Thirty

2.6K 188 17
                                    

Caminho para o carro de Harry e entro no mesmo, ele não me olha, apenas conduz em silêncio deixando-me nervosa. Agarro no telemóvel e vejo 13 chamadas perdidas do Louis. Tenho também algumas mensagens a tentar avisar-me que o Harry não apareceu no jantar e que deve ter-me seguido até onde quer que fosse esta noite. Mesmo que as tivesse visto não ia puder fazer nada, ele já devia estar atrás de mim desde do momento em que pus um pé fora daquela casa. Envio uma mensagem rápida ao Louis a dizer que ele me seguiu sim, e que já estava com ele, agradeço brevemente por me ter tentado ajudar e depois guardo o telemóvel tentando esquecer-me  dele no fundo do bolso.

"Então tu e o Louis estavam feitos para me enganar." Diz retoricamente e não me atrevo a encará-lo, mesmo que ele esteja com os olhos na estrada, ele ainda me intimida, mesmo que pouco, intimida. "Vocês devem achar que sou idiota, só pode. Eu percebi logo pela tua insistência que eu fosse ao jantar que ias fazer alguma coisa, fizeste o mesmo no dia em que escapaste para ir ao estúpido mosteiro."

"Como sabias onde eu estava?" Murmuro segundos depois.

"Segui-te." Responde simplesmente. "Estive sempre ali, no outro lado da rua a observar os teus passos e as tuas conversas."

"Desculpa." Sussurro e encaro-o para ver os seus olhos já fixos em mim. Ele não consegue concentrar-se na estrada, apenas me observa e diz algo de vez em quando, sempre com receio na sua própria  voz. "Estás zangado?"

"Não, Valentina." Suspira e aperta o volante nos seus dedos. "Estou desiludido. Que é completamente diferente."

Viro-me para a janela, coloco os pés em cima do banco e agarro-me ao cinto tentando adormecer e esquecer o quão triste o Harry está por minha culpa. Estou constantemente a pô-lo triste, sou uma destruidora de vidas.

"Amanhã cedo vamos para o aeroporto." Abro os olhos subitamente e viro-me para o encarar.

"Porquê?"

"Vais passar uns dias ao sul de França." Diz e franzo a testa em confusão. E as minhas aulas, a empresa dele, tudo? "Tu não estás bem e já percebi isso há muito tempo. Precisas de te afastar daqui uns tempos."

"Espera,'vais'? Tu não vens?" Ele alterna o olhar entre mim e a estrada e bafeja para a frente novamente.

"Ainda não sei."

"Não quero ir se não fores." Digo. "Não vou estar lá sem ti, não faz sentido."

"Se conseguiste vir até aqui sem mim, também consegues ficar sem mim uns dias." Raios. Ele está tão chateado.

"Harry, por favor, não me faças isto..." Imploro.

"Isto o quê?"

"Tratares-me assim; tão distante."

"Estás só a colher o que plantaste."

Rapidamente estamos em casa e ele sai do carro batendo a porta com força. Ofego cansada antes de sair também, mas acabo por segui-lo até casa, apesar de irmos em viagens de elevador diferentes sinto-me perto dele. Quando chego a casa, ele está a tirar as almofadas do sofá e deixa lá em cima uma de dormir e uma manta quente.

"O que estás a fazer?" Pergunto, ele nem se dá ao trabalho de olhar para mim e continua o que está a fazer.

"A minha cama."

"M-Mas a nossa cama é lá dentro." Sublinho o 'nossa' para que ele perceba o meu ponto.

"Vou dormir aqui e tu no quarto." Rapidamente tira a roupa do corpo e deixa-a no chão com raiva, atira-se para o sofá e tapa-se virando a cara para o lado oposto a mim. "Até amanhã."

ValentinaOnde histórias criam vida. Descubra agora