O Meu (nada comum) Aniversário de 14 Anos (parte dois)

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Ouvi batidas na porta e gritos histéricos. Só podiam ser minhas amigas.
Abri e abracei Bia, Lola (que pulou em cima de mim), Vicki e Cláudia e notei que Daisy ainda não tinha chegado. Aliás, esse negócio de marcar para ir todas juntas só podia ser coisa dessas loucas.

Logo que chegamos ao meu quarto, elas se jogaram na variedade de comidas gostosas que esperavam em cima de uma mesa improvisada. Conversamos sobre garotos, comemos até não ter mais espaço no estômago, trancamos a porta, desligamos as luzes, colocamos o som no máximo e dançamos como hipopótamos infartando. Eu ri tanto com elas que pensei que fosse explodir.

Eram 21:35, as luzes estavam ligadas novamente. Farelo de bolo, copos descartáveis vazios e amassados pelo chão, a mesa estava quase vazia. Todas nós estávamos jogadas em algum canto do quarto, postando as fotos que tiramos no insta, ou marcando umas às outras no twitter, ou coisa parecida. Daí a maçaneta do quarto simplesmente girou e um ser de um metro e sessenta e oito e olhos lindos entrou. As meninas soltaram gritos e se recompuseram no mesmo instante. Estávamos todas de pijamas, é meio estranho estar assim na frente de alguém do sexo oposto (na verdade eu nem ligo muito), então elas meio que brigaram comigo por não ter avisado que ele viria. Bem que eu já havia esquecido, já eram mais de nove horas, pensei que ele não fosse vir mesmo.

-Calma, calma, ninguém tinha me avisado que vocês iam estar nesse estado.- Rafa disse rindo.

-Eu nem me importo tanto, mas Jack ia ficar com ciúmes se soubesse...

-Meu Deus, a garota só pensa no namorado, TIRA ELE DA CABEÇA SÓ UM INSTANTE, BIANCA?

-Vicki, você também, só por que está ficando com Gui só fala nele, então não tem o direito de...

Todos os olhos do quarto se voltaram na direção dela nesse momento. Gui e Vicki desde quando? Ele é mesmo um cafajeste! Não acredito que ela caiu na dele.

-Eu n-nnão tenho nada com Gui, somos vizinhos...- Vicki tentava se explicar, gaguejando e evidentemente com medo da minha reação. Eu me senti mal por ela, justamente por que ele é muito idiota.

-Olha, relaxe. Se vocês tem algo, isso não é da conta de ninguém, né? E por mim está de boa. Sem ressentimentos.

Ela pareceu relaxar quando eu disse isso. Todo mundo se entreolhou e dentro de uns cinco segundos a atmosfera se tornou novamente leve, e então decidimos jogar verdade ou desafio. Se você pensou que eu sou uma daquelas pessoas que só escolhem "verdade", acertou! Tenho medo de me ferrar nos desafios, então prefiro sempre sacrificar algum segredo meu.

-Gente, mais uma vez lembrando que não vale perguntar merda, e por favor, peguem leve nos desafios- completei com um sussurro- meus pais estão aqui, "dormindo", mas qualquer coisa eles "acordam", então tomem cuidado...

-Relaxa, relaxa, garota! Você já tem 14 anos, né? Temos que marcar essa data.- Rafa disse dando tapinhas nas minhas costas.

-Espero que o seu conceito de "marcar datas" não seja algo parecido com o que eu estou pensando.

Ele riu.

-Pense como quiser. Ainda vou marcar a sua vida de algum jeito, então não me preocupo com isso agora.

O jeito despreocupado e sincero com o qual ele disse isso me fez me perguntar se ele gosta mesmo de mim ou só está brincando. Eu espero que não seja algo sério. Eu torço para isso. Não quero estragar essa amizade, logo agora que estou tão feliz por ter chances com Felipe de novo.

-Gente, vamos começar? Tem alguma garrafa de refrigerante vazia aí? Ah, espera, achei uma.

Sentamos em círculo no meio do quarto, mesmo apertados. Ainda tinha uma mesa ali, e comida em todo lugar. Sinceramente, coitada da minha mãe. Vai ter um infarto se ver isso.

Os 26 Planos da Minha AdolescênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora