Sinto leves toques no meu braço e abro os olhos para encontrar Harry com apenas uma toalha enrolada na cintura e o cabelo meio húmido. Sento-me na cama, mas logo me arrependo, porque uma enorme dor nas pernas e na barriga faz-se sentir. Gemo um pouco quando me mexo e Harry percebe isso.
"Vamos tratar já disso." Diz e agarra-me puxando-me para junto do seu peito. Andamos até à casa de banho e fico surpreendida em como a toalha ainda não caiu. "Dói muito?"
"Um pouco." Murmuro envergonhada por falar nisto.
Entramos na grande e branca casa de banho com uma janela que mostra a cidade coberta de nuvens escuras. A banheira está cheia de água, presumo quente e tem espuma. Nunca tomei banho numa banheira assim, mas já vi em filmes. Sorrio e olho para Harry, mas ele tem o rosto franzido enquanto olha em frente. Lentamente, pousa-me dentro da banheira e o calor aquece o meu corpo gelado. Harry vira costas e percebo que se vai embora.
"Onde vais?" Pergunto não querendo que ele me deixe aqui sozinha, não depois do que fizemos ontem e de ele me ter magoado muito.
"Vestir-me."
"Podes ficar comigo aqui, por favor?" Ele olha-me da porta e suspira antes de caminhar de volta. Senta-se na beira da banheira e acaricia o meu rosto suavemente, fecho os olhos ainda cansada. "Em que estás a pensar?" Brinco com a espuma.
Em ti." O seu olhar penetrante intimida-me, tal como no dia em que cheguei a sua casa. O Harry tem duas faces, tanto pode ser doce e divertido, como calado e frio. "A pensar na asneira que fiz."
"Eu sou uma asneira?" Fico magoada por perceber que ele pensa que eu sou uma asneira, Harry nega com a cabeça e coloca-se de joelhos ao meu lado.
"Não és. Eu é que sou uma asneira. Não devia ter-te adotado, nem feito todas estas coisas contigo."
"Estás arrependido?" Olho para a janela só para não o encarar e ele não ver que estou prestes a chorar.
"Não. E esse é exatamente o meu problema; não estar arrependido." Olho-o e mordo o lábio tentando aguentar as lágrimas.
"Porquê? Tu fazes parecer a nossa relação um erro, como se não fosse normal todas estas coisas, como se fosse um segredo. Porquê?" Disparo cansada de mentirinhas e segredos.
Em vez de receber uma resposta, Harry agarra o meu rosto e puxa-o delicadamente para perto do seu deixando-me sentir o seu sabor doce e amargo ao mesmo tempo. Os seus lábios calmos e reconfortantes fazem-me esquecer que queria chorar, fazem-me esquecer que ele disse que eu sou o seu problema, fazem-me esquecer completamente que tudo isto é uma grande confusão para a minha cabeça. A minha língua acaricia timidamente a sua, querendo mostrar que também gosto dele e disto que temos, por mais estranho que seja.
Ele afasta-se de mim deixando-me desamparada e sem contacto e vira costas começando a andar para fora da casa de banho.
"Eu amo-te!" Levanto-me desajeitadamente, não querendo que ele me abandone agora. - Eu ouvi o que disseste a noite passada. E também te amo.
Harry fica tenso e deixa a sua cabeça cair para trás suspirando pesadamente, passa as mãos pelo cabelo uma vez e vira-se mirando o meu corpo nu com vestígios de espuma, olho expectante, mas ele apenas nega com a cabeça e praticamente corre até mim. Agarra o meu queixo e beija-me novamente deixando-me sem chão. Harry entra dentro da banheira comigo e sentamo-nos, sem nunca quebrar o beijo que ambos necessitamos desesperadamente.
"Não digas isso novamente, Valentina."Ele fica numa ponta da grande banheira e eu na outra, parece uma distância enorme, quase colossal, o ar é irrespirável e apenas quero agarrar os seus cachos e ouvir os seus gemidos que são como música para os meus ouvidos.
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Valentina
RomanceUma relação proibida numa sociedade pragmática. Uma luta eterna pelo amor.