? Eu pensei que seria tipo, muita gente se levantando de vez e tentando escrever ao mesmo tempo no quadro, então se eu fosse a mais rápida, ia ganhar. Mas sou a única. Eita. Corei e voltei tímida para o meu lugar. Um ponto para a minha equipe, a fila ao meu lado se reuniu com o livro para procurar o que significava a sua palavra, e assim foram com as outras filas, segunda, terceira e quarta, mas na quinta, quando a professora leu "Realize", o Felipe foi até o quadro lentamente, e escreveu " perceber " na lacuna da sua fila cinco. Eu sabia essa, mas realize é uma palavra difícil, e pelo visto o Felps sabia, e sem ver pelo livro. Realmente, ele tem que ser bem inteligente. Por que ele tira notas péssimas, não presta atenção nas aulas, mas quando o professor lhe pergunta algo repentinamente, ele sempre acerta. Nunca entendi isso.

Basicamente, o resto da aula foi uma guerra indireta entre nós dois. As outras equipes também respondiam certo na maioria das vezes, mas antes disso, discutiam a resposta entre si. Quando a vez da primeira ou da quinta fila chegava, nós dois nos levantávamos em um piscar de olhos até o quadro. Acertamos todas as palavras, e no final, nossas filas empataram com dez pontos cada, e as outras com 9 à 7.

O sino tocou, mas eu não ouvi. Só continuei lá, parada, enquanto todos saíam apressados. Só eu tenho 13 anos na minha sala? Bianca tem 14, junto com a maioria. Poucas meninas como Helenna já estão fazendo 15 esse ano. Meu aniversário ainda é em novembro! Que droga... As pessoas podem pensar que eu já tenho 14, né? Ninguém vai ficar sabendo do meu aniversário mesmo.

Saí da sala e desci a rampa.

Jack me parou no meio dela, impedindo a passagem com os braços bem abertos e me encarando com seus olhos azuis/verdes bem arregalados.

-Oi?

-Mell, você vai pra o niver de Helenna, né? Posso ir com você? Tipo, você pode me dar carona?

-Quêêêêê????

- Não tenho quem me leve, você mora perto e Bianca me pediu pra eu ficar de olho em você.

-Não leva isso a sério, e nem é perto assim, na verdade é até longe levando em consider...

-Porfavorporfavorporfavor eu faço tudo o que você quiser naquela festa peloamordedeus.

Tudo o que eu quiser?

-Que cara maléfica é essa? Mell? Responde!

-Você vai me ajudar no que eu precisar, okay? Mesmo que pareça maluco, estranho, loucura, mas você vai me ajudar se eu te der carona, né?

Os 26 Planos da Minha AdolescênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora