Os 26 Planos da Minha Adolescência

Os 15 Anos da Helenna

-Triste pelo Felipe? Por quê?

-Mell, seja racional! Felipe te adora, poxa! Desde que ele chegou aqui, você foi a única que se importou com ele! Por isso que ele ficou triste! Por isso que eu NÃO gosto do Gui! Não faz sentido?

Tudo o que ela disse foram como letras soltas ao vento. Não conseguia encontrar coerência nas suas palavras. Para mim, era impossível o Felipe gostar de mim. Impossível.

-Lola, eu entendo que seja natural que você queira que o seu melhor amigo fique com uma garota legal como eu, sem querer me gabar, né. Mas ele não gosta de mim.

-Como você pode ter certeza? Já perguntou pra ele de quem ele gosta?

Ahn... Não. Mas vou fazer isso e vou provar que ela está errada.

-Então esse é o segredo de vocês?

-Tire suas conclusões.

Por isso ele não queria me contar. Por que era vergonhoso que Lola falasse algo tão sem sentido. Não pode ser verdade.

Certo. Vamos pensar. Isso explicaria muita coisa. Ele ficar estranho comigo de vez em quando, ele não gostar do Gui, Lola ficar dizendo que eu já deveria ter notado algo, mas que eu sou lenta demais, Bia não poder me contar o que foi. Ah! Aquele dia em que eu dormi na hora do slide de geografia, que ele supostamente sentou ao meu lado e ficou mechendo no meu cabelo, daquele jeito que eu fiz com ele no início do ano. Realmente, tudo faz sentido. Eu vou perguntar a ele.

Quando a aula começou, sentei atrás dele.

-Felps?

Ele se virou lentamente.

-Oi, que foi?

-De quem você gosta?- as palavras quase não saíram.

Felipe corou.

-De ninguém.

-E por que você ficou vermelho se não é ninguém?

-Não fiquei vermelho.

Eu cheguei mais perto de forma que estava a centímetros dele. Ele parecia um pimentão.

Eu ri.

-De quem você gosta?

- Já disse que não é ninguém, para de me atormentar, garota!

Eu ri mais ainda.

-Lola me contou- eu falei em tom provocante. Se fosse verdade, ele daria importância, se não fosse, ele ia perguntar o que foi que ela disse e não ia entender.

Felipe agrregalou os olhos, entrando em pânico.

-Contou o quê???

-Contou.

-CONTOU O QUÊ???

-Não vou dizer. Você já sabe.

Felipe se virou para a frente e ficou desse jeito por um bom tempo.

-E o que você pensou disso?

Ele me perguntou bem depois, enquanto eu anotava o assunto no caderno, como sempre.

-Hã? Ah. Achei que não fosse verdade.

-Ótimo.- ele relaxou.

Eu sorri e ele também. Lola viu essa cena e disse alguma coisa no ouvido do Felps que o fez corar novamente.

-Não foi isso, ela nem sabe!

-Mas eu pensei...

-Graças a você, quase eu me ferro!

Eles estavam conversando bem baixo, mas eu ainda podia ouvir. Devia ser vergonhoso pra ele saber que eu penso que ele gosta de mim. Mas agora eu sei que não é verdade. Quando Caio estava convencido de que eu estava afim dele e me deu um fora do nada, eu fiquei com muita raiva, então entendo que ele tenha ficado desse jeito. Mas de qualquer forma... Felipe é um garoto muito legal. Qualquer menina que ele gostar vai ter muita sorte.

De repente, me peguei com ciúmes dessa "menina". Do mesmo jeito que fiquei com ciúmes dele com Bia no início do ano. Continuo ciumenta? Aff.

Enfim, o dia da festa chegou. Eu me admirava no espelho, passando a mão pelo meu lindo vestido preto, com detalhes de renda, que caía perfeitamente. Meu sapato tinha o maior salto que jamais usei em toda a vida. Meu cabelo caía em uma cascata de cachos pelos ombros e parava um pouco acima da cintura. A maquiagem me deixava mais velha, eu parecia ter 15 anos.

Dei uma volta ao redor de mim mesma mais uma vez, checando cada parte do meu visual, e animada, pois encontraria o Gui lá.

-Vamos?- minha mãe chamou- ainda temos que pegar aquele garoto em casa, como é mesmo o nome...?

-Jack- eu disse sem parar de olhar a minha linda imagem no espelho.

Entramos no carro, a minha mãe deu a partida e eu lhe dei o endereço da casa dele. Quando paramos em frente a ela, Jack já estava na porta. Engraçado como uma camisa social caía tão bem nele quanto a farda do colégio. Ele fica bonito em tudo o que usa. Se Bia estivesse aqui para ver, estaria babando.

Ele cumprimentou a mim e a minha mãe antes de entrar, e nosso caminho até o local da festa se fez em um silêncio completo.

O lugar estava lotado, foi difícil encontrar um lugar para estacionar. Na entrada, as luzes e o som entregavam a festa. Entregamos as nossas senhas ao moço e entramos, observando tudo lá dentro. A decoração estava incrível, em tons de azul claro, rosa e dourado. Helenna estava maravilhosa naquele vestido rosa bebê, seus cabelos loiros naturais caíam do lado esquerdo, emoldurando seu rosto sorridente. As pessoas paravam para cumprimentá-la e tirar fotos, eu e Jack fizemos o mesmo. A foto saiu linda, eu só me preocupei pelo fato de que eu e ele saímos juntos nela, Bia ficaria com ciúmes. Ah, quem se importa. Se não fosse por mim eles não estariam tão próximos agora. Assim que nos distanciamos, Jack sussurrou em meu ouvido:

-Você disse que eu tinha que te ajudar nessa festa...?

-Ah, sim. Primeiro, ache o Gui. E quando o encontrar, dê um jeito de levá-lo até mim, eu não quero ir até ele. Segundo: sabe aquele seu amigo, Rafael?

Ele fez que sim com a cabeça.

-Então, ele vem?

-Não sei.

-Se você o vir, me avise.

-Certo. Não sabia que você e Gui...

-Agora sabe. Vai lá procurar ele!

Jack saiu e já ia parando em uma das mesas de doces quando eu gritei:

-Foco! Come depois!

Ele deu tchau para a comida e foi em frente. Acho que ele é o menino mais comilão que já conheci.

Eu demoro um pouco para finalmente encontrar Lola e Felps, os dois estavam rindo de alguma coisa, conversando com os outros meninos da sala.

Me aproximo. Lola estava muito linda naquela roupa, e com maquiagem parecia outra pessoa. Felipe sorria do meu jeito preferido, e também estava charmoso vestido formalmente.

-Oi!- disse.

-Mell!!! Você está linda!- Lola me abraçou animada.

-Você também está de parar o trânsito!

Lola riu, e Felps me notou, finalmente. Ele me olhou de cima à baixo com uma expressão surpresa.

-Oi! O que foi?

-Nada. Você está diferente.

-Diferente como?

-De um jeito incrível.

Eu fiquei sem palavras. Felipe conseguia ser muito fofo.

Alguém me cutucou por trás, interrompendo nosso contato visual. Me virei e vi que era o Jack... E o Gui.