Mudança de Escola

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------Felipe------

Meu nome é Felipe... 13 anos, quase 14. Nada a declarar. Pense em alguém normal, e misteriosamente (uau!), essa pessoa vai ser eu. É uma droga mudar de escola. Não conhecer ninguém e não ter de quem zoar, por que todos estão ocupados, te zoando. A primeira coisa que pensei quando cheguei naquela escola foi: WHAT THIS FUCK? Nem um pouco comparável à aonde eu estudava antes, no Rio de Janeiro. Um lugar com uma estrutura bem maior, mais amplo, com mais alunos. Com cara de escola. Aquilo ali parecia um projeto de coisa nenhuma. Nem sei como descrever. Minha mãe, como sempre, estava em altos papos com a coordenadora. Eu estava me atrasando.

-Mãe.-interrompi a conversa.

Ela pediu desculpas, se explicou, disse que precisava ir e a coordenadora me mostrou a minha sala. Irônico, não? Como se a sala fosse minha. Na verdade, ela já era de mais uns 45 alunos enturmados, de boa com a vida, e eu era o estranho ali. Abri a porta.

-Desculpe, estou atrasado.

Toda a sala me olhou. Droga. Droga de pessoas que me faziam ficar nervoso. Entrei tentando passar despercebido, e me sentei numa das cadeiras vagas do fundo. Passei os olhos pelos rostos ali. Uns pareciam simpáticos, outros cansados, outros zoeiros. Percebi que uma garota ruiva me encarava. Eu só havia conhecido uma ruiva em toda a vida. Ela era filha de um dos amigos dos meus pais. Não era muito bonita de rosto e corpo, mas eu já a achava atraente só pelo fato dos seus cabelos serem vermelhos, uma cor incomum. A ruiva diante dos meus olhos era mais bonita, em vários sentidos. E os seus cabelos eram de um tom diferente, mais para... Como dizer? Laranja escuro? Ela se virou para frente. Assim que me sentei, ainda desconfortável, o professor perguntou meu nome.

-É Felipe Harvard-disse.

Ele riu. Todos riam quando eu falava meu nome.

-Harvard? Quer estudar em Harvard, Felipe?

Obvio, não?

-Todo mundo quer.

Nessa hora, voltei os olhos para a ruiva que vi antes. É incrível como o cabelo dela tem o poder de hipnotizar pessoas. Ela se virou de novo, e assim que viu que eu também a observava, voltou-se para a frente.

O resto da aula foi um tédio. Nem sei que assunto era, ou mesmo a matéria. Só sei que a garota sentada na minha frente se chamava Lola e tinha cara de ser bem legal. Pelo que vi, ela era amiga dos garotos, uma boa chance de eu me encaixar.

Quando o sino tocou, eu fui para o lado de fora, e Lola foi comigo. Me apresentou aos outros caras e logo, já estávamos conversando como se já nos conhecêssemos há um bom tempo. Os caras daquela escola eram mais ou menos como os da minha antiga escola, as únicas coisa que mudavam, eram seu jeito de falar e sotaque. O tempo todo diziam que eu falava esquisito. Daí eu tinha de explicar, que morava no Rio, que lá eles falam assim, etc. Mas isso não os impedia de me zoar.

Depois disso, a tiazinha disse que tinha umas coisas importantes pra falar pra a gente, nos obrigou a entrar na sala, disse que o professor faltou, falou um monte de coisas sobre a educação física da escola, que era opcional, etc. Fomos liberados pra descer. O legal (a única coisa) daquela escola é que tinha uma rampa, provavelmente feita para deficientes conseguirem subir. Mas não tinha nenhum, então todo mundo descia por ela. Quando desci, os garotos e a Lola foram pra um banco conversar com outras pessoas. Entre elas, a ruiva e sua amiguinha. Odeio essas patricinhas que se acham o máximo, e já deu para perceber que elas eram dessas. Sentei em outro banco e fiquei só observando. Droga de lugar. Se eu não tivesse tirado aquelas notas tão baixas ano passado, ainda estaria no Rio de Janeiro, e ainda teria meu celular. Passados alguns minutos, a ruiva e a amiga vieram para o meu lado, mas acho que não me viram, por que continuaram conversando empolgadas e rindo sobre alguma coisa. De repente, a ruiva me notou ao lado e Tácio (acho) veio na direção dela. A amiga foi embora, e Tácio passou o braço ao redor dela. O que eles tinham? Será que estavam ficando?

-E aí, Felipe? Já conhece a Melanie?

Melanie. Esse era o nome dela.

-O que você quer, Tácio?

Ela não parecia se bem com ele por perto. Pelo visto, não tinham nada e o Tácio que dava em cima mesmo.

-Vish, deixa de ser nervosinha! Tá de TPM, Mell?

Ela retirou o braço dele de trás dela e sorriu por educação antes de sair.

Os 26 Planos da Minha AdolescênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora