fourteen

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Caio perto de Harry exausta, as minhas pernas doem e ainda sinto alguma dor, lá. Será que nunca vai passar? Vai doer sempre? Todo o tempo tentei abstrair-me do desconforto e concentrar-me no toque suave de Harry que era sempre delicado. O meu corpo está envolto em suor e os meus cabelos uma confusão.

"Vai tomar um banho e veste-te. Vamos jantar." Harry diz subitamente frio e levanta-se. Fiz alguma coisa errada?

"O que fiz agora?" Pergunto baixo

"Valentina, faz o que eu te disse e sai. Preciso de ficar sozinho." Senta-se na beira da cama e apoia a cabeça nos braços que repousam em cima dos joelhos. Gatinho até perto dele, e toco nas suas costas nuas. Passo a minha mão no seu pescoço e deixo lá um beijo.

"O que se passa?" Pergunto deixando pequenos beijos no seu pescoço, abraço-o por trás e pouso o meu pescoço no seu ombro. O seu corpo nu está tenso, demasiado.

"O que se passa é que-" Corta-se a si mesmo e suspira pesadamente. "Eu estou a tornar-te nalguém que eu não queria que te tornasses." Confessa rápido e rude. Afasto-me, por momentos lembrei-me do Harry arrogante que me foi buscar ao lar.

"E o que quer isso dizer?" Pergunto. Ele levanta-se subitamente e mira-me. De repente, sinto-me tímida na minha consciente nudez, procuro enrolar-me no meu próprio corpo e tapar-me com as mãos. O seu olhar parece penetrar-me tão intensamente que sustenho a minha respiração.

"Quer dizer que eu não consigo continuar a fazer isto, não assim." Diz e entra na sua casa de banho.

A cama está a ficar fria e ele não está aqui, o futuro que continuo a imaginar não é claro mas não me sinto viva até que ele me beije fazendo o meu coração arder. Acho que estou tão absorvida com o Harry que me tornei dependente.

"Ainda estás aqui?" Chega da casa de banho, agora com umas calças, mas parece diferente. "Já te disse para saíres!" Subitamente grita e caio para trás na cama, agarro-me com força ao lençol e sou rápida a puxá-lo para fora da cama comigo, corro até à porta e entro no meu quarto fechando a porta com o trinco.

Largo o tecido e sento-me na minha cama encarando a parede. Porque está ele a ser assim? O que fiz de mal desta vez? Não compreendo. Há momentos atrás, ele estava completamente doce e calmo e de repente ficou nervoso e começou a gritar comigo. Saio do quarto com o vestido que vou usar a seguir e caminho rápido para a casa de banho, fechando-me lá. O meu duche é lento e demorado, deixo a água limpar-me por completo. Dou por mim a chorar, as lágrimas misturadas com a água e o aperto no peito fazem-me querer chorar mais. Isto não devia ter acontecido, não devia ter-me apaixonado pelo Harry. Ele tem razão, eu estou a tornar-me nas raparigas que as irmãs me disseram para me manter afastada. Eu deixei-o tocar-me em sítios que nunca ninguém tocou e disse-lhe coisas que nunca disse a ninguém. Abraço o meu próprio corpo e tento esfregar a minha pele, até que me doa e fique vermelha o suficiente para que tudo o que eu tenha feito seja apagado da minha memória. Mas nunca me consigo esquecer. É como se os seus beijos estivessem marcados na minha pele, cada toque e caricia parecem ainda presentes na minha mente. Não sou capaz de olhá-lo nos olhos, não quero que ele saiba no que estou a pensar, não quero ser descoberta. E se as pessoas na rua sabem o que fazemos? A Mary tinha razão, eu nunca devia ter feito isto, eu nunca o devia ter deixado tocar-me no dia em que cheguei.

Depois de demasiado tempo, saio do banho enrolando-me numa enorme toalha que me seca. Visto a roupa interior e o vestido que trouxe quando aqui cheguei e que continua a ser o meu favorito, apesar de ter mais dezenas deles. Volto para o quarto, dormente e calço-me e penteio o cabelo que está quase seco. Deixo-me cair para trás na cama e fico a encarar o teto pelo que parecem ser horas.

ValentinaOnde histórias criam vida. Descubra agora